deputados. Deste modo e contando com outros artigos avulsos já insertos em tomos anteriores, bem pouco faltaria para que ficasse constando da collec??o toda a obra de A. Herculano relativa a quest?es públicas, no período de que nos ocupamos. Mas aquelles discursos, de breve extens?o em sua maioria, só em memoria especial teriam cabimento, acompanhados de um summario das controversias a que se ligaram, á similhan?a do que fizémos em anota??es a este tomo, nas quaes apresentamos os transumptos de dous delles. Quanto ao opusculo o facto de ter sido pelo Auctor retirado da publicidade pouco depois de vir a lume tornaria inadmissivel a sua inclus?o, mas está dentro dos limites desta noticia darmos idéa da substancia delle e conjecturar sobre os motivos que levaram o Auctor a supprimi-lo.
Inspirando-se nos mesmos sentimentos que no anno seguinte, como se lê no tomo I, o moveram a expor á condolencia pública a miseria a que estavam reduzidos os velhos egressos, víctimas de excessos revolucionarios ainda n?o remediados, e mais tarde a proceder do mesmo modo em favor das freiras de Lorv?o, naquelle seu opusculo come?ara A. Herculano por condoer-se da sorte do clero parochial, a quem a revolu??o em seu dizer tambem deixara a viver de esmolas. Em commovente quadro ahi descrevia elle os longos servi?os sociaes da democracia do clero, e recorrendo a considera??es historicas que os leitores poder?o ver muito ampliadas nos notaveis artigos--O País e A Na??o, tomo VII, argumentava que ella n?o devera ser attingida pela onda revolucionária, porque n?o tinha a responsabilidade dos abusos e extors?es de que haviam desfructado durante séculos as altas classes ecclesiasticas. Mas se nesta parte o opusculo n?o era mais que o inicio de uma propaganda de piedade destinada a moderar ódios ainda subsistentes entre vencidos e vencedores, nelle aproveitava o Autor o ensejo para de certo modo deprimir em transparente allus?o, o ministro que referendara o decreto de 1834 sobre corpora??es religiosas, notando que o pensamento deste decreto, no que tivera de alcance na operada transforma??o social, n?o era invento de alguem que isoladamente pretendesse jactar-se da sua concep??o, mas subordinado aos anteriores decretos da dictadura e desde muito tempo definido e amadurecido em todos os espiritos liberaes. Sobrecarregando o ministro com a responsabilidade das imperfei??es sem todavia lhe conceder qualquer partilha de gloria na promulga??o do famoso diploma, dir-se-hia que o escriptor se deixara momentaneamente vencer por algum sentimento de represalia contra elle; e assim é provavel que fosse, porque o homem público cuja conhecida altivez acaso pretendia abater com as suas palavras, o mesmo que na recomposi??o ministerial de 1841 assumiu a presidencia do gabinete reconstituido, pelo seu caracter aggressivo menos dignamente o provocara a um jogo de increpac?es irritantes na sess?o parlamentar do anno anterior.
De nenhum outro assumpto tractava o opusculo e n?o é difficil presumirmos quaes fossem as causas da sua suppress?o. Para esta poderiam ter concorrido algumas discordancias entre as generalidades nelle resumidas e certas doutrinas de historia patria que o Auctor a esse tempo andava apurando e n?o tardou a trazer á luz pública em cartas que publicou logo em come?o de 1842. Mas em rela??o á materia do opusculo essas discordancias eram apenas como que de linguagem, n?o affectando as conclus?es tiradas e podendo até ser attribuidas á necessidade de evitar explana??es. Por isso nos parece que para o facto tambem concorresse o ter pesado na austera consciencia do escriptor a animosidade que revelara na allus?o que acabamos de apontar. Sendo A. Herculano como era o mais enthusiasta e o mais sciente defensor dos grandes decretos de D. Pedro, guardava sempre para segundo exame os pontos em que cumpria corrigi-los e desenvolvê-los, seguindo as mesmas normas no julgamento dos ministros que os tinham referendado. N?o admiraria, pois, que elle tivesse retirado o opusculo da publicidade principalmente como nota destoante destas normas, quanto ao valor de um desses ministros.
Taes s?o os esclarecimentos biographicos que nos propusemos expor. De outros necessitamos agora tractar. Havia A. Herculano come?ado a rever os seus dous estudos sobre instruc??o pública, fazendo leves correc??es em toda a extens?o de ambos e a revis?o definitiva de algumas páginas do publicado em artigos. Tal como o apresentamos ficara este último por concluir e fòra destinado a um opusculo, como no-lo indicam antigas provas paginadas que ao auctor serviram para a revis?o. Notemos, porém, que o n?o prejudica em pontos essenciaes a falta de remate, e se acaso elle tivesse vindo completo á lus pública, cousa de que até hoje n?o tivemos noticia nem esperamos têr, fácil seria de futuro remediar o erro. O que provavelmente succedeu foi ir-se paginando em separado ao passo que a publica??o seguia no jornal, suspendendo-se uma e outra cousa por ter cessado a remessa do manuscripto. Quanto ao outro trabalho, já depois de o percorrer e corrigir quasi
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