as deser??es; todas as insignificancias; todas as immoralidades; todas as trai??es; todos os cynismos; todos os despropositos s?o bem vindos, quando encarnados em quem d�� mais um elogio na imprensa ou mais um voto nas c?rtes.
Ha elei??es. Combate-se com decencia, honra e lealdade, contra alguns especuladores que farejam donde correm os ventos. Succube-se. No dia seguinte, com a estatistica na m?o, cortejam os socios da vespera a existencia do facto brutal, e os adversarios, a��nda que vencessem pelo suborno e pela infamia, recebem um sorriso amavel, prologo e provoca??o de allian?as, ao passo que um gesto desdenhoso acolhe os amigos que perpetraram o crime de n?o querer triumphar por identicos meios.
�� moralidade!
Para obviar �� fraqueza, recorre-se ainda �� forte alimenta??o das secretarias de estado. Atulham-se as pastas de recommenda??es. Cada dignitario da ordem tem mesa posta na cella. O thesouro �� copa e cosinha. O despacho �� mesa e talher.
Por fraqueza propria se larga o poder e por fraqueza dos outros se torna a alcan?ar, para depois o tornar a perder.
�� fraqueza dos partidos; �� falta de esc��las politicas definidas, logicas e racionaes; �� carencia de esta m��la indispensavel ao jogo regular das institui??es representativas, deve esta na??o um originalissimo espectaculo.
O sr. marquez de Avila e de Bolama, que diz que n?o tem partido, foi ultimamente ministro em 1865, 1868 e 1870.
Que o fosse por ser, como ��, zeloso e honrado administrador, n?o poderia causar isso estranheza; mas tel-o sido, n'um paiz constitucional, talvez especialmente pela condi??o de n?o ser no governo a representa??o ministerial de um partido qualquer, �� porventura a maior singularidade do liberalismo contemporaneo.
Contae isto ao mais obscuro membro do parlamento inglez, e podeis estar certos de que o vosso interlocutor se encurvar��, dos p��s at�� �� cabe?a, na mais espantada interroga??o que j��mais tenha desaprumado a proverbial rigidez britannica.
D'esse paradoxo tem resultado que as camaras eleitas sob a immediata influencia d'esse distincto homem de estado n?o lhe tenham produzido maiorias que o habilitem a governar, ficando depois sujeitas a deser??es vergonhosas ou a uma dissolu??o infallivel. N?o se contrar��a impunemente a indole do systema representativo.
V
Haja partidos sinceros e fortes, e haver�� estabilidade nos governos, condi??o em que n?o vivem as situa??es que se v?o succedendo com pasmosa rapidez.
Um ministerio entre n��s �� geralmente um castello de cartas.
Toma a crian?a um baralho. Dobra, ampara, ajusta e comp?e. Come?a a desenvolver-se o vistoso edificio. Crescem os estrados; sobem as galerias. O que, ha um instante, cabia no bolso, amea?a dar comsigo no tecto. Mas venha um gr?o de ar��a; uma carta mal disposta; um movimento de impaciencia, ou mesmo um gesto de alegria trema no bra?o do joven architecto, e o que era Alhambra rendada se converter�� logo em naipes dispersos no ch?o.
Outro tanto acontece com a politica da nossa terra.
Organisa-se um ministerio com todas as apparencias de for?a e de vida. Parece que o leva ao poder uma onda de popularidade. Em torno ha s�� ruinas. Tem maioria nas camaras e goza da confian?a da cor?a. Espera-se que dure o tempo necessario para, ao menos, transp?r o mar de calmarias que se chama--o estudo--e que �� preliminar quasi obrigado n'estas viagens, ainda mesmo para os pilotos mais experimentados e que uma pratica de annos e annos devia j�� ter desviado de similhantes derrotas.
Mas de repente, sem que at�� muitas vezes se saiba como e porque, desmaia o commandante, esmorece a tripula??o, e pede-se ao cabo do rebocador a salva??o, que n?o se poude encontrar na paciencia perdida e na energia esgotada.
Outras vezes, j�� voga o navio. De repente, tambem, cavam-se as ondas, sem que um minuto antes sopre a menor brisa, e a marinhagem boqui-aberta v�� que o baixel apr?a ao recife, que, n'um relampago, o descose e afunda.
E como p��de haver manobra a tempo, se uma parte da tripula??o descora diante do perigo; outra, por bisonha, cambaleia de enjoada; esta, n?o conhece da faina, e aquella, indifferente ou turbulenta, n?o quer ou n?o sabe submetter-se a trabalho proveitoso, sendo poucos os marinheiros que restam para que o barco possa resistir �� tormenta?
* * * * *
As raz?es determinantes da instabilidade dos ministerios s?o de natureza objectiva ou subjectiva, mas subordinadas sempre �� falta de partidos e a todas as consequencias que d'ella derivam.
S?o de natureza objectiva:
As vacilla??es do poder moderador diante de tumultos preparados adrede na rua, e as quaes, embora nascidas de melindres de obtempera??o ao que se lhe figurou opini?o publica, e embora ligadas na origem a um receio de guerra civil ou de derramamento de sangue, tem comtudo influido desfavoravelmente desde 1868 na marcha politica do paiz, deixando quebrar maiorias que iam, ao lado dos governos, gerindo com alguma regularidade os neg��cios do estado e occorrendo ��s mais urgentes necessidades financeiras, por meio de augmento nas receitas publicas; vacilla??es que deixam pairar sempre
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