francez, o caso �� este:
Um dia estava o pai, e ella, e um outro?Janota almiscarado, conversando.?De improviso a menina a lingua solta?Em barbaros grasnidos que atarantam?A cabe?a do velho. O ?petimetre??Responde em algarvia semelhante.?O pai, no centro delles, era um parvo?Gemendo sob o peso do ridiculo...?Mas l�� vai o peor do caso infausto!?Ao dar da meia noute desse dia?Cumpria-se a promessa contratada?Na presen?a d'um pai, que bem podera?Embargos de terceiro inda intentar?Se fosse em portuguez organisada?A injusta peti??o do supplicante.
Pais de familia, vossas filhas fallam?Italiano, francez, gallego, ou turco??Dai-lhes p'ra baixo como eu dou nas minhas.
_UM JANTAR DE BAROENS._
INVOCA??O.
Musa da sopa e do cosido, inspira-me!?Pandega musa, que sorris ao vate?Em m?lho d'a?afr?o, e de tomate,?Um cego adorador... achaste em mim.?Transforma o estro meu em lombo assado,?Da minha inspira??o faz um podim.
Tu filha dos baroens, musa do unto,?Nasceste na cosinha entre ca??las;?Saudaram-te no ber?o alhos, ceb?las,?Do cominho tiveste uma ova??o.?Depois, trajando gallas de toucinho,?Eu vi-te nas bochechas d'um bar?o.
Namorado de ti, fiz-te meiguices,?Por de traz d'um pirum, e tu de l��?Sorriste-me atravez da nedea p��?De vitella gentil, rica de arroz!?Ai! era!.. e nem eu sei se foi mais linda?Aquella gorda pata... que te poz!
Tu fizeste de mim novo Claudio,?Inspiraste-me f�� no rodavalho.?Traguei indigestoens, arrotos d'alho,?_Bernardas_ na barriga supportei.?Tomei ch�� de marcella... e, em premio d'isto.?O teu auxilio, �� musa, n?o terei?!
I
Dentro e f��ra illuminado?O palacio d'um bar?o,?Fulgurante representa?Um enorme lampi?o.?Jorram lympidas vidra?as?Sobre as populosas pra?as?Ondas tremulas de luzes.?Vai l�� dentro grande goso,?Nesse alca?ar radioso?Do bar?o dos Alcatruzes.
D'Alcatruzes �� chamado,?Porque, sendo ainda mo?o,?Muitos baldes d'agua fresca?Dizem que tirou d'um po?o.?Nenhum outro mais destreza?Revellou na ardua empreza.?De puchar acima um balde.?Um que seja t?o robusto?Ha-de vir mui tarde e a custo,?Do concelho de Ramalde.
�� bar?o; n?o vale a pena?Discutir-lhe os nobres feitos.?�� bar?o dos Alcatruzes?J�� tem pagos os direitos.?Inda �� mais; pois al��m d'isto?�� commendador de Christo?Com bastante indiscrip??o.?Mal diria Christo outr'ora,?Que seria posto agora?No peito d'um vendilh?o!
E mais elle, que os tocava?Com terrivel azorrague!..?Mas os Judas vendem Christo,?Ponto �� haver quem pague.?E o bar?o dos Alcatruzes?Neste seculo das luzes?Tambem fez de farizeu:?E, tambem, se �� necessario,?Representa de Calvario,?Onde a cruz se suspendeu.
II.
N'um sal?o vasto, opulento,?Um banquete se vai dar;?Nos christaes reflecte o ouro,?A fulgir, a scintillar.?Os rubis, e a c?r da opala?Transfiguram esta sala?Em olympicas mansoens.?Mas a alma cae por terra,?Quando v�� que alli se encerra?Duzia e meia de baroens.
Da terrina a caudal sopa?Em silencio �� devorada.?S�� ent?o fingiram d'homens,?Porque n?o disseram nada.?Mas venceu a natureza!?Um bar?o por sobre a mesa?Estendendo o prato, diz:??�� compadre! isto �� qu'�� b?!?Venha sopa, e acab?!?C�� de mim, torno �� matriz!?
