Reprezentação à Academia Real das Ciências sobre a refórma da ortografia | Page 8

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é ezacerbar ezemplo ezistir ezórdio.
Por último dirá, que o emprego do til como único sinal de nazalidade,
m[~u]itíssimo racional a todos os respeitos, não lhe paréce que póssa
ser rejeitado; até porque se recomenda pelas facilidades que trará á
leitura do mànuscrito,--vantájem que advirá igualmente da supressão
do--u--e demais letras nulas.
* * * * *
Com relação a consoantes, a comissão julga que as refórmas que propõi,
são tambem de todo o ponto justificadas. A evolução por meio da qual
se constituiu a língua como oje a falâmos, operou-se suprimindo e
transformando por todos os módos e em todos os sentidos. Móstra isso

uma infinidade de palavras, e bástão a proval-o estes poucos ezemplos:
de actio c[oe]sius crates faba ficus lupus lutum nunquam pluvia
pr[ae]da quinque ratio, angelus bubulcus coquina cymbalum cytisus
germanus mespilum miscere pustula sacellum sanare vagina videre,
apotheca auricula caveola invidia quiritare infundibulum, fizémos
acção gazeo grade fava figo lobo lodo nunca chuva presa cinco razão
anjo bifolco cozinha timbales codeço irmão nespera
mexer bostella
capella sarar bainha ver adega orelha gaiola inveja gritar funil.
Óra, éssa evolução está pela màiór parte já tambem operada na
escritura. As alteraçõis propóstas são o seu complemento; e constituirão
os dois grandes progréssos--a unidade da reprezentação dos sons e a
conformidade da linguájem escrita com a linguájem falada--reclamados
pela necessidade de tornar fácil ao povo a aquizição da instrução que se
quér que ele tenha, poisque com eles se aprenderia a ler em
m[~u]itíssimo menos tempo do que oje se gasta. E o pouco que résta
fazer, está àutorizado de um módo irrecuzável pelo m[~u]ito que se axa
feito.
Alem d'isso a refórma nésta parte tambem se não aprezentará menos
justificada a quem a quizér considerar nas diferentes ipótezes; como
passa a mostrar-se a respeito das principais d'entre élas.
A comissão votou unànimemente a supressão das letras nulas; e julga
que com razão o fês. Tais letras são motivo de grande confuzão e
portanto um grande embaraço; porque todas élas, em circunstáncias
idênticas, umas vezes são nulas, outras não (menos as dobradas que o
são sempre), sem ser possível dar régras que satisfáção, para indicar
quando o são ou deixão de ser. E tem unicamente valor
etimolójico,--valor esse iluzório e sem importáncia, porque a etimolojia
não fica perdida com a sua supressão, como não se perdeu a d'éssas
m[~u]ito numerózas centenas de palavras cujas raízes se áxão alteradas;
em quanto que os embaraços a que dão cauza, são um mal m[~u]ito
grande e m[~u]ito real e pozitivo.
Por contemporizar com ábitos e sucètibilidades, póde aceitar-se o
adiamento da supressão do--u---nulo, visto poder dar-se régra cérta que
indique a sua nulidade; porque depois de--q--nenhuma outra razão póde

motivar a sua conservação. Pois se os latinos o uzávão,
pronunciávão-no, como oje o pronuncíão sempre os italiânos; e se os
francezes, e até os espanhóis, o emprégão sem o pronunciar, é por um
méro caprixo que não devemos seguir.
Por esse mesmo motivo a comissão lembrou-se de se adiar tambem a
supressão do--h--inicial, mas por fim não lhe pareceu justificada éssa
rezolução. Paréce provado que o--h--, que nunca foi uzado pelos gregos,
éra para os latinos simplesmente sinal d'aspiração. Por isso juntávão-no
ao t, ao p e ao c, para reprezentar téta, fi qi, consoantes mudas aspiradas
do alfabéto grego, e tambem ao r nas palavras tomadas do grego em
que ésta letra éra aspirada; e para que fosse aspirada a vogal seguinte, o
empregávão no começo das palavras,--razão por que escrevíão por
ezemplo hora, palavra tomada do grego onde éra ora. E assim
compreende-se que os francezes o empréguem no começo d'aquélas
palavras cuja primeira vogal aspírão, e ainda se compreende o seu
emprego em espanhol, visto uzar-se a aspiração respètiva em algumas
províncias do reino vizinho; mas nós que não aspirâmos nenhuma
vogal inicial, é lójico que suprimâmos esse inútil sinal d'aspiração,
evitando os embaraços que rezúltão do seu emprego.
A comissão, a propózito da supressão do--h--no vérbo haver, discutiu
os inconvenientes da anfibolojia produzida pelas omonímias; assim
como discutiu a ezistencia do--h--nas interjeiçõis hui ah oh, onde
paréce aver quem admite aspiração. Óra, quanto á anfibolojia, impórta
considerar que as omonímias que proviríão da refórma, são nada em
comparação das que ezístem já na língua sem ninguem sentir os
inconvenientes da supósta anfibolojia d'élas rezultante; que na
pronúncia não á meio d'evitar esses inconvenientes, que alguem se
aprás em recear; e que na escritura, melhór que na fala, indica o sentido
qual é a significação da palavra, se ésta a tem dupla ou múltipla: se por
ezemplo se escrever--ás á, avias avia, avíão, ouve--, em vês de--has ha,
havias havia, havião, houve--, ninguem desconhecerá quando
respètivamente se trata do vérbo haver, ou da craze da prepozição a
com o artigo as a, do vérbo aviar e do vérbo ouvir. Em
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