Nova Castro: tragedia | Page 4

João Baptista Gomes Junior
Por hum feliz consorcio dois Imperios. Muito embora Beatriz te possuisse... Mas que digo? Ai de mim! Nos bra?os d'outra!.. Nos bra?os d'outra v��r o amado Esposo! Ah! n?o... n?o posso tanto, antes a morte.
Ped. He teu meu cora??o, ser�� teu sempre. Os la?os de Hymen��o s?o as mais debeis Priz?es que a ti me lig?o. Quando amamos, Desnecessarios s?o ritos, promessas: Mais for?a tem amor que os juramentos. Inda que ante os altares sacros votos De permanente f��, de amar-te sempre N?o tivesse a teu lado proferido, Seria sempre teu, sempre te am��ra; Sem que j��mais podesse for?a humana Separar cora??es, que amor un��ra.
Ign. Mas que, talvez em breve sopeados, Aos golpes da politica succumb?o.
Ped. Para lhe resistir basta o meu bra?o.
Ign. O teu bra?o, Senhor, s�� deve armar-se Para emprezas mais dignas do teu nome: No lance melindroso em que nos vemos Conv��m, mais que os furores, a brandura; E apezar das raz?es que ponderaste, Julgo que deves dirigir-te �� Corte; Pois talvez, se n?o corres a embarga-los, Teu Pai avance os come?ados passos Para as nupcias da Infanta de Castella, Na esperan?a de ser obedecido, E a ponto chegue que depois n?o possa...
Ped. Sem lhe dizer porque, j�� fiz saber-lhe, Que taes nupcias j��mais celebraria.
Ign. Mas n?o f?ra melhor...
SCENA IV.
D. Pedro, Ignez, e D. Sancho.
Sanc. ................... Senhor: ah! corre, Vem esperar teu Pai.
Ign. .............. Oh Ceos!
Ped. ...................... Que dizes?
Sanc. Dirigido a Coimbra em veloz marcha Partio da Corte Affonso, aqui n?o tarda.
Ign.(7) Agora sim, minha desgra?a he certa.
(7) Fallando comsigo mesma.
Ped. (8) Meu Pai? oh Ceos!.. meo Pai?
(8) Pensativo, e admirado.
Sanc. ........................ Coelho, e Pacheco, Seus crueis Conselheiros, o acompanh?o: Toda a Corte, Senhor, em sobresalto Ficou co'esta partida inesperada: Mendon?a que ligeiro vem trazer-te A importante noticia, assim o affirma: Murmura o Povo j�� de recusares As nupcias de Beatriz, que applaudem todos.
Ped. Murmure muito embora, embora venha Armado de poder, ardendo em raiva, Da vingan?a, e das furias escoltado, Esse a quem por meu mal devo a existencia; Que, se intentar comigo ser tyranno, Ha de em seu filho achar hum inimigo Capaz dos mais tremendos attentados; Que em casos taes os crimes n?o s?o crimes, S?o for?oso dever das almas grandes. Espera-lo n?o vou.
Sanc. ........... Senhor, que fazes?
Ped. O que me apraz fazer.
Ign. .................... Oh Ceos! Nem posso Das tuas express?es horrorizada, Soltar do cora??o tremulas vozes: Fallem por mim as lagrimas que choro... N?o me consternes mais. Ah! vai, n?o tardes; V?a a encontrar teu Pai, se ver n?o queres Estalar de afflic??o a tua Esposa.
Ped. (9) Eu vou satisfazer-te, sim eu parto; Vou rasgar do segredo a cauta venda: Saiba, sim, saiba Affonso antes que chegue Estes sitios a entrar, que Ignez habita, Que a deve respeitar como Princeza; Que inquebravel priz?o a Ignez me liga.(10)
(9) Depois de ficar hum pouco pensativo, diz resoluto.
(10) Em ac??o de partir, e D. Sancho retendo-o.
Sanc. Oh Ceos! N?o fa?as tal, melhor discorre; Para lhe revelar hum tal segredo Occasi?o mais opportuna espera: A c��lera azedar n?o v��s de Affonso; No transporte cruel das suas iras, Bem sabes que he capaz...
Ped. ................... De que? De nada: Mais de mim, do que eu delle, tremer deve... Se ousasse contra Ignez... Ah! nem pensa-lo. Para vingar o seu menor insulto Seria pouco todo o sangue humano.
Ign. Bem me dizia o cora??o presago... Meu mal he sem remedio; o proprio Esposo He quem vai despenhar-me no sepulchro. Meus crueis inimigos n?o me assust?o: O popular tumulto, hum Rei severo Nada temo, ai de mim! a ti s�� temo. Ah! Lembra-te, Senhor, do que juraste Antes de conduzir-me ��s sacras Aras, Onde eu te n?o seguira, se primeiro Tu me n?o prometesses guardar sempre O devido respeito ao teu Monarcha, E a paz n?o perturbar dos seus Dominios: Tu n?o has de faltar, o tempo he este, Que eu j�� prev��a ent?o: oh caro Esposo! Lan?a do cora??o fataes transportes; N?o percas tempo, vai, corre a prostrar-te Aos p��s do grande Affonso; mas submisso, Ao beijar de teu Pai a m?o augusta, Sobre ella de teus olhos chova o pranto. Pondera que te perdes, que me perdes, Se com elle furioso praticares; S�� nos pode salvar docil brandura: Se n?o queres matar-me, s�� submisso.
Ped. O temor de affligir-te pode tudo. Respeitoso serei, terei brandura, Se elle brandura igual usar comigo. Nada temas, Princeza: Adeos. Eu juro Pelos Ceos outra vez, e por ti mesma, Que inda que o Mundo inteiro se me opponha, Castro ha de ser de Portugal Rainha.(11)
(11) Parte.
Ign. N?o te apartes, D. Sancho, do seu lado: Moderem teus conselhos seus transportes.
Sanc. Dai for?as, justos Ceos, ��s minhas vozes, Lan?ai a Portugal piedosas vistas.
SCENA V.
Ignez s��.
Que temor, infeliz! de mim se apossa!(12) Caro Principe!.. Esposo!.. oh Deos, quem sabe Se a ver-te tornar?o inda os meus olhos. Vai,
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