Verdades amargas | Page 8

Claúdio José Nunes
possam passar, em momentos criticos, por necessidades a que n?o se p��de fugir.
A unidade:
As fus?es;
As colliga??es;
As concilia??es.
A disciplina:
O despeito;
A inveja;
A sizania.
Um homem que falla e se move faz mais ruido do que cem, mudos e quedos. As individualidades inquietas e ambiciosas das parcialidades politicas, d?o-lhes muitas vezes a fei??o com que a condescendencia dos companheiros as deixa mascarar, e que, por ser a mais visivel, se torna a mais caracterisada.
* * * * *
Da falta de partidos logicamente organisados e fortemente constituidos, n?o em vista de uma necessidade de momento ou de um ponto especial de administra??o, mas de um systema fixo, tem nascido as approxima??es, esbo?adas ou realisadas nos ultimos tempos.
A maior ou menor fraqueza dos grupos tem promovido esses actos, que andam em moda permanente de ha cinco annos para c��, mas que deviam ser anormaes n'um paiz, que soubesse comprehender bem as institui??es que nos regem:
Fus?es, em que cada um dos fusionados conta pelos dedos quantos governos civis ou quantas candidaturas lhe couberam em partilha, e que fundem t?o bem, que cada um se separa dos outros no momento opportuno, sem que as for?as da cohes?o ponham estorvo a esse trabalho;
Concilia??es que nada podem conciliar e que desmoralisam todos e tudo.
Necessita a na??o de todos os esfor?os de seus filhos para arrostar com immensas difficuldades? Haja patriotismo e saiba-se usar d'elle. Auxilie-se o poder constituido n'essa immensa tarefa.
Diz-se popular o governo? Carregue com as consequencias d'essa popularidade. Tome a responsabilidade da iniciativa nas medidas de salva??o publica.
Pedem as circumstancias que as opposi??es ensarilhem as armas? Fa?a-se isso lealmente, mas n?o se confundam nos bancos ministeriaes, inutilisando-se mutuamente para os effeitos da rota??o no poder, os que f��ra d'elles podem dar ao paiz melhor documento de sua isen??o partidaria.
Concilia??o sincera e permanente de todos seria a extinc??o completa dos partidos, proposi??o que antes de ser uma quimera seria um absurdo constitucional.
Concilia??o, apenas de alguns e temporaria, n?o seria concilia??o; seria unicamente um novo elemento de confus?o no que anda j�� t?o confundido.
Que temos n��s visto e com que resultado?
Maiorias de colliga??o em frente sempre de opposi??es colligadas.
Colliga??es que s�� tem uma certa desculpa na tenuidade das linhas divisorias que separam, por emquanto, uns dos outros os partidos de maior valor no paiz.
Como n?o ha systemas completos de governo, falla este em ordem publica e respeito �� constitui??o; aquelle em fomento; esse outro em economias. Todos, na organisa??o das finan?as. Mas desde quando a ordem publica, o respeito �� constitui??o, o fomento, a economia e a organisa??o das finan?as, pontos que devem ser communs a todos os partidos serios, podem constituir o programma especial de cada um d'elles? N?o prova que anda ausente o dogma, ou que �� de f�� para todos, quando se falla s�� nas exterioridades do culto? Que ha em alguns d'aquelles rotulos mais artificio do que verdade? Que s?o maiores, de grupo para grupo, as incompatibilidades de pessoas que de cousas?
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Em Portugal a organisa??o de um partido �� a cousa mais facil do mundo.
Ha tres, cinco, dez homens (n?o urge que sejam mais) que, desejosos de terem uma influencia que n?o podem alcan?ar, por andarem confundidos com outros que os affogam no numero, buscam o modo de adquirir essa importancia que lhes anda roubada, quer pela ingratid?o da patria, quer pela sombra dos proprios amigos. Problema posto, problema resolvido. Inspira-se um jornal. Inventa-se um nome. Chrisma-se um chefe. Falla-se no paiz, e, depois de estar prompto o scenario, p?e-se o titulo �� comedia, cujos auctores se esfalfam em dar ao publico, por belleza excelsa e privativa d'elles, o que nunca devera passar de logar commum n'este ramo de litteratura dramatica.
Outros nem se cansam com estas poeiras. Mettem no laminador o simples nome de um homem; estendem-no at�� que chegue �� desinencia adoptada pelo uso, e est�� feito o partido!
O partido!
Pobre vocabulo, que j�� tens sido a estrella polar de intelligencias em busca da perfei??o social, quem te diria que viria tempo em que por ahi te reduzissem a alampada de viella obscura, ardendo de dia e de noite, e mais de noite do que de dia, diante de algum santo, advogado contra as cambras em quem deseja trepar ��s alturas do poder!
Como se p��de chamar partido a qualquer associa??o de homens, que n?o ache at�� dentro de si quem possa tomar o peso ��s pastas n'um momento de crise?
Como se p��de dar esse nome a qualquer confraria, que em tempo de prociss?o n?o possa com o andor, ou d�� com a imagem em terra logo �� beira do altar?
Como merece tal importancia o grupo que n?o se atreva a galgar sem dianteiras a mais leve encosta da governa??o publica?
E em taes casos a fraqueza �� m�� conselheira.
Para que augmente o numero dos adeptos n?o se olha a condi??es.
Todas as vadiagens; todas
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