Viamos e não veremos | Page 4

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Companhias exclusivas de Commercio; quando se exclue algum ramo de industria, ou he opprimido com impostos. Quanto á propriedade que se adquire com a industria, póde ser prejudicada directa ou inderectamente pelas Leis da confisca??o; pela usurpa??o do poder administrativo nas cauzas civis; pelos emprestimos que tomasse o Governo sem huma utilidade evidente para o Estado; pelas pens?es concedidas sobre a divida pública fóra dos casos prescriptos pelas Leis; por impostos mal estabelecidos, ou que excedem as necessidades públicas."
Viamos e n?o Veremos, que se conced?o Privilegios até aos Cegos (que parece mesmo Privilegios de Cegos!) a hum ponto tal que os authorizasse para nas ter?as feiras fazerem aprehen??o em quantos Livros achassem á venda, ou, fossem ou n?o de particulares, e que a menor pena imposta, era, o perdimento d'elles, e 5$. de condemna??o!... Acabamos de saber em fim que elles se tem deixado (posto que a sua vontade fosse o contrario) de obstar aos rapazes que ao presente se occup?o (e que até he huma providencia; pois que a maior parte d'elles se occupava em tirar len?os) em vender folhetos, e Versos analogos á Liberdade Constitucional.
Viamos e n?o Veremos, que a huma pobre e honrada mulher lhe fosse prohibido vender huma saia, ou huma camisa com o risco de a perder, e ir parar ao Limoeiro.
Viamos e n?o Veremos, huma infame Proclama??o que dê o nome de--Rebeldes!!!--aos Heróes que no dia 24 de Agosto levantár?o pela primeira vez a voz da Raz?o, e do Heroismo sobre a Liberdade Constitucional.
Viamos e n?o Veremos, hum infeliz criminoso estar prezo quatorze annos ao fim dos quaes propor-se em Rela??o, e dar-se-lhe a escolher se queria morrer, ou ser carrasco! T?o infeliz quanto generoso, e de alma grande foi hum criminoso, que respondeo: Quero morrer, porque posto que eu com constancia tenha supportado quatorze annos de priz?o, n?o me acho com for?as bastantes para ficar o restante da vida com a obriga??o de ser algoz da Humanidade!
Em fim Viamos... Viamos... Viamos... e n?o Veremos... e n?o Veremos... e n?o Veremos... coisas que tanto nos fazi?o a vista turva, e que nos estav?o quasi fazendo cahir em hum perfeito Cáhos de escuridade; porém agora pelo contrario Veremos... Veremos... e Veremos... coizas que nos fa??o, e far?o a vista clara qual Linces, nossos gosos felizes, e affortunados... Em conclus?o:--Veremos, que assim como Portugal he nomeado, ou tido por--Paraiso na terra--nós o seremos por--Entes bemaventurados no Mundo.

Pensamentos, e Maximas proprias, e adequadas ás Idéas Intellectuaes, e Moraes do Homem.
Liberdade.
I. Diogenes, perguntado, que cousa havia melhor na vida, respondeo: A liberdade que perde o Avarento, em quanto se faz escravo de todos os vicios.
II. Empenhou-se Pericles a ter em sua companhia a Timon, e lhe fazia t?o grande partido, que lhe prometteo com grandeza tudo quanto lhe fosse necessario para passar a vida humana alegremente: Respondeo-lhe elle, que n?o vendia a sua liberdade.
III. Nunca usamos melhor da nossa liberdade, do que quando a sacrificamos á direc??o de pessoas, que h?o de responder necessariamente da authoridade com que della usár?o.
IV. Quem se lembrasse, que n?o foi dada a liberdade para della usar á descri??o das paix?es, mas só pelas regras do bom sentido, da raz?o, e das Leis, logo que se n?o sentisse com for?as para a levar por estes caminhos, a n?o querer despenhar-se, estimaria topar a quem quizesse carregar-se do contrapezo de responder por si e pelos outros.
V. Persuadia huma Hippócrates, que se passas-se para Xerxes, dizendo-lhe que era bom Senhor. Respondeo elle: Nem ainda de bom senhor tenho eu necessidade.
VI. A liberdade politica, he a que tem cada individuo da sociedade, n?o para executar quanto lhe fizer emprehender huma fantezia selvatica; n?o foi para isto, que nas primeiras conven??es se acordár?o os homens entre si de hum deposito commum de suas for?as relativas; mas he para gozarem toda a seguran?a de quanto lhes pertence, sem dever ser perturbado de outro seu igual, e similhante Feliz Estado, em que só se depende da Lei.
VII. A hum que invejava a fortuna de Aristoteles, por comer á meza com Alexandre, disse Diogenes: Melhor he a minha, pois Diogenes janta quando Diogenes quer; e Aristoteles quando quer Alexandre.
VIII. Non bene pro toto libertas venditur auro, disse Horacio. E o judicioso Falc?o introduz a hum rato muito invejoso de ver a outro em huma ratoeira rodeado de muito comer, e campo mui espa?oso para passear. Assim he lhe respondeo elle, porque n?o me falt?o iguarias, e este palacio t?o formoso para me divertir; mas amigo tomara-me eu daqui cem legoas.
IX. Diogenes, perguntado, que cousa havia melhor na vida, respondeo, que a liberdade: libertas.
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Se nós nos podêmos chamar felizes por observar-mos depois de hum Quadro t?o espantoso de passados males, hum t?o brilhante de bens presentes, e futuros bens; com melhor raz?o nos poderiamos chamar felicissimos se
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