senhor a raz?o desta mudan?a?
N��RO.
Para altos fins nossos paes lig��r?o-nos pelo la?o do casamento desde os mais tenros annos. Sempre por��m, tuas palavras e tuas ac??es contrari��r?o a minha vontade; tolerei tudo isto por tempo longo de mais; e ainda o supportaria, se ao menos me houvesses dado real descendencia, numerosa e bella, que me servisse de consolo a tantos desgostos. Debalde o esperei: eras planta esteril; o throno ficava sem herdeiros por culpa tua, e o doce nome de pai me era negado; por isso te repudiei.
OCTAVIA.
Fizeste bem. Se �� certo que encontraste outra esposa, que mais feliz do que eu fui, p��de dar-te numerosos filhos a quem ames e assim tornar-te alegre a vida. Outra que te ame tanto como eu, bem sei que n?o encontraste ainda, nem encontrar��s j��mais. Mas que fiz eu? Oppuz-me por ventura �� tua vontade? Vendo-te nos bra?os de outra, chorei, �� certo, e choro ainda; mas ouvio alguem de mim j��mais palavras de censura, ou apenas foi meu pranto silencioso, meus gemidos e suspiros abafados pelo respeito?
N��RO.
Tens muita do?ura nos labios, mas n?o tanta no cora??o; adevinha-se em tuas palavras o f��l occulto; mal disfar?as o odio que tens a Popp��a, bem como a ambiciosa recorda??o de pretendidos direitos.
OCTAVIA.
Oh! podesses esquecer, como eu esque?o, esses meus direitos assaz legitimos pois que soffro por elles tantas desgra?as!... O odio e o furor brilh?o em teus olhares!... Misera! Bem conhe?o que me odeias mais do que pudera um marido odiar consorte esteril. Infeliz, tanto mais te offendi, tanto mais te amei! Mas o que te pedi eu? O que te pe?o hoje? apenas uma vida obscura, solitaria e liberdade para chorar!...
N��RO.
E eu, certo de que te contentarias com essa existencia obscura, t'a havia concedido; mas depois...
OCTAVIA.
Mas depois te arrependeste e tiveste remorsos de n?o me haveres tornado bastante infeliz. Quizeste que eu fosse testemunha de tuas novas affei??es; quizeste tornar-me escrava de tua nova esposa, quizeste que eu fosse ludibrio do mundo e objecto de desprezo para tua c?rte. Aqui estou, obediente ao gesto do meu senhor; o que devo agora fazer? Ordena. Mas na tua mesma c?rte n?o me poder��s tornar inteiramente infeliz, se a minha desgra?a te der alguma alegria. Responde-me, est��s satisfeito? Reina a tranquillidade em tua alma? Entre os bra?os da nova esposa gozas do somno calmo que tiras aos outros? Esta Popp��a, a quem n?o privaste de um irm?o, torna-te por ventura mais feliz do que eu o fiz?
N��RO.
Nunca soubeste avaliar o cora??o do senhor do mundo; sabe-o Popp��a.
OCTAVIA.
A Popp��a agrada o esplendor do throno, para o qual ella n?o nasceu; a mim agradas-me tu s��. N?o tentes comparar o meu amor ao della. Possue ella o teu affecto, mas s�� eu o merecia.
N��RO.
N?o, n?o podes amar-me.
OCTAVIA.
Dize antes que o n?o dev��ra; mas pelo teu n?o julgueis do meu cora??o. Bem sei que o meu nascimento me privar�� eternamente do teu amor; bem sei que tua imagem manchada com o sangue de meus parentes n?o dev��ra ser acolhida em meu cora??o, mas a for?a do destino obriga. E se eu me esque?o de meu irm?o e de meu pai, mortos por ti, como ousas accusar-me em nome desse irm?o desse pai?
N��RO.
O crime de que te accuso �� o que commetteste com Euc��ro vil.
OCTAVIA.
Com Euc��ro!... eu?...
N��RO.
Sim, �� elle o amante digno de ti.
OCTAVIA.
Ah! justo c��o! tu o ouves?...
N��RO.
Houve quem ousasse accusar-te de impudico amor com elle; por isto s�� de novo te chamei a Roma. Prepara-te, pois, para desmentir tal accusa??o, ou para receber o merecido castigo.
OCTAVIA.
Oh! quanta maldade! que horrendo trama! Onde est�� o meu iniquo accusador?... Ai de mim! Louca, o que procuro? �� N��ro o accusador, o juiz e o proprio algoz!
N��RO.
�� assim o teu amor! D�� expans?o a todo o odio que tens no cora??o, se �� certo que elle ainda n?o transbordou todo, depois que descobri as tuas secretas infamias.
OCTAVIA.
Ai de mim!... O que mais me resta?... N?o me bastava ter sido expellida do leito nupcial, do throno, do palacio, e at�� de minha patria?... Oh! c��o! s�� a minha reputa??o permanecia intacta; e isto me compensava todos os bens de que fui privada... um dote t?o precioso era-me debalde invejado por aquella que j�� o n?o possue; agora esse mesmo querem roubar-me antes que me privem da vida? O que te detem, oh! N��ro? N?o poder��s viver tranquillo, bem o sabes (se a tranquillidade cabe em tua alma), emquanto eu existir... Faltar-te-h?o porventura meios de assassinar uma mulher fraca e desarmada? Ordena que eu seja encerrada nas profundas masmorras deste palacio, funesto asylo da trai??o e da morte, e alli manda que me tirem a vida. Ou antes, porque com a propria m?o n?o me assassinas?... Minha morte n?o s�� te dar�� prazer, sei que ella �� j�� necessaria! S�� ella te satisfar��. J��
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