perd?o:
_Foi facil, �� M?e formosa,?Foi facil o engano meu;?Que o semblante de Marilia?He todo o semblante teu_.
LYRA XXXI.
Minha Marilia,?Se tens belleza,?Da natureza?He hum favor.?Mas se aos vindouros?Teu nome passa,?He s�� por gra?a?Do Deos de amor,?Que terno inflamma?A mente, o peito?Do teu Pastor.
Em v?o se vir?o?Perlas mimosas,?Jasmins, e rosas?No rosto teu.?Em v?o terias?Essas estrellas,?E as tran?as bellas?Que o Ceo te d��o;?Se em doce verso?N?o as cantasse?O bom Dirceo.
O voraz tempo?Ligeiro corre:?Com elle morre?A perfei??o.?Essa, que o Egypto?S��bia modera,?De Marco impera?No cora??o;?Mas j�� Octavio?N?o sente a for?a?Do seu grilh?o.
Ah! vem, �� bella,?E o teu querido?Ao Deos Cupido?Louvores dar;?Pois faz que todos?Com igual sorte?Do tempo, e morte?Poss?o zombar:?Tu por formosa,?E elle, Marilia,?Por te cantar.
Mas ai! Marilia,?Que de hum amante,?Por mais que cante,?Gloria n?o vem!?Amor se pinta?Menino, e cego:?No doce empr��go?Do charo bem?N?o v�� defeitos,?E augmenta, quantas?Bellezas tem.
Nenhum dos Vates,?Em teu conceito,?Nutrio no peito?Nescia paix?o??Todas aquellas,?Que v��s cantadas,?For?o dotadas?De perfei??o??For?o queridas;?Por��m formosas?Talvez que n?o.
Por��m que importa?N?o valha nada?Seres cantada?Do teu Dirceo??Tu tens, Marilia,?Cantor celeste;?O meu Glauceste?A voz ergueo;?Ir�� teu nome?Aos fins da Terra,?E ao mesmo Ceo.
Quando nas azas?Do leve vento?Ao Firmamento?Teu nome for:?Mostrando Jove?Gra?a extremosa,?Mudando a Esposa?De inveja a c?r;?De todos ha-de,?Voltando o rosto,?Sorrir-se Amor.
Ah! n?o se manche?Teu brando peito?Do vil defeito?Da ingratid?o:?Os versos beija,?Gentil Pastora,?A penna adora,?Respeita a m?o,?A m?o discreta,?Que te segura?A dura??o.
LYRA XXXII.
N'uma noite socegado?Velhos papeis revolvia,?E por ver de que tratav?o?Hum por hum a todos lia.
Er?o copias emendadas?De quantos versos melhores?Eu compuz na tenra idade?A meus diversos amores.
Aqui leio justas queixas?Contra a ventura formadas,?Leio excessos mal acceitos,?Doces promessas quebradas.
Vendo sem raz?es tamanhas?Eu exclamo transportado:?_Que finezas t?o mal feitas!?Que tempo t?o mal passado_!
Junto pois n'hum grande monte?Os soltos papeis, e logo,?Porque reliquias n?o fiquem,?Os intento p?r no fogo.
Ent?o vejo que o Deos cego?Com semblante carregado?Assim me falla, e crimina?O meu intento acertado.
_Queres queimar esses versos??Dize, Pastor attrevido,?Essas Lyras n?o te for?o?Inspiradas por Cupido_?
_Achas que de taes amores?N?o deve existir memoria??Sepultando esses triunfos,?N?o roubas a minha gloria_?
Disse Amor; e mal se calla,?Nos seus hombros a m?o pondo,?Com hum semblante sereno?Assim �� queixa respondo:
_Depois, Amor, de me dares?A minha Marilia bella,?Devo guardar humas Lyras,?Que n?o s?o em honra della_?
_E que importa, Amor, que importa?Que a estes papeis destrua;?Se he tua esta ma?; que os rasga,?Se a chamma, que os queima, he tua_?
Apenas Amor me escuta?Manda que os lance nas brazas;?E ergue a chamma c'o vento,?Que formou batendo as azas.
LYRA XXXIII.
P��ga na lyra sonora,?P��ga meu charo Glauceste;?E ferindo as cordas de ouro,?Mostra aos rusticos Pastores?A formosura celeste?De Marilia, meus amores.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Que concurso, meu Glauceste,?Que concurso t?o ditoso!?Tu ��s digno de cantares?O seu semblante divino;?E o teu canto sonoroso?Tambem do seu rosto he dino.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Para pintares ao vivo?As suas faces mimosas,?A discreta Natureza?Que providencia n?o teve!?Creou no jardim as rosas,?Fez o lyro, e fez a neve.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
A pintar as negras tran?as?Pe?o que mais te desvelles:?Pinta chusmas de amorinhos?Pelos seus fios trepando;?Huns tecendo cordas delles,?Outros com elles brincando.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Para pintares, Glauceste,?Os seus bei?os graciosos,?Entre as flores tens o cravo,?Entre as pedras a granada;?E para os olhos formosos,?A estrella da madrugada.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Mal retratares do rosto?Quanto julgares preciso,?N?o d��s a c��pia por feita;?Passa a outros dotes, passa,?Pinta da vista, e do riso?A modestia, mais a gra?a.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Pinta o garbo de seu rosto?Com express?es delicadas;?Os seus p��s, quando passe?o,?Pizando ternos amores;?E as mesmas plantas calcadas?Brotando vi?osas flores.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Pinta mais, prezado amigo,?Hum terno amante beijando?Suas douradas cadeias;?E em doce pranto desfeito,?Ao monte, e valle ensinando?O nome, que tem no peito.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
Nem suspendas o teu canto,?Inda que, Pastor, se veja?Que a minha bocca suspira,?Que se banha em pranto o rosto;?Que os outros chor?o de inveja,?E chora Dirceo de gosto.
Ah, pinta, pinta?A minha bella!?E em nada a c��pia?Se affaste della.
FIM DA 1.^a PARTE.
MARILIA DE DIRCEO.
POR T.A.G.
SEGUNDA PARTE.
LISBOA: 1824.
Na Typ. de J.F.M. de Campos.
MARILIA DE DIRCEO
LYRA I.
J�� n?o c��njo de loiro a minha testa,?Nem sonoras Can??es o Deos me inspira:
Ah! que nem me resta?Huma j�� quebrada,?Mal sonora Lyra!
Mas neste mesmo estado em que me vejo,?Pede, Marilia, Amor que v�� cantar-te:
Cumpro o seu desejo;?E ao que resta supra?A paix?o, e a arte.
A fuma?a, Marilia, da cand��a,?Que a molhada parede ou ?uja, ou pinta;
Bem que tosca, e f��a,?Agora me p��de?Ministrar a tinta.
Aos mais preparos o discurso apronta:?Elle me diz, que fa?a no p�� de huma
M�� laranja ponta,?E delle me sirva?Em lugar de pluma.
Perder as uteis horas n?o, n?o devo?Ver��s, Marilia, huma id��a nova:
Sim, eu j�� te escrevo,?Do que esta alma dita?Quanto amor approva.
Quem vive no rega?o da ventura,?Nada obra em te adorar, que
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