que quando foi aos Principes, levou della bastante provis?o, & de crer he, obre Deos alguns prodigios, pois a procur?o com tanto extremo: o que se sabe he, que todos os Beajùs, que vem a este Var?o Apostolico, fic?o attonitos, sem saberem explicar o que divis?o em seu semblante, & algum houve dos nossos, que de si affirmou o mesmo.
Estando a nova miss?o em t?o bons termos, se levantou h[~u]a voz entre os Mouros, que publicava nos queriamos apoderar de sua terra, para o que deramos aos Beajùs grande copia de ouro. Notavel embara?o podia deste alarido resultar à missa?: mas a Providencia Divina, por cuja conta estava este negocio, permittio que aos quatro de Janeiro às nove horas da noite, viessem dous filhos do Tomong?m, & Dam?o, acompanhados de huns seus tios, & outras pessoas expostas a gr?de perigo, & por isso mettidos nas escotilhas da embarca?a?. Chegados ao lantim, mandàr?o chamar ao Capit?o Manoel de Araujo, & resolutos lhe disser?o, que ainda que havia mais de hum mez, que estav?o esperando por elles com tanto incommodo, esperari?o atè o outro dia, em que sahisse o barco daquelle porto; & receberi?o ao servo de Deos, para o que fari?o quantas obriga??es quisessem. O Capit?o, que conhecia por largas experiencias, ser evidentes disposi??es da Divina v?tade, condescendeo com os rogos daquelles Principes, de que ficàr?o t?o alvoro?ados, que hum delles pedio h[~u]a faca para tirar sangue dos bra?os (que entre elles he a mayor demonstra??o de contentamento) & assim logo se despedir?o dos nossos, por n?o ser conhecidos de seus contrarios.
Em quanto durav?o estes contrattos chegou o cunhado do Sind?m Principe mais poderoso, que os referidos; o qual sabendo acaso em as terras do Dam?o a vinda do servo de Deos, se veyo logo à embarca??o, & sabendo n?o estar ahi o Padre, sem mais deten?a se passou ao lantim, a?de se queixou aos Principes de n?o ter[~e] avisado a seu cunhado o Sind?m, & que se quisesse, em sua mesma galè o levaria às terras de seu cunhado, em que n?o poderia haver perigo, por estar em paz com o Mouro; & que ao menos depois de estar algum tempo com o Dam?o, & Tomong?m, o deixassem ir ao Sind?m, o qual tanto que tivesse noticia, logo o viria buscar, & finalmente lhe pedio, que n?o partisse, sem que elle mesmo o acompanhasse.
Aos 10.do mesmo mez chegàr?o outros seis Beajùs de terras distantes quinze dias de jornada, os quaes só ent?o tiver?o noticia do servo de Deos, & lhe trouxer?o alg[~u]as limitadas offertas, pedindolhe, que depois de estar em as terras do Tomong?m, se passasse a ensinalos, & alivialos em as suas; & em quanto estiver?o c? elle, n?o se satisfazi?o de o abra?ar, & lhe beijar as m?os, a [~q] o Padre respondia c? semelhantes express?es de affecto.
Nesta consola??o vivia o Padre, quando Deos, para purificar sua paciencia, lhe permittio h[~u]a consideravel pena, por causa de os nossos come?arem a presumir ser fingido o tratto dos Beajùs, & que n?o era c?veniente deixalo em t?o grande perigo; o que foi causa de se mostrar o Capit?o Manoel de Araujo menos effectivo, & fervoroso; mas conhecendo o Var?o Apostolico a novidade, com grande zelo protestou da parte de Deos ao Capit?o, o gr?de d?no, que resultaria àquelles povos, n?o o deixar em sua companhia, & que a perdi??o daquellas almas seria por conta sua.
Mas n?o he muito fosse t?o grande o sentimento, de quem com tanta ansia solicitava esta empresa, que chegou a affirmar em h[~u]a carta sua estas formaes palavras: Certo, certo, certo, deixàra agora a gloria do Paraiso, por trabalhar nesta vinha do Senhor atè o fim do mundo, sem mais premio, que acertar a fazer sua divina vontade. Commovèr?o ao Capit?o as ras?es do Padre a condescender com o seu desejo, para o que, chegado o dia 25.de Junho, em que desfeito o b?co de area, era facil a navega??o, ditta Missa, depois de administrar a alg[~u]as pessoas o Sacramento da Penitencia, se embarcàr?o o Capit?o Manoel de Araujo Gracez com sinco Portugueses, & o servo de Deos com quatro mancebos, hum China, a quem tinha dado liberdade Luis Francisco, outro da mesma na??o, que voluntariam[~e]te se offereceo, o Beajù Louren?o, & hum marinheiro natural de Bengalla, & àlem destes dous parentes do Tomong?m, & Dam?o, que tinh?o vindo para o acompanhar; & pedir ao Capit?o, n?o faltasse em func??o t?o grande, & para que esta fosse mais sol[~e]ne, arvoràr?o h[~u]a Cruz de incorruptivel madeira, & da mesma h[~u]a tarja com as Armas de Portugal com esta letra na circumferencia: Lusitanorum virtus, & gloria.
Finalmente partir?o para o rio dos Beajùs, no qual achàr?o muitas embarca??es promptas, em as quaes estari?o 800.pessoas, alg[~u]as das quaes entràr?o na nossa, & a for?o lev?do aonde estava o Tomong?m, &
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