Octavia | Page 7

Vittorio Alfieri
te perdoei o assassinio de meus parentes, agora te perd?o de antem?o o meu proprio: mata, reina, mata ainda, sempre! Conheces os sangrentos caminhos do crime... Roma est�� habituada a colorir os teus actos de vingan?a... O que p��des temer? Commigo se extinguir�� a ra?a dos Claudios, e acabar�� assim o amor e a lembran?a do povo por ella... Os deuses est?o j�� acostumados ao fumo do teu incenso sanguinario; pendem nos templos signaes evidentes, horr��veis offertas de cada um de teus crimes!... s?o estes os teus troph��os; s?o teus triumphos occultos assassinatos!... Baste minha morte para applacar-te o furor... Porque cobrir-me de nodoa infamante, quando eu n?o fujo �� morte?
N��RO.
Para tua defesa concedo-te inteiro o dia de hoje; folgarei se n?o fores culpada. Nada receies do meu odio, mas sim da enormidade do crime que commetteste.

SCENA VII.
OCTAVIA.
Misera!... N��ro cruel, sempre banhado em sangue, e sempre de sangue sequioso!...

ACTO TERCEIRO
* * * * *

SCENA I.
OCTAVIA, SENECA.
OCTAVIA.
Vem, �� Seneca, vem, seja-me licito ao menos chorar comtigo; j�� n?o me resta outra pessoa com quem possa desafogar meus sentimentos.
SENECA.
Ser�� possivel, senhora? Que uma falsa e infame accusa??o...
OCTAVIA.
Tudo eu esperava de N��ro, mas nunca este derradeiro ultraje, que por si s�� excede tudo quanto tenho soffrido at�� agora.
SENECA.
Mas, n?o passa de loucura accusar-te de crime t?o infame; a ti, modelo vivo de amor e de fidelidade, a ti t?o boa, t?o modesta, t?o piedosa, a ti que, n?o obstante, o la?o que te prendia a N��ro, te conservaste pura; ser�� possivel que manchem tua reputa??o? N?o, assim, n?o acontecer��; eu o espero. Ainda estou vivo, eu que fui testemunha de todas as tuas virtudes...... Roma me ouvir�� proclamar tua innocencia emquanto me restar um sopro de vida. Qual ser�� o cora??o empedernido que de ti n?o ter�� compaix?o? Ah! �� inutil que contes teus soffrimentos, nem conta-los saberias... Eu sinto e partilho tuas d?res.
OCTAVIA.
�� em v?o que esperas, Seneca; N��ro n?o ficar�� satisfeito emquanto n?o houver manchado o meu nome. Tudo aqui se curva �� sua vontade: tu mesmo, te perderias e de balde. Ah! �� por ti que eu tremo. �� certo que defendem teu nome conhecidas virtudes. Ah! porque n?o acontece assim commigo! Mas sou joven, sou mulher e cresci, fui educada no meio de uma c?rte corrompida... Oh! c��o! E podem julgar-me r�� do crime vil que me imput?o! Ninguem acredita, ninguem p��de acreditar que eu tenha conservado no cora??o o antigo amor que consagrava a N��ro. E entretanto, sabe que o meu cora??o espesinhado mil vezes e de mil maneiras, n?o sente maior d?r de que a de v��-lo amar outra mulher.
SENECA.
N��ro ainda me conserva a vida; porque o faz, n?o sei; ignoro porque se afasta de mim sorte igual �� de Burrho e de alguns outros poucos virtuosos; mas, posto que demore o momento da vingan?a, sei que escreveu meu nome no seu livro de morte. Eu com minhas proprias m?os j�� teria posto fim a meus dias, se n?o me contivese uma esperan?a (esperan?a illusoria!) de chama-lo novamente ao caminho do bem. Espero entretanto que me seja dado, antes de morrer, arrancar de suas m?os um innocente...... Se fosses tu, se eu pudesse ao menos poupar-te a infamia...... oh! morreria feliz.
OCTAVIA.
Ao entrar de novo neste palacio, perdi a esperan?a de viver mais tempo. N?o penses que eu n?o receie a morte; debil mulher, como poderia eu ter tal coragem? Temo-a, �� certo, e no entanto chamo-a de todo o cora??o, e, entre gemidos, volto os olhos para ti, meu mestre, que t?o bem ensinas a morrer!
SENECA.
Ah! cala-te; assim me despeda?as o cora??o... Ai de mim!...
OCTAVIA.
Tu s�� podes salvar-me, pelo menos da infamia! E v�� quem me accusa... �� ella, Popp��a, quem me exprobra semelhantes amores!
SENECA.
�� digna esposa do feroz N��ro!
OCTAVIA.
N?o �� a virtude de certo que mais agrada a N��ro; o gesto desenvolto, a audacia s?o o jugo que a domina; a ternura, a meiguice, parecem-lhe fastidiosas... Oh! quanto n?o fiz por agradar-lhe! Seus menores desejos er?o leis para mim, sua vontade foi-me sempre sagrada. Chorei occultamente a morte de meu irm?o, se n?o felicitei N��ro por este crime, tambem n?o ousei lan?ar-lh'o em rosto. Chorei longe delle; em sua presen?a calei-me. Fingi acreditar que n?o f?ra elle quem derram��ra o sangue dos meus: foi tudo em v?o... O meu cruel destino quer que eu lhe desagrade sempre!
SENECA.
Porventura N��ro poderia j��mais amar-te, a ti que n?o ��s impia nem cruel? Mas deixemos isto de parte, tranquillisa o espirito. J�� vem rompendo o dia. O povo, apenas souber que est��s de volta, querer�� ver-te e dar-te provas de sua affei??o; espero muito delle. Suas murmura??es er?o j�� violentas quando partiste, nem cess��r?o durante a tua curta ausencia. N��ro �� iniquo, mas �� ainda mais cobarde; n?o ousa realisar todos os seus desejos porque sempre teme o povo. ��
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