As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes | Page 5

Ramalho Ortigao
meninas entregaram ramos de flores a Anjo da Caridade. Anjo afagou. Circumstantes lagrimas em fio pelas faces. Anjo e Louras Crean?as retrataram-se em cinco posi??es differentes, que s?o todas as posi??es de que �� susceptivel o corpo humano, a saber: em p��, sentados, ajoelhados, acocorados e deitados. Jubilo povo vertiginoso.
CAPITULO XV
Porto... d'agosto. A este Baluarte liberdades patrias acaba chegar augusto Neto heroico Pedro IV. Presidente camara municipal disse Baluarte se gloriava ter Neto heroico Pedro no seio. Colxas dos defensores Baluarte ��s janellas. Jubilo povo epileptico.
CAPITULO XVI
Porto... d'agosto (urgente) Rapazes achados Vidago por Neto heroico Pedro IV entraram Baluarte liberdade em exposi??o triumphal. Rapazes precediam coche real de joelhos em carruagem descoberta. Jubilo povo, vendo rapazes exposi??o joelhos carruagem descoberta, inultrapassavel.
CAPITULO XVII
Porto... d'agosto. Neto heroico Pedro IV, Anjo Caridade e Louras Crean?as regressam hoje comboyo expresso a Lisboa. Governador civil, bispo, senhoras, beijar m?o Neto, Anjo, Louras Crean?as. Derradeiro adeus esta??o. Baluarte liberdade sem Louras Crean?as, Anjo e Neto, medonho ermo. Jubilo povo intradusivel linguagem humana.
NOTAS
AOS ANNAES DA VIAGEM DE SUAS MAGESTADES E ALTEZAS
A
Desmente-se noticia Anjo prohibir touristes petisqueira etc. Informa??es subsequentes ministradas aos jornaes pelo Banhista de Luso explicam a materia do capitulo que principia pelas palavras acima reproduzidas.
Os touristes a quem foi denegada licen?a para celebrarem um pic-nic dentro da floresta do Bussaco, requereram respeitosamente a sua magestade que se dignasse conferir-lhes a permiss?o de comerem os peixes que tinham pescado para o pic-nic, n?o j�� dentro, mas sim f��ra da matta.
Foi a este segundo requerimento, attendendo ��s supplicas dos touristes e ao estado em que come?avam a achar-se os peixes, que sua magestade se dignou de deferir de um modo inteiramente amavel e munificente.
O precedente estabelecido pelos touristes do Bussaco deixa-nos por��m immersos na mais acerba incerteza ��cerca dos pontos da superficie solida do reino em que nos �� licito comermos peixe sem invadirmos as residencias de suas magestades.
Porque, desde o momento em que n?o s�� as grandes serras mas tambem as bacias dos valles adjacentes se consideram, pela jurisprudencia invocada no Bussaco, como dependencias dos aposentos da real familia, ficamos perplexos sobre se o safio que pesc��mos esta manh? no logar do Bico na praia da Cruz Quebrada o poderemos comer em nossa casa sem por este facto invadirmos, posto que inconscientemente, a sala de jantar dos nossos reis. E pedimos ardentemente para sermos esclarecidos sobre a solu??o d'este problema:
Dado um safio pescado �� linha na ponta do Bico na praia da Cruz Quebrada; achando-se a Cruz Quebrada na dependencia geologica do Pa?o de Queluz pelo valle da ribeira do Jamor, e do Pa?o da Ajuda pelas quebradas e pelas vertentes da serra de Monsanto; achando-se por outro lado o safio ao lume dentro do seu respectivo tacho, entre duas camadas de cebola e tomate, com o competente fio d'azeite e o devido piment?o; tendo tido cinco minutos de fervura e havendo sido sacudido por duas vezes sem se destapar o tacho;
Pergunta-se:
Se podemos passar a comer o safio, collocados na dita latitude da Cruz Quebrada, entre os reaes pa?os de Queluz e da Ajuda, sem por esse acto faltarmos ao respeito devido �� inviolabilidade das montanhas, dos valles e das ribeiras que suas magestades se dignaram eleger para residir.
Esperamos, com o safio ao lume e com o acatamento mais profundo pelas reaes ordens, que o sr. Barros e Cunha, encarregado juntamente com o sr. Alcobia de transformar as matas do reino em aposentos de sua magestade, queira dizer-nos se o monte em que habitamos pertence ou n?o ao numero d'aquelles que s. ex.a se acha mobilando para recreio de suas magestades em collabora??o com o seu socio nas reformas do ministerio das obras publicas o sr. estofador Alcobia.
O melhor talvez--permittam-nos os srs. Barros e Alcobia suggerirmos esta ideia--seria, para n?o estafar muito o ministerio de suas excellencias com o despacho de repetidas peti??es do caracter da nossa, que suas excellencias assignalem com marcos geodesicos as regi?es que v?o ser forradas de papel para aposentos reaes, e que n'esses postes se especifique com os devidos letreiros: _Aqui se pode comer o saboroso peixe ou Aqui o saboroso peixe se n?o pode comer_.
E o paiz todo beijar�� reconhecido a m?o energica dos srs. conselheiros da coroa Alcobia e Barros e Cunha!
B
_Rapazes achados Vidago por Neto heroico Pedro IV entraram Baluarte liberdade em exposi??o triumphal._ Correspondencias minuciosas explicam detidamente o episodio narrado n'este capitulo.
El-rei encontrava todos os dias, em determinado ponto dos seus passeios, dois rapazes que se ajoelhavam por occasi?o da passagem de sua magestade. El-rei commovido com a precocidade de uma bajula??o t?o vigorosa manifestada em annos t?o verdes, indagou-se uma tal affirma??o de subserviencia procedia de prele??es previas dadas por algum aulico ou se representava um movimento instinctivo no caracter dos dois adolescentes. Descobriu-se que os meninos ajoelhavam por effeito da mais pura pusilanimidade organica. Sua
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