Reprezentação à Academia Real das Ciências sobre a refórma da ortografia | Page 7

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admitir.
Com tudo, se eles fôrão proscritos do latim, os gregos empregárão-nos
superabundantemente. Álem dos acentos avia em grego os espíritos. É
m[~u]itíssimo rara a palavra grega que não tenha acento em uma das
três últimas sílabas; toda a vogal ou ditongo porque principia uma
palavra, tem algum dos espíritos; nos ditongos põi-se o espírito e o
acento sobre uma mesma vogal.
Vê-se portanto, que os gregos acentuárão tudo e que os latinos não
acentuárão nada. A comissão julga pois, que faremos bem, se
seguirmos um meio termo, acentuando tanto quanto for precizo; e por
isso paréce-lhe que não deve ser rejeitada a sua propósta, tanto mais
que as quatro eicèçõis poupão uma infinidade d'acentos, e se facilita
assim a tranzição para o uzo dos caratéres nóvos propósos na régra
14.^a: d'este módo, por meio de acentos e de régras que os dispênsão,
fica determinado o valor de cada vogal. E com éssa inovação bem
simples dezaparecerá uma grande dificuldade que os estranjeiros
encôntrão ao aprender a nóssa língua, e que aos mesmos nacionais é
grande embaraço para aprender, e para ler corrètamente.
* * * * *
Em fim, quanto ao número dos sons vogais, cumpre á comissão dizer o
seguinte.
Admitiu o som de--a--fexado, por entender que o--a--predominante
antes de--m n nh--tem esse som segundo a pronúncia mais jeral, com

eicèção da terminação amos do pretérito dos vérbos em--ar--. O som
abérto que m[~u]itos lhe dão, e que ele tem antes de todas as outras
consoantes, é mais eufónico e mais bélo, mas uza-se menos; e a opinião
dos que dízem que ésta e as outras vogais, naquele cazo, tem todas som
nazal menos--e o--abértos, não paréce á comissão que póssa nem deva
ser aceita.
Não ignóra que alguns úzão--e o--abértos com entoação nazal, dizendo
escóndes escónde rómpes rómpe, véndes vénde séntes sénte; mas
entende que ésta pronúncia não déve prevalecer, embóra--e o--abértos
de entoação nazal sêjão menos fanhózos e portanto mais eufónicos
que--e o--fexados, porque a pronúncia contrária é a do màiór número e
a supressão dos dois sons nazais é uma simplificação apreciável.
Sabe que á m[~u]ito quem não queira admitir o ditongo--ou--, dizendo
que nos cazos respètivos o som vogal é o de--o--fexado; mas não crê
que seja assim, pois axa notável e óbvia diferença de som nas primeiros
sílabas de coro lobo e últimas de avô Pàssô por ezemplo, e nas de
couro louvo, lavou passou: no primeiro cazo á som de--o--fexado; no
segundo, de ditongo--ou--, m[~u]ito mais eufónico e agradável que
aquele. Bem como sabe, que á quem uze este ditongo em lugar
do--o--fexado nos cazos como bôa corôa, sôa pavôa; mas julga que
este uzo déve rejeitar-se por não ser o jeral.
E sabe igualmente que se tem sustentado, que nos ditongos nazais só a
prepozitiva tem entoação nazal; éssa ideia porem, a seu ver, é
errónea,--os ditongos nazais não se fórmão juntando uma vogal oral a
uma nazal anterior, mas sim dando entoação nazal a um ditongo oral.
Assim como, a este propózito, déve notar que não desconhéce cértas
pronúncias, sobre as quais xama a atenção para que sêjão emendadas,
por viciózas que são segundo crê. Por um lado alguem sustenta,
que--e--predominante, antes de--lh--, tem som de--a--fexado na
pronúncia jeral, e se dis por ezemplo cançâlho sâlha abâlha e não
concêlho sêlha abêlha (o que éla não considéra aceitável); bem como
sustenta que «em todas as sílabas não acentuadas é o--a--fexado, eicéto
nas finais em que é mudo». Por outro lado, á quem tróque o--e--fexado
por--ei--antes de--j lh nh--, dizendo por ezemplo igreija teilha

leinha--em vês de dizer igrêja têlha lênha.
A comissão não póde crer que o primeiro--a--de batalha, por ezemplo,
seja diferente do último, ou que sêjão divérsos os últimos aa de sáfara.
E do mesmo módo, entende que não á motivo para que
o--e--predominante, que póde ser fexado antes de todas as outras
consoantes, o não póssa ser antes de--j lh nh--em cértos cazos, e se
pronuncie--ei--contra a pronúncia jeral.
E cumpre notar ainda outra pronúncia que fora bom corrijir: é a do
ditongo--ão--nos nómes que oje fórmão o plural em--ões--, e nas
respètivas vózes dos vérbos. M[~u]itos pronuncíão bordão tacão timão
portão amarão, etc., como se o ditongo fora--ou--nazalado; óra este
ditongo é m[~u]ito menos eufónico e bélo do que o outro, pelo que
déve ser rejeitado: e assim o ditongo--ão--déve sempre pronunciar-se
como se pronuncia em mão irmão tão cão.
A propózito d'isto dirá tambem, que pensa ter ido confórme com a
pronúncia jeral, considerando que em--ex--inicial--e--não
reprezenta--ei--senão onde é sílaba predominante como em exito, ou
onde ao--x--se ségue--ce ci--como em exceto excitar, e no cazo de
ex-ministro ex-deputado, etc. Próvão-lho a sua observação, as
m[~u]itas palavras onde o--x--já foi substituído, como izenção estranho
espremer, etc., etc., e a opinião de gramáticos àutorizados, que dízem
que a pronúncia
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