do Lago de W. Scott e do caudilho das balladas romanticas em Fran?a.
Tagarellando contra os classicos, a boa da romantica diz que surgiram em Coimbra os dissidentes da velha escóla. Os dissidentes eram Rebello da Silva, Mendes Leal, Latino Coelho e Lopes de Mendon?a. Sim, estes innovadores sahiram de Coimbra com o estandarte da rebelli?o arvorado. Ora, Rebello da Silva, como o reprovassem em latim, n?o voltou a Coimbra; Mendes Leal e Latino Coelho nunca frequentaram a universidade, e Lopes de Mendon?a n?o sei se chegou a matricular-se em mathematica. D'este infeliz luctador, submerso em trevas quando as espancava com vertiginosa ancia de luz, diz a ignorante que elle consumira a maior parte da mocidade em dissipa??es. Meu pobre amigo, tu que aos quinze annos trocavas por p?o escasso os teus primeiros labores, n?o merecias ser apontado como victima de tuas dissipa??es.
Contra Mendes Leal, a casquilha poetisa em annos de prosa ejacula injuriosas calumnias de plagiatos, e accusa entre os livros d'este escriptor verdadeiramente polygrapho o Calabar, um romance em que Mendes Leal declara que parte do seu livro é imita??o. O author da Heran?a do Chanceller, a meu vêr, nas suas occupa??es diplomaticas em Paris, n?o tem tido vagar para attender ás princezas vadias.
De Rebello da Silva conhece Odio, Velho vra? cauca, e a ?Ultima corrida de touros reas em Salvatorra?. é um bom titulo para uma simulcadencia muito forte, peninsular, talvez vestigio arabe. A snr.^a Rattazzi, que assim escreve a lingua portugueza, prop?e-se traduzir a Historia da Inquisi??o de Herculano. Em inquisi??o de torturas vai ella p?r a pobre lingua, que ainda assim possue uma palavra energica para interpretes d'este quilate. Byron, encantado com a sonoridade do termo, transmittiu-o como mimo philologico ao seu amigo Hodgson. Ella que o fareje. Está na carta 37.^a da collec??o de Thomaz Moore--bom documento ethnologico que esqueceu ao snr. Alberto Telles no seu interessantissimo livro Lord Byron em Portugal.
As insolencias que desembésta á cabelleira de Bulh?o Pato como se explicam? Ella, prefaciando um drama que peorou com o seu francez, disse que Alexandre Herculano escrevêra um opusculo contra o imperador do Brazil, e que o imperador, sem embargo da offensa, vindo a Portugal, visitára Herculano. A snr.^a Rattazzi, muito admirada, perguntou, em Paris, ao imperador que lhe contára o caso da offensa e da visita: ?Visitou Herculano, Sire?? E D. Pedro II respondeu com um sorriso fino: ?Sim, de certo, visitei-o. Deveria eu castigar-me a mim por comprazer com o meu despeito??
Leu isto Bulh?o Pato, e sahiu honrada e severamente contra a calumnia; e vai ella agora, no livro Portugal a v?o de pássara, explica o prefacio da comedia dizendo que se enganou--porque lia muita cousa--attribuindo as Farpas a Herculano; e acrescenta que o imperador n?o lhe emendára o blunder, o equivoco desgra?ado, ouvindo-a sem lhe corrigir o erro. Mas a snr.^a Rattazzi, no tal prefacio sarapant?o, diz que o proprio D. Pedro II lhe contára que elle, offendido, visitára o offensor: Don Pedro me l'apprit lui même à l'h?tel d'Aquila. Uma trapalhona!
Bulh?o Pato emendou a parvolêza da snr.^a Rattazzi; e ella, em vez de se agachar contrita na humildade das tolas conscienciosas, ergue-se nos tac?es benoiton, e faz chala?as de estaminet entre dous petits-verres de anisette.
Dos meus futeis romances tambem chalacêa e n?o anda mal;--que todos os meus livros se adivinham do terceiro em diante: um brazileiro, um namorado sentimental, e uma menina em convento. Cita quatro novellas, e por casualidade nenhuma d'ellas tem brazileiro; porém, quanto a namorados, s?o tantos que nem a senhora princeza é capaz de ter tido mais.
No merito de Julio Diniz faz os descontos que o snr. Ramalho lhe incutiu. Conhece os Fidalgos de casa nourisca, e a Morgadinka dos Canariaes. Tenciona fallar de Soares de Posses, poeta portuense, cuja elegia do sepulchro, diz ella, se canta nas ruas. Exalta o snr. T. Braga que escreveu a Visáo das tempes, e As tempos tades sanoras, a ?Historia do direitor portuguez?, e os ?Tracos geraes da philosophia positivia?. N?o se sabe se quer dizer Tra?os ou Trancos; talvez seja Tratos, ou mais provavelmente Trapos, se n?o f?r cousa peor. Seja o que f?r, pertence á philosophia positivia.
Conta que elle foi typographo em Coimbra para pagar os estudos. N?o havia de gastar muito se pagou o que sabe. Diz que o snr. Braga é ?philosopho, mathematico, astronomo, physico, chimico, biologista e anthropologista?--o que se demonstra nos Tracos acima.
Consta-me que o snr. Chardron consente que este opusculo seja trasladado a francez e hespanhol. Suspeita-se que a Allemanha e o Reino-Unido pensam em o traduzir com uma grande sêde de idéas. Pois, se isto assim é, como n?o póde deixar de ser, bom será que lá fóra se leia em linguagem conhecida uma opini?o ingenua a respeito do escriptor moderno mais consciencioso de Portugal, como a princeza, baseada em anthropologia
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