Mariz que foi em 1554. Mas a carta de Chiado, que merece f�� por ser um documento da epoca, fixa o anno de 1553.
El-rei mandou que fossem buscal-a �� fronteira D. Jo?o de Lencastre, duque de Aveiro, e o bispo de Coimbra D. Frei Jo?o Soares, os quaes se fizeram acompanhar de pessoas de categoria, entre as quaes D. Affonso de Lencastre e D. Luiz de Lencastre, irm?os do duque de Aveiro.
Na fronteira, D. Diogo Lopes Pacheco, duque de Escalona, e D. Pedro da Costa, bispo de Osma, fizeram entrega da princeza aos embaixadores portuguezes.
D. Joanna entrou por Elvas, e d'ahi, ap��s breve demora, seguiu em jornadas at�� ao Barreiro, onde D. Jo?o III a foi esperar para acompanhal-a a Lisboa.
O professor Manuel Bento de Sousa poz em relevo a fatalidade pathologica que desde o ber?o condemnou D. Sebasti?o aos desatinos que veiu a praticar em detrimento e ruina do paiz.
?D. Sebasti?o, diz o illustre e fallecido professor, �� pela m?e neto de um epileptico[16], e a accumula??o da hereditariedade morbida verificou-se sem perturba??o.
?Sua m?e �� filha de epileptico e neta de doidos[17], sua av�� �� irm? do mesmo epileptico e filha dos mesmos doidos, sua bisav�� �� irm? e filha do mesmo epileptico e dos mesmos doidos. Seu av?, por consequencia, �� neto de doidos, e seu pae �� bisneto dos mesmos doidos.
?Como exemplo de nevropathia accumulada por heran?a n?o ha melhor[18]!?
[16] O imperador Carlos V.
[17] Joanna _a Doida_ e Filippe I, leviano, perdulario, incapaz de governar.
[18] _O Doutor Minerva_, pag. 198.
Sobre a inconveniencia physiologica dos casamentos consanguineos, repetidos de gera??o em gera??o entre as casas reaes de Portugal e Hespanha, vieram accumular-se, pelo enlace do principe D. Jo?o com a princeza D. Joanna, as taras hereditarias da epilepsia e da loucura que os dois desposados, primos co-irm?os, tinham recebido dos seus proximos ascendentes communs.
A m?e de D. Sebasti?o deu provas de uma exaltada hysteria, com allucina??es pavorosas, durante o periodo da gravidez.
Este casamento precipitou a morte do principe D. Jo?o e aggravou as taras da princeza D. Joanna.
Eram duas crean?as, ella de 18 annos[19] elle de 16[20], doentes dos mesmos vicios constitucionaes, e apaixonados um pelo outro. N?o conheceram limites ��s suas rela??es amorosas, entregaram-se a uma ?demasiada communica??o? dilacerando-se carinhosamente em extremos de prazer insaciavel.
[19] D. Joanna tinha nascido a 23 de junho de 1535.
[20] D. Jo?o nasceu em Evora a 3 de junho de 1537.
O principe ardia n'um fogo de voluptuosidade, que o devorou prematuramente. Foi preciso separal-o da princeza, mas j�� era tarde. Estava perdido na flor dos annos.
Os medicos d'aquella epocha classificaram a doen?a de--paix?o hebetica. Os chronistas explicam que o enfermo sentia uma s��de devoradora; e D. Manuel de Menezes, na chronica que lhe �� attribuida, filia esse phenomeno pathologico no desregramento dos prazeres carnaes.
Ora o hebetismo--segundo a medicina do nosso tempo--�� um estado morbido, que inutiliza as faculdades intellectuaes, sem comtudo inutilizar a ac??o dos sentidos: uma especie de embrutecimento devido a commo??o cerebral[21].
[21] _Dict. de medicine_, segundo o plano de Nysten, refundido por Littr�� e Robin.
Assim devia ser, pois que o principe D. Jo?o precipit��ra a crise dos seus males hereditarios com um exgotamento nervoso.
Mas a--s��de devoradora--_polydipsia_, �� um symptoma da diabetes saccharina, que anda muitas vezes ligada ��s nevroses e, principalmente, �� epilepsia.
N?o repugna acreditar que a s��de exagerada e continua, que abrazava o principe, derivasse d'esse conjuncto pathologico recebido por heran?a e aggravado por excessos.
E que os chronistas n?o empregavam a palavra s��de em sentido figurado, v��-se d'estas palavras da chronica attribuida a D. Manuel de Menezes: ?mas elle (o principe) perseguido da s��de levantou-se uma manh? da cama a beber agua da chuva, que achou empo?ada ao p�� de uma janella, por descuido dos que lhe assistiam, que ent?o o deixaram s��, e sendo muita, e choca, fez-lhe muito mais mal, e logo empeiorou, e morreu no dia seguinte?.
A princeza, excitada pelas sensa??es amorosas e pelos sobresaltos da gravidez, redobrou de hysterismos, teve allucinadas vis?es, pavores imaginarios, de que ficou noticia.
Na v��spera do principe cahir doente, estando elle a dormir, julgou ella v��r, �� luz da tocha que allumiava a camara conjugal, surgir uma figura de mulher vestida de luto, com larga touca, a qual mulher, crescendo em vulto, amea?adora, fez estrincar os dedos e, ap��s um assopro que parecia o halito quente d'uma f��ra, desappareceu.
A princeza ficou n'uma grande perturba??o de terror, julgando verdadeira a vis?o, e interpretou-a no sentido de que o assopro annunciava que todas as suas esperan?as haviam de desfazer-se em vento.
Quanto ao trinco com os dedos n?o interpretou coisa nenhuma ou as chronicas o n?o dizem.
Tendo fallecido o principe D. Jo?o[22] sem que a princeza o soubesse ao certo, posto o suspeitasse, e j�� nas v��speras do parto, as damas que acompanhavam D. Joanna quizeram leval-a a espairecer na Varanda da Pella, do
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