Deos no outro mundo, e neste leixem de seu tempo memoria, n?o s��mente, que viveram o que as animalias tem por igual comnosco; mas que bem, e louvadamente passaram sua vida, que �� proprio do homem, o qual tendo a vida, em dias breve, com a virtude que obra, a faz longa, e durar mais des que morre, vivendo depois de morto no outro mundo, por gloria, e neste por exemplo assi, que para n��s necessario nos �� nossa virtuosa vida, e para os outros nossa virtuosa fama; esto como quer que convem a todos, muito mais cabe em os Principes, e Reis faze-lo, cuja maior excellencia de seu nome traz logo maior obriga??o de seu carrego, que �� serem Reis postos por Deos, para regedores principaes na terra sobre os outros homens para execu??o, e exemplo de toda perfeita virtude, mas pois que toda desposi??o para obrar virtudes por muito que na?a com a pessoa n?o p��de ser comprida, nem haver perfei??o sen?o por ajuda, e gra?a Divinal. Grandes e perpetuos louvores devem ser dados a nosso Senhor, por todos os naturaes do Reino de Portugal, por tanto participar de sua gra?a, com os Reis vossos Antecessores, e com vossa Real pessoa, com t?o clara mostran?a de os querer honrar, e escolher para seu santo servi?o, exal?amento da sua Santa F��, de maneira, que para se mais mostrar que vinha delle, e por elle, segundo em seus grandes mysterios sempre neste mundo, at�� em si mesmo escolheo o menos, para fazer, ou desfazer o mais, e o baixo para se fazer conhecer por mais alto, lhe aprouve dar gra?a, e poder a vossos Antecessores por onde no Reino, e senhorio menos de outros que vemos na Christandade, alcan?��ram por suas louvadas famas, e obras, em todo o genero de louvor, e virtudes grande, e assinado merecimento para o outro mundo, e neste muita honra, fama, e proveito, para sua Real Coroa, e de seus Reinos, e esto ent?o poucas idades, que se as contarmos parece mui pouco tempo, e segundo a grandeza de suas obras julgar-se-ha por infindo, querendo nosso Senhor que assi como no desejo, e fervor de servi?o em especial de punhar pela F�� vossos Antecessores fossem sempre mui singulares, assi fosse singular antre os outros Principes nesta parte, e em outra seu louvor, remunerando-lhes nosso Senhor nisso seus grandes merecimentos como hoje em dia faz a vossa Real Alteza, segundo se grandemente manifesta no grande louvor, e n?o menos mysterio de vossas mui louvadas, e excellentes obras, as quais bem condradas concludem, e claramente mostram n?o menos, que vosso Divino nome ser Deos comnosco, e com o bem destes Reinos mais que de antes, dando-vos nellos para o diante como fruito mostrado, e prometido, no grande emflorecer de vossos Antecessores, escuza-me, Senhor, de ser, nem parecer adula??o o que digo.
Primeiramente vossa success?o nestos Reinos por nosso Senhor t?o claramente querida, e ordenada levando para si tantos, que vos nella precediam, segundo seus ocultos Juizos, por��m sempre justos, e escuza-me o grande fervor, que logo poz em vosso virtuoso cora??o para seu servi?o, em tirar Judeus, e Mouros destos Reinos por tal, que lan?ado f��ra todo Judaico, e Mosometico culto, ficasse s�� o verdadeiro de sua Christ? Religi?o, e escuza-me esso mesmo vossa perseverante deva??o, e cuidado, em proseguir, e obrar por mar, e terra, guerra contra Mouros, em as partes Dafrica, do que n?o satisfeito vosso manhanimo cora??o, e desejo, que sempre ha por menos o muito de t?o santas emprezas, n?o leixou de mandar a Levante por mar Armada de mui nobre gente, maior do que des memoria de homens, sem Rei saio destes Reinos em soccorro da Christandade contra os Turcos, e por Capit?o della D. Jo?o de Menezes Conde de Tarouca vosso Mordomo Mor, e Capit?o da Cidade de Tanger, mui dino de semelhantes, e maiores encargos por sua singular cavalaria, e prudencia. Escuzo-me finalmente antes, e depois desto, a grande maravilha, e mysterio, do achamento, ou mais com verdade conquista das Indias; nunca esperado, nem cuidado pelas gentes, at�� que se vio feito por vosso mandado, e posto por obra, e assi descobrimento de minas, terras outras, mares, climas, polos, e gentes inconhitas, nunca de antes sabidas, nem de n��s conversadas, o que nem aquelle gr?o Rei Alexandre Conquistador do mundo, nem Carthaginenses Senhores Dafrica, e grande parte Deuropa, nem Rom?os, que todos os outros passaram em senhorio, poderam alcan?ar trabalhando-se desso, como se l��, nem esso mesmo fazer vossos Antecessores em sessenta annos com muitas mortes de gentes, grandes despezas, e continuadas diligencias, o que se fez, e comprio nos primeiros dous, e tres annos de vosso Reinado trigando-se (segundo parece) a Divina Clemencia a manifestar este grande mysterio, por elle em vosso tempo predestinado, pelo qual quiz que em t?o
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