K4 O Quadrado Azul | Page 5

José de Almada Negreiros
absoluto do deslocamento das propor??es. Em vez de assignatura estava mal impresso um quadrado azul n'uma impaciencia de c?r �� espera do que vi��sse da distancia diminuida em frio telegrafico de noite. Os sentidos reproduziam-se em listas fosforescentes plas diagonaes dedadas de teclado onde se crucificava um W entrela?ado em peixe-desespero f��ra d'agua. E outra vez as diagonaes dividiam o quadrado em raios X separa??o sectores transbordantes de pra?a de touros onde o eu-querer-me-dizer f?sse o touro mais forte contra toureiros transparentes a sangrarem-me o cacha?o. Eu existia apenas na febre da cidade e sempre atento, a ver quando os meus sentidos se distraiam pra me raspar de dentro de mim-proprio. Mas o circulo can?ado de se procurar dentro de si-proprio em velocidade-mania parava nitidamente em quadrado azul. Tambem o cone azul da chama num gesto de emancipa??o planificava-se em quadrado azul esticado perpendicularmente no plano mais proximo numa transparencia de s�� se ver pra l�� a mola das cidades e as ambi??es-segr��dos. O quadrado azul inchava-se pra harmonium asm��tico co'a voz de candieiro rouca de ventania e dizia esta quadra de 4 vertices: Amar = A + M + A + R. Primeiro um A, o primeiro A de amar. A seguir um M, o unico M de amar. Depois um outro A, o segundo A de amar. E por fim um R, o R do fim de amar. Todos os outros AA eram independentes como estes, todos pertenciam ��s suas palavras, aos seus logares nas palavras. Eu-proprio que tantas vezes julguei que eu era um genio descobri que afinal n?o passava de ser o A do azul quadrado do quadrado azul. O meu olfato desprendera-se da quilha e desfocando-se do projector pra sexo-n��doa vestido de r��de, oscillava em anel perdido pr�� profundidade de ser um cadaver com pezos nos p��s pra n?o dar �� praia. Os outros sentidos desapareciam plos cantos em arrancos instantaneos de bichos surpreendidos e illuminavam os v��rtices de olhos inchados de m��do e acc��sos de curiosidade na entrada de buracos que s�� existissem por desaparecerem os peixes espantados. O meu atavismo viscoso tinha ca��do no fundo. Tinham-se-me dissolvido as formas, pouco a pouco, desde a superficie e por fim o meu anel j�� enfiava s�� a psicologia a tingir de raiva a nostalgia subsistente do respirar. E como um acontecimento maravilhoso rodearam-me o anel chusmas neutras de animaes microscopicos e cabe?udos que se deixavam atravessar pla irradia??o luminosa do diamante cujo ponto brilhante apertava avarentamente-dolorosa a minha intelligencia fabricada de substancia de eternidade. Mas com o tempo o brilho do diamante passou a ser a extremidade-cilada da ant��na fluctuante da fishingfrog numa importancia capital de ser Eu a origem de todas as luzes. Recordava ainda, por vezes, o meu c��rebro a deformar-se pra Zeppelin perseguido por cascatas alienadas e invertidas em j��rros de obse??o acc��sos por dentro de funis desde os olhos da praia sem luar. O remorso refugiara-se em veado cercado de mortes antropofagas por todos os lados mal illuminados. Os bal?es cativos tinham-se embebedado com loucura julgando ser lic?r v��rde. Lembrava-me tambem de j�� ter sido a minha intelligencia a materia c��rante das por??es cubicas do Oceano. Depois um c��o furta-c?res alastrou-se alegremente-jovem pr'��l��m do brilho femenino resignadamente-c��rcere da nudez da madrep��rola. E a minha intelligencia ��a escorregando ventosa plo fundo do mar, plo fundo do mar de todas as substancias do fundo do mar, plo fundo do mar de todas as coisas que n?o vivem no mar. E por tudo o que eu pensava iam ficando peda?os solidos da minha fantaz��a como marcas salientes de pr��ta utensilio. O proprio genio de Vinci accendia-me as meninges pra me revelar a tatuagem indel��vel e desenhada a congest?o pla idolatria com que me antecedeu. Toda a minha fantaz��a era cardinalmente, por instantes ininterruptos, a intensidade exacta das vidas j�� resolvidas e a das vidas que ainda se demoravam pra nascimento. E tudo se sucedia por formas de belleza revelada e de belleza intacta. Por todas estas realidades das no??es org��nicas nunca se denunciava a existencia das particulas representativas das intelligencias aventureiramente transportadas ao inter��sse das inven??es realizadas, das futuras e das impossiveis. Isto ��, o Radium n?o podia ter sido descoberto antes do seculo xx por n?o existirem ainda sob��jos de energias transbordantes suficientes pra illuminarem essa minima quantidade de Radium resolvido. Esta vontade que me occorria de quando saisse de manh? pr�� passeio eu n?o saisse todo, saisse s�� metade por exemplo, ou s�� as pernas, ou s�� a intelligencia desalojada do c��rebro, ou s�� sensualidade, ou s�� o desejo de ser um fio, onde estiv��ssem enfiados os valores, interessantes das formas em geral resolve-se excedentemente no quadrado azul. As conchas por exemplo, deixaram de ser symbolos indecifraveis pra serem a express?o e o movimento dos que pensaram nas conchas. Verdade �� que
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