exploitent, les autres sont exploités. Esta princeza, com quem o snr. Ramalho trocou o seu francez parisiense, de certo ouviu dizer ao festejado escriptor que a familia Burnay é um grupo de homens honrados e laboriosos que n?o se pejam de ser defrontados com outros homens honestos e trabalhadores embora procedam da Galliza; mas n?o exploram: trabalham e colhem, quando lh'o n?o desfalcam, o estipendio honesto das suas fadigas.
Tem bons chascos quando zomba dos nossos viscondes das Ervilhas e do Esperregado. D'estes viscondes saberá sua alteza que se fazem as princezas do Esperregado e das Ervilhas. Se a snr.^a Rattazzi se lembra d'arranjar um visconde dos Tabacos, sahido d'um estanco, esse visconde ferido na sua honrada industria, poderia lembrar á neta de Luciano Buonaparte que a princeza Rattazzi é bisneta d'um vendedor de tabacos, pai de sua avó, a snr.^a Blescamb, viuva d'um empregado bancario. Mas os tabacos trahiram-na, quando, enxovalhando os enormes servi?os do fallecido conde de Farrobo á causa da liberdade, diz desdenhosamente que o pai do conde tinha o monopolio dos tabacos e que a sua nobreza era de fabrica.
Esteve a snr.^a Rattazzi em Pedroncos e Massa. O leitor que já lhe conhece o processo da orthographia geographica, entende que ella esteve em Pedrou?os e Mafra. Exhibe as vulgaridades obrigatorias, e dá-nos a noticia inedita e lisonjeira de que Byron chamou a Cintra glorious Eden.
Espeta-se na historia da litteratura portugueza, lamentando que n?o haja uma grammatica official. Ha dez ou doze officialmente approvadas; mas n?o é isso que a snr.^a Rattazzi pretende: quer uma grammatica official, uma cousa em que os poderes legislativo e moderador decretem positivamente o que ha sobre o gerundio e o participio indeclinavel. Para que diabo quereria ella uma grammatica official? Depois, estabelece a fileira dos escriptores classicos, e manda lêr as Cartas de Marianna de Alcofarrada. Infausta freira! um francez atormentou-lhe o cora??o: e uma irlandeza martyrisou-lhe o appellido. Alcofarrada! Credo!
Disseram-lhe que Affonso Henriques teve um aio, Egas Moniz, o da lenda heroica, que era poeta. Teve ignorantissimos informadores que confundiram o aio Egas Moniz com o trovador Egas Moniz Coelho, fabuloso author das conhecidas trovas.
Trata dos Autos, mysterios christ?os posteriores ás judarias--uma perfeita judiaria d'esta litterata;--e conclue que as melhores pe?as do theatro moderno portuguez s?o a Nova Castros de Jo?o B. Gomes, e a Osmia da condessa de Vimieiro. Convém saber que o Gomes e a condessa est?o enterrados ha bons 70 annos. Tem este modernismo.
Em seguida, p?e á frente do progresso dramatico José Freire de Serpa, Alexandre Herculano, e mais o snr. Ennes. Est?o bem postos todos tres.
Entre os oradores especifica o conde de Thomaz; e, como Manoel Passos dava eloquencia a dous, fez d'elle dous oradores--um orador Silva, e outro orador Passos. Diz que Rodrigues Sampaio é o primacial do jornalismo litterario; n?o chega a attribuir-lhe algum soláo. Quanto a Almeida Garrett, escreve que era um catholico cheio de fé e sem philosophia, e por isso n?o fez escóla nem discipulos. Idéas parvoinhas do snr. Theophilo Braga.
Conta que Alexandre Herculano viera em 1836 da emigra??o que lhe inspirára a Harpa do Crente. Que Alexandre Herculano, antes de emigrar, estivera ao servi?o de D. Miguel--qu'il avait servi d'abord. E, no restante, as idéas do snr. Ramalho expendidas nas Farpas, mas um pouco deturpadas. Aquelle grande homem, Herculano, segundo conta a snr.^a Rattazzi, visitou-a e levou-lhe os seus livros. Diz ella que foi a ultima visita que fez o eminente escriptor. Se isto é verdade, foi a ultima e talvez a primeira asneira da sua vida.
No seu grande juizo, A. Herculano devia achal-a ridicula. Uma ingleza ridicula equivale a dous inglezes ridiculos. Ora, A. Herculano tinha escripto: Dous inglezes ridiculos s?o incontestavelmente as duas cousas mais ridiculas d'este mundo. Eu creio no contundente publicista Silva Pinto--um grande lapidario de phrases causticas, tartarisadas. Diz elle que Alexandre Herculano n?o a visitou. Elle era mais austero e sensato que o padre Lamennais e o astronomo Babinet, do Instituto, que no poente da vida e na aurora da tolice lhe escreviam versos e prosas de pieguice senil. O velho astronomo explicava-se assim, paternalmente, ha dezoito annos:
Sans cesse vous brillez de charmes imprévus; Près de vous on ne peut jamais manquer de verve; Car vous avez les attraits de Vénus Avec les talents de Minerve [1]!
Os attractivos de Venus. Bom proveito. E, depois, esta senhora zomba dos portuguezes velhos que se babam d'amor! Pudera n?o! Quando nos apparecem bellezas mythologicas, a Venus com a sobrecarga de Minerva, a gente baba-se irreprehensivelmente.
Contra Castilho, faz-se echo das inepcias do snr. Theophilo Braga:--que elle conhecia imperfeitamente as linguas de que traduisait, traduisait, traduisait. Castilho aos vinte annos fazia versos latinos como Virgilio e francezes como Lamartine. Accusa-o de inimigo acerbo do romantismo. Castilho escreveu a Noite do castello e Ciumes do Bardo na afina??o ultra-romantica da Dama
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