Viamos e não veremos | Page 3

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Altissimo lá vai... sim lá vai a Embarca??o exposta a perder-se, e tantas vidas... tantas vidas... faz-se a Viagem, volt?o, e entr?o no Porto, donde sahir?o, que esperar?o estes homens?... Que se lhes pague o seu trabalho, e tanto mais quanto for?o obrigados a trabalhar; mas que succede? Demora-los a bordo immenso tempo, até que impacientados, nús, e miseraveis, e o que ainda he mais cruel, e duro, se tem mulheres, irm?os, ou pai, lembrarem-se de que estar?o morrendo á fome, sem elles lhes poderem valler, tendo aliás com que, pois tem ganho com tanto perigo huma soldada t?o diminuta,... e esta mesma se lhe nega... negava-se-lhe tudo... até a propria liberdade... N?o tem outro recurso sen?o fugir... fugio! Perdeo de huma vez os direitos a tudo quanto sobre as aguas do mar debaixo de procellosos aguaceiros tinha adquirido... (quando n?o perdia a vida como succedeo a hum infeliz de outros muitos, mas menos do que elle, que hi?o fugindo ha coisa de dois annos pouco mais ou menos, de bordo do Brigue--Tejo--que mandando o Commandante hum Escaller sobre a Lanxa em que hi?o fugindo sobre a qual atirár?o alguns tiros, do que resultou quando chegár?o á outra banda, acharem e Lanxa encalhada, terem fugido os que ficár?o vivos, e ficar hum infeliz morto!) Oh Santa Raz?o! Quanto estavas degradada entre os homens!... Mas gra?as mil, gra?as mil aos nossos Libertadores, ousamos assegurar, que será hum dos primeiros objectos digno da sua alta Considera??o, da sua Justi?a, Rectid?o, e Amor da Patria!"
Viamos e n?o Veremos, Leis que poss?o ter só o titulo de Leis Lisbonenses! Qualquer individuo podia ter huma Loja de Livros na Cidade do Porto (Cidade Illustre por onde principiou a dissipa??o destas trevas) em Coimbra, Evora, Elvas, &c. ou em outra qualquer parte do Reino. Apenas em Lisboa huma injusta representa??o (pois que as justas n?o as deixav?o chegar a seus ouvidos) feita a S. M. por hum ou mais Encadernadores, que nunca vivêr?o de vender Livros encadernados, mas sim de encadernar, dois objectos t?o differentes hum do outro, como he o de hum Ferreiro fazer pregos (seja-nos permitida esta express?o) e huma Loja de Ferragem vende-los; foi resolvida em Consulta no Rio de Janeiro, que só aos ditos Encadernadores fosse permittido vender Livros, do que resultou ao pobre e infeliz--Méchas--perfeito modello da actividade no seu genero, ser citado por elles Encadernadores, ent?o Juizes do Officio, ou para se examinar, ou fechar a Loja, e desta forma vir a perder hum estabelecimento, d'onde tirava subsistencia para si, e sua desgra?ada familia. Elle confessa, e até prova, que só huma ambi??o desmedida lhe poderia negar que elle n?o fosse activo para si, interessante para com seus Concidad?os, e de utilidade para os mesmos Encadernadores que tinh?o cavado a sua ruina: Em fim continúa elle: Ser-me-ha preciso abandonar a minha Patria para me ir estabelecer a hum Reino Estrangeiro? (o que tería feito sen?o fosse dar a entender a seus Credores que tinha dinheiro mettido em si) quando em Portugal n?o precisa ser Encadernador, mas basta ser Estrangeiro (ou que seu pai o fosse) para ter Loja de Livros?... Ser-me-ha estranho, ou intoleravel o andar eu, de dia e de noite, offerecendo Livros pelas Lojas de Bebidas, e Bilhares do Caes do Sodré, ensinando por este modo aos meus Patricios, que eu n?o me despreso de que com a mesma m?o com que escrevo para o Público (á falta de Escriptores) com essa mesma offere?o os Livros, e que ao homem nada está mal sen?o o mal proceder?... N?o dou eu que fazer aos mesmos Encadernadores? N?o tenho eu feito trabalhar as Imprensas, e obrigado a comprar, Livros com a minha industria a homens que apenas em outro tempo talvez se lhes n?o achassem meia duzia de Livros em casa, hoje em dia tem enchido as Estantes dos que a mim me tem comprado? Desenganem-se que isto de Livros, ou Leitura he hum vicio (vicio assáz louvavel, e interessante!) e que quanto mais ha quem venda Livros, mais Livros se vendem! Ainda que assim n?o fosse, aonde ha damno de terceiro, n?o póde haver contempla??o com certos individuos; pois que o bem geral deve prevalecer á utilidade de alguns. (Se he que n?o he huma utilidade mal entendida!) Finalmente huma grande, evidente, e decisiva prova sobre o serem prejudiciaes á industria popular as Corpora??es privilegiadas, ou Companhias exclusivas, se póde vêr em hum dos jornaes de París de 12 de Septembro do presente anno, e na Gazeta de Lisboa em 9 de Outubro do dito.--Hum sabio Ministro de Napoles, entre outras muitas importantes maximas, trata em hum Capitulo separado a seguinte: "Fica offendida a liberdade da industria (prossegue o Ministro) quando se estabelecem Corpora??es de Artes, e Officios; quando o Governo tem faculdade de fazer-se empresario; quando se fórm?o
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