Ruy o escudeiro: Conto | Page 7

Luís da Silva Mousinho de Albuquerque
circulando,?Levam frescura �� sequiosa planta;?Em quanto, dos invernos triumfando,?Altos pinheiros sempre verdes frontes?Reunidos se v��em aos ceos al?ando?Na encosta, e cumes dos visinhos montes.
No meio d'este valle a natureza?Um penhasco erigiu, morro isolado,?Que das aridas rochas a braveza?Abruptas volve aos raios do sol nado;?Com aridez igual, igual asp'reza?Do occaso, e do sul encara o lado;?Orna-o do norte apenas a verdura?Em mais suave encosta, e menos dura.
Do forte morro ��s abas se abrigaram?Da destruida Liria os habitantes,?Quando da natal terra os expulsaram?Dos romanos as armas triumfantes;?Para alli seus penates transportaram,?E da perdida patria sempre amantes,?De Liria ao novo asilo o nome deram,?Que os tempos em Leiria converteram.
De Vandalos, e Godos povoada?Foi depois, gente forte e valerosa,?Que com o tempo tambem cedeu �� espada?Da sarracena ra?a bellicosa,?Na epocha em que a terra celebrada?Das Hespanhas sofreu perda affrontosa,?E s�� cantabrios serros abrigaram?Os que ao jugo africano se escaparam.
Mas alfim vencedor da maura gente,?Affonso, no penhasco edific��ra?Recinto marcial forte, e potente,?Que de Agostinho aos filhos confi��ra,?Quando do r?to Ismar a ira fremente?No povo e no presidio se ving��ra,?E unido a Hauzeri, mouro esfor?ado?Tinha de Affonso os muros conquistado.
Ai! daquelle, que atrevido
Com temeraria ousadia
Do Le?o adormecido
Os furores desafia!
O animal irritado,
De crua raiva espumando,
Corre o campo, arrebatado
Morte e ruina espalhando:
Com seus urros espantosos
A bronca serra estremece,
A luz do raio esplandece
Nos seus olhos furiosos.
For?a n?o ha t?o potente
Que a carreira lhe embarace,
Que a garra n?o despedace,
Que n?o rasgue iroso o dente:
T�� que em fim o imigo alcan?a,
E no c?rpo ensanguentado
Partido, e dilacerado,
S��va as iras e a vingan?a.
Assim de novo a trompa bellicosa
Nos valles retumbava,?Assim de Affonso a gente valerosa
J�� de novo se armava,?E as bandeiras, que as Quinas adornavam?Os Alferes de novo ao vento davam.
Nobres, e ricos-homens �� porfia
Se apromptam sem dem��ra?A castigar dos mouros a ousadia,
E em lide vencedora?Punir os damnos, com que Ismar irado?Todo o transito seu tinha marcado.
O escudo embra?ou p'ra nobre empreza
Pedr'Affonso incansavel,?Ao Rei da crua guerra na aspereza
Consorte inseparavel,?E com elle Ruy para a vingan?a?Com ardor empunhou a herdada lan?a.
Moveu-se a gente bellica segura
Na esperan?a da victoria,?Que a quem temer n?o sabe a lide dura
Nunca desmente a gloria,?E n'um teso, ao Castello apropinquado?O campo expugnador foi collocado.
De annoso pinheiro,
Que em frente se al?ava
Do campo guerreiro,
Nos ramos pousava
Um corvo agoureiro
Que abrindo o rostro infausto, e ��s azas dando,?Parecia estar os mouros malfadando.
Os de Agar bramaram
Quando alevantadas
Em frente enchergaram
As Quinas sagradas,
E irosos juraram
Illeso conservar o logar forte?Seus muros defendendo at�� �� morte.
Alcaide da gente
Seu brio excitava
Hauzeri valente,
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