O bar?o de Cogumelos?Junto estando �� baroneza,?Que se diz dos Sacatrapos,?Quiz fazer-lhe uma fineza.?Arrastou p'ra junto d'ella?Um pirum, e a cabidela?No prato lhe despejou.?E lhe diz: ?c�� isto �� nosso;?Cousa que n?o tenha osso?�� p'r�� estamago, e arrimou!?
Outro diz �� gorda esposa,?Que bem perto de si tem:??Bai-lhe bebendo po'riba,?�� mulher, come-lhe bem!??Este pede ao seu visinho:??Que lh'atice bem no binho?Qu'�� da belha companhia.??Diz aquelle ao seu fronteiro:??Que lhe chegue um frango inteiro?E biba a sancta alegria!?
III.
As saudes j�� come?am.?�� um gosto agora v��l-os.?Estas caras representam?Tomates de cotov��los.?E, a travez do escarlate?Do legitimo tomate,?Transsuda um oleo que brilha,?Cada qual tem as orelhas?Encarni?adas, vermelhas?Como as azas d'uma bilha.
Pega no copo, e exclama?O bar?o das Pimpinelas:??Vito serio! um home fala?Sem preamblos nem aquellas!?�� saude e alegria?Desta bella companhia?E com toda a estifa??o!?P'ra que todos c�� binhamos?Estifeitos como bamos?De casa do s?r bar?o!?
E os hurras retumbaram?Pela sala do festim.?Balthazar nos seus banquetes?N?o ouviu gritar assim!?Sobre a mesa deram murros,?Saudaram com grandes urros?O bar?o dos Alcatruzes;?Mas alguns com magua sua,?J�� cuidavam ver a lua,?N?o podendo v��r as luzes.
Mas, entre elles, um existe,?Litterato em seu conceito.?A palavra pede, e reina?Um silencio de respeito.?Elle diz: ?Risonhas gallas?Que refrangem n'estas salas?Repercutem, symbolisam?Acrim��nias insoluveis,?Nos acr��sticos voluveis?D'epopeas que eternisam.?Pandemonios exhauriveis?D'indeleveis congruencias.?Requintados se escurecem?Nos imporios das sciencias?E liberrimos se escudam?Nas fa?anhas que transsudam?Em fantasiosas luzes.?E, por tanto, a mais alludo,?Quando, fervido, saudo?O bar?o dos Alcatruzes!?
Succedeu o grito ao pasmo!?Nunca se viu cousa assim!?O orador foi abra?ado?Com furor, com frenezim!??Isto �� qu'��!? dizia um,?Convertido em rubro atum,?Betarraba at�� n?o mais.??Viva Cissro!? outro dizia,?Despejando a malvazia,?Com grasnidos infernaes.
IV.
E a pandega findou. Mas alta noute,?Disseram-nos fieis informa?oens;?Que grande movimento ouve de tripas,?E grande salto deram as torneiras?Das pipas convertidas em baroens?Ou antes dos baroens tornados pipas.
ELOGIO FUNEBRE
_A uma dama, prodigio de fecundidade, que d�� �� luz tres romances, por semana, nos jornaes do Porto._
Atafona de romances,?��s um carril a vapor!?Romantisas quanto achas,?E nos folhetins encaixas?Com satanico furor.
Cornocopia da toleima!?N��s fizemos-te algum mal??Tu n?o sabes, escriptora,?Como zombam l�� por f��ra?Das lettras de Portugal?
N?o lucrara mais a patria,?E lucr��ras tu tambem,?Se fiasses n'uma roca.?Com primor, a massaroca,?Que desprezas, com desdem?
N?o te f?ra mais airoso?Bispontar bem uns fundilhos?Para em tempo competente?Um remendo p?r decente?Nas cuecas de teus filhos?
Mal tu sabes que sciencia?Tem da meia o calcanhar!?Talvez penses que o romance?�� mister de mais
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