Ruy o escudeiro: Conto | Page 8

Luís da Silva Mousinho de Albuquerque
Que a lan?a empunhava;
Mouro forte e ardente,
Entre os do bravo Ismar um dos primeiros?Denodados, e intrepidos guerreiros.
Com garbo, e presteza
Discorre a muralha,
Dispondo a defeza,
Prevendo a batalha,
O alcaide, e a firmeza
A audacia, e o valor no rosto ostenta?Com que dos seus a galhardia augmenta.
Ao lado de Hauzeri bella apparece,?Piedosa vista em lance t?o p'rigoso!?Filha linda qual luz quando amanhece?Ao romper d'alva em dia caloroso,?O turbante, que a frente lhe guarnece?Remata alvo penacho precioso?Em quanto v?o os zephiros brincando?Com os anneis sobre os hombros fluctuando.
De seda as cal?as tem da c?r da neve,?Sobre ellas desce a tunica bordada,?Cerulea faixa a cinta circumscreve,?Qual a hastea do lirio delicada,?Cobre o virginal seio a tea leve?Onde a seda co'a l?a f?ra tramada,?De vermelhos coraes um fio brando?Do collo airoso a base contornando.
Suaves de Fatima os olhos eram,?Vivos ao mesmo tempo e magestosos,?Quaes unicos os nossos climas geram,?Climas caros ao Sol, climas ditosos;?Olhos, foccos de amor, que n'alma imperam?Quer languidos, quer meigos, quer irosos;?Olhos taes, que se pranto derramaram?As mesmas brutas penhas abrandaram.
Nas pudibundas faces reluzia?A viva c?r da nacarada rosa,?Que em leve grada??o se esvaecia?Pela macia pelle melindrosa;?Virgem, filha gentil do meio-dia,?A c?r tinha morena, e t?o formosa,?Como a que a luz de um Sol claro e brilhante?Communica do prado �� fl?r fragante.
Da larangeira em fl?r com o deleitoso?Aroma o ��r da tarde embalsamado?Cede em suavidade ao amoroso?H��lito de seus labios exhalado.?O murmurio do arroio saudoso?Entro meudos seixos derivado,?O meigo sussurrar do brando vento,?Menos magia tem que o seu accento.
Quem viu a vermelha rosa
N'um ramalhete de fl?res
De todas a mais formosa
Quer nas formas, quer nas c?res:
Quem da noute socegada
No silencioso v��o
Viu a lua prateada
Entre as estrellas do c��o:
Quem na belleza prestante
Do palacio, ou templo santo
Viu a corinthia elegante
Que remata o molle achanto:
Quem entre a familia leve,
Habitante da espessura,
Viu a pomba c?r da neve,
Vivo emblema da candura:
N?o viu mais que uma imperfeita
Imagem das maravilhas,
Com que Fatima deleita
Os olhos, do seu povo entre as mais filhas.
Porem, j�� sequiosos da vingan?a?Os Christ?os se aparelham p'ra peleija.?Em batalhas o Rei divide as lan?as,?Marcando a cada uma quem a reja:?P'ra o assalto prescreve sem tardan?a?De cada Capit?o qual dever seja,?A qual compete de ir na frente a gloria,?A qual mais tarde ha de colher victoria.
A aquelle, que no nome, qual no peito?Tem dos fortes a nobre galhardia,?Entrega o grande Affonso satisfeito.?Entre as batalhas, a que a frente guia:?Na mesma linha p?e e de igual geito?A que o pend?o de Mem Moniz seguia;?Bem como a forte gente, cujo ousado?Valor tem vido a Sousa confiado.
As reservas intrepidas e ardentes,?Onde a lucta attrahir maior perigo,?Viegas com Martim, e outros valentes?Promptos conduzir?o sobre o inimigo;?Porem de Pedro Affonso armipotente?Bra?o e conselho o Rei quer ter comsigo;?Nem desdenha reter junto a seu lado?O Joven Escudeiro denodado.
As trompas guerreiras
O signal entoam,
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 38
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.