a ponta de sua
correia, que Jude segurava com a outra mão, e ganin do com uma estridência que fazia doer a
cabeça.
Como o celeiro onde ficava o canil era longe demais para levar os cachorros até lá, Jude
os arrastou pelo quintal e pela varanda, os dois se debatendo o tempo todo. Empurrou-os pela
porta da frente e bateu-a com força atrás deles. Im ediatamente os dois começaram a se atirar
contra a porta, latindo histericamente. A porta estremecia, os animais arranhavam a madeira.
Porra de cachorros.
Jude caminhou meio sem jeito para a entrada de carr o e alcançou o caminhão da UPS no
momento em que a porta do baú corria com um duro ba rulho metálico. O homem da entrega
estava do lado de dentro. Ele pulou com uma caixa comprida e chata debaixo do braço.
— Ozzy Osbourne tem Lulus da Pomerânia — disse o ca ra da UPS. — Vi na TV. São
uma graça, parecem gatinhos. Nunca pensou em ter um casal de cachorrinhos assim?
Jude pegou a caixa sem dizer uma palavra e entrou.
Atravessou a casa com a caixa e foi para a cozinha. Colocou a caixa no tampo da pia e se
serviu de café. Jude se levantava cedo por instinto e condicionamento. Quando estava viajando
ou gravando, se acostumara a desabar na cama às cin co da manhã e dormir a maior parte do dia,
mas ficar a noite toda acordado nunca fora algo natural para ele. Durante as turnês, acordava às
quatro da tarde, de mau humor e com dor de cabeça, sem saber como o tempo havia passado.
Todos os seus conhecidos lhe pareciam, então, impos tores espertos, alienígenas insensíveis
disfarçados com pele de borracha e rosto de amigos. Era preciso uma pródiga quantidade de
álcool para fazer com que se parecessem de novo consigo mesmos.
Só que já haviam se passado três anos desde a última vez que saíra em turnê. Não tinha
grande interesse por bebida quando estava em casa e, na maioria das noites, ia se deitar por volta
das nove horas. Com 54 anos de idade, voltara a se ajustar aos ritmos de vida que o tinham
guiado desde que seu nome era Justin Cowzynski e ele ainda era garoto na fazenda onde o pai
criava porcos. O filho-da-puta ignorante o puxaria da cama pelos cabelos se o encontrasse
deitado quando o sol nascesse. Foi uma infância de lodo, cães latindo, arame farpado, instalações
caindo aos pedaços, porcos guinchando e pouco conta to humano. A mãe passava a maior parte
do dia sentada na mesa da cozinha, com a expressão fixa, inerte, de alguém que tivesse sido
lobotomizada. E o pai governava seus hectares de ruína e bosta de porco com os punhos e um
riso raivoso.
Jude já estava acordado havia muitas horas, mas ain da não tomara o café da manhã.
Estava fritando bacon quando Geórgia apareceu na
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