Nova Castro: tragedia | Page 5

João Baptista Gomes Junior
�� Castro, abra?ar-te aos caros filhos, E entrega-te nas m?os da Providencia. (12) Sem poder despregar os olhos do caminho que tomou D. Pedro.

ACTO II.
SCENA I.
D. Affonso, e D. Pedro.
Af. Basta, Principe, basta: prescindamos De justas argui??es, de escusas futeis; N?o quizeste ir, vim eu. Quero esquecer-me, Perdoar quero mesmo as tuas faltas, Huma vez que obediente hoje as repares. Conclu?o-se estas nupcias proveitosas, Que para teu prazer, e a bem do Estado, Prudente contratei. Ver��s com gosto, Quando Lisboa entrares a meu lado, Com quanto regozijo o Povo todo, Teu consorcio applaudindo, a festeja-lo Com pompa j��mais vista se prepara. Que do?ura n?o he para os Monarchas, Espalhar alegria entre os Vassallos! V��-los mandar ao Ceo ardentes votos, Pela conserva??o da Regia Prole, Que lhe segura a paz, a dita, a gloria! V��r que as suas ac??es o Povo approva, E contente aben??a o seu Reinado, Curvando-se de grado ao leve jugo, Que s��mente os m��os Reis fazem pezado! Mil gra?as dou aos Ceos, pois satisfeitos Julgo estar?o de mim os Lusitanos. E nada mais desejo que deixar-lhes, Em meu filho, outro eu, que sempre os ame, E que por elles seja sempre amado. Come?a desde j�� neste consorcio A firmar o seu bem. Sim, hoje mesmo Deves partir comigo para a Corte, A fim de o celebrar, logo que chegue A Infanta de Castella, digno objecto Que escolhi para Esposa de meu filho.
Ped. Ah! Que seja possivel, por meu damno, Que o melhor dos Monarchas do Universo, Igualmente n?o seja o Pai mais terno! Que hum Rei, que desvelado buscou sempre Fazer os seus Vassallos venturosos, Queira fazer seu filho desgra?ado!... Contratares, Senhor, sem consultar-me Hum consorcio, ignorando se teu filho Pode, ou quer d'Hymen��o ��s leis cingir-se! Se essa, que lhe destinas para Esposa, Pode ao seu cora??o ser agradavel! Acaso julgas tu desnecessaria A minha approva??o para estas nupcias! N?o ser�� livre hum cora??o ao menos Na escolha d'huma Esposa, que amar deve... Ah! N?o queiras, Senhor, com tal violencia...
Af. Immudece, insensato; n?o prosigas Indignas express?es que me envergonh?o... Bem conhe?o a raz?o porque assim pensas. Que indignos sentimentos, que fraqueza, Para quem deve hum dia ser Monarcha! Como, quando do Imperio as redeas tomes, Quando na m?o a espada formidavel Da severa Justi?a sustentares, Das paix?es punir��s o torpe effeito, Sendo tu proprio das paix?es escravo? Como j��mais ser��s obedecido, Se tu mesmo ao teu Rei desobedeces? Com quanta repugnancia os Portuguezes, Murmurando, ver?o no Luso Solio, Que de tantos Her��es tem sido assento, Hum Rei dado ��s paix?es, afeminado, Incapaz de empunhar o Sceptro augusto!
Ped. Mas capaz de os reger, e defende-los. Se das grandes paix?es sou susceptivel, A molleza detesto, bem o sabes: Quando cumpre, Senhor, em campo armado; Ensinado por ti, brandindo a espada Sei por ac??es mostrar que sou teu filho; Nem para ser bom Rei (Senhor, perd?a) Eu julgo necessario huma alma dura; Mas antes me persuado n?o dev��ra O que fosse insensivel reger Homens. Cora??es que �� ternura se n?o rendem, J��mais sabem carpir alheios males; Nem do��r-se das lagrimas do afflicto.
Af. Apagada a raz?o, c��go deliras; Isentos de paix?es os Reis ser devem; Man?o dos seus os publicos costumes: Se exemplific?o mal os seus Estados, Os vicios dos Vassallos s?o seus vicios; Devem sacrificar os seus desejos; Ser comsigo crueis a bem dos Povos, Que o Ceo lhes confiou; e os que se ensai?o Para lhes dar as Leis, devem mostrar-se Capazes destes nobres sacrificios. Os consorcios dos Principes s?o obra Dos int'resses do Estado, elles decidem, Elles disp?e de n��s. Deixem-se ao Vulgo Caprichosos melindres com que exige, Que aos la?os d'Hymen��o Amor presida. As do?uras de Amor para os Monarchas S?o de pouca valia: a nossa gloria N?o se firma em t?o fracos alicerces.
Ped. Se aos que devem reinar he necessario Ceder dos privilegios, dos direitos Que a Natureza deo aos Homens todos; Por tal pre?o, Senhor, n?o quero o Throno! La?os formar, que o cora??o repugna, Origem de desgra?as, e de crimes... Assaz o exp'rimentei... grilh?es t?o duros, Por tuas m?os lan?ados, longo tempo Com bem custo arrastei... Supportar outros... Ah! N?o, Senhor, n?o posso.
Af. ...................... Temerario! Basta j�� de soffrer hum filho ingrato. Se aos rogos, ��s raz?es de hum Pai benigno Tu n?o queres ceder; cede aos preceitos De hum Monarcha severo, e justi?oso. Eu dei minha palavra, has de cumpri-la: Os tratados dos Reis n?o s?o falliveis: Debalde pois te opp?es...
Ped. ................... Mas ah! Pond��ra...
Af. Tenho em fim decidido. Acaso queres, Deixando de cumprir o meu Tratado, Entre os Povos soprar horrenda guerra? Queres v��r Portugal nadando em sangue? Contra n��s conspirada a Europa inteira, Abra?ando o partido de Castella, Vir vingar sua injuria? Ah!...
Ped. ......................... Que rec��as? Portugal vencedor, nunca vencido, Zombar�� do poder do Mundo inteiro. T?o ousada ser��, t?o
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