Chronica de el-rei D. Affonso Henriques | Page 7

Duarte Galvão
breve espa?o se fizesse de uma s�� viagem, e por os primeiros, que a esto mandastes, outro tanto caminho, para achar a India, como em sessenta annos estava feito, no que, Senhor, grandemente servistes a Deos, ganhaste perpetua honra, nobrecestes vosso Reino, obrigastes o mundo, fazendo que em muita parte n?o sabida, o mundo soubesse parte de si mesmo, e por conseguinte de seu Creador, e Redemptor, o qual por sua infinda piedade, e amor que sempre mostrou ao bem, e honra destos Reinos, ordenou, que por vossas m?os se supprisse pelo mundo outra quasi segunda Pr��ga??o dos Apostolos, para notifica??o de nossa F��, renovada ��s gentes, que apoz seus peccados depois de recebida perderam, e necessaria para outra, que a nunca houveram, e de necessidade h?o de haver, segundo affirma Santo Agostinho, que em tempo dos Apostolos n?o foi pr��gada a F�� de Christo por todo o mundo, nem at�� seu tempo, quatro centos annos despois, dando logo em prova desso muitas gentes em Africa donde elle era, como pelos Cativos, que se de l�� traziam era manifesto, e que em todo caso a dita universal manifesta??o havia de ser, para se comprir, o que nosso Senhor disse, que seu Evangelho havia de ser notificado por o mundo universo ante do fim, em testemunho a todalas gentes, segundo se ora ass��s confirma por vossa navega??o e conquista o qual mysterio traz consigo grande mostra, e pronostico de ser, n?o s��mente para convertimento de muitos infieis, mas ainda para desfazimento, e destruimento da Mahometica secta consirado bem, Deos seja louvado, os come?os, e proseguimentos de seus maravilhosos effectos.
Muitos outros louvores, Serenissimo Rei, apontaria de vossas mui singulares obras, e virtudes mui compridas, se t?o facil me fosse poder-lhe dar cabo, qu?o facil me �� achar-lhe come?o, e se a elle n?o aprouvera faze-los mais sobidos, e manifestos por vossas obras, do que poderiam ser por minhas palavras, mas hi ficar�� tempo, e lugar para com sua gra?a se poderem dizer em vossa Chronica mais compridamente, com todo, Senhor, ��-me for?ado dizer ainda de vossas virtuosas obras uma necessaria �� presente materia, a qual ��, mandar-me V.A. mui afficadamente, que os notaveis feitos dos mui esclarecidos Reis vossos Antecessores, escritos, e postos por negligencia de Escritores, ou culpa dos tempos, n?o s�� em menos polida, mas ainda em desordenada, e acerca n?o achada memoria, os quizesse ordenar, e escrever, e quasi trespassar, e a mais honrados Jazigos, e sepulturas, como �� meu desejo para vosso servi?o, e na confian?a que me nesso V. A. mostra muito para folgar, mas para nella presumir sufficiencia n?o mais de atrever, que quanto est�� conhecido, que t?o grandes, e verdadeiros louvores participados de tanta gra?a Divinal, n?o pode nhum humano falecimento apouquenta-los, nem faze-los menos da verdade toda humana eloquencia, sem receo de nhum prasmo deve de folgar achar-se vencida de t?o excellente materia, cujo mui estimado pezo mais �� de culpar quem n?o queira, que quem n?o possa leva-lo; porque ainda n?o leixar�� de precal?ar muito louvor, e contentamento quem de t?o nobres, e louvados feitos fizer lembran?a, que foram, posto que n?o abaste dinamente faze-la de qu?o louvados foram, pois a grandeza de seu louvor por elles mesmos milhor se p��de estimar, que dizer. Escuzo aqui poder pela ventura parecer este carrego, e servi?o menos da maneira, e estima??o de meus servi?os; porque certo amor, e vontade, sobeja n?o acha servi?o minguado, nem devem de mais para os Principes, cujas causas por grandes que sejam, n?o devem tolher atrevimento, maiormente quando por algumas rez?es necessarias a seu mais servi?o se mandam, a quem sem ellas poderiam ser escusado mandar-se, assi que, Senhor, esto que me V.A. manda fazer se deve a meu juizo antre outras vossas louvadas obras muito estimar, e haver por outro quasi novo descobrimento, e renova??o de cousa ��cerca perdida, que tanto devia estar s?, e alumeada como cousa principal do mui devulgado bem, e honra que vossos Reinos tem, e logram, no que n?o menos, que em todas outras cousas esclarece vosso grande louvor, porque bem se mostra povoado de muitas virtudes, e n?o invejar as alheias, quem as dos outros muito ama, e assi as manda renovar, e apregoar, pelo qual, Serenissimo Senhor, como quer-que ��lem da grandeza da materia, me haja de ser trabalho, e difficuldade ajuntar, e supprir cousa de tantos tempos, desordenada, e falecida, e para haver de emendar escritos alheios, vejo que armo sobre mim juizos de muitos; por��m pois V.A. o ha tanto por bem, e servi?o seu, e de seus Antecessores, mui de vontade me puz a faze-lo, sendo certo, que haverei ante elle grado se n?o de sufficiencia, ao menos de obediencia, pois por comprir seu mandado, no que muito me n?o atrevo fazer, me n?o pude, nem soube negar.

LICEN?AS
DO SANTO
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