A estrada da noite | Page 5

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encerre
imediatamente o leilão! Ele pôs o dedo no botão e bateu no monitor.
— Vamos logo oferecer 1.000 pratas e fechar o negóc io - disse.
Danny girou na cadeira. Deu um grande sorriso e erg ueu as sobrancelhas. Ele tinha
sobrancelhas altas, arqueadas, como as do Jack Nicholson, que usava para efeitos dramáticos.
Talvez esperasse uma explicação, mas Jude não tinha certeza se poderia explicar, sequer para si
mesmo, por que parecera tão razoável pagar 1.000 dó lares por um paletó velho que
provavelmente não valeria a quinta parte disso.
Depois Jude achou que aquilo poderia ser bom em termos de publicidade: Judas Coyne
compra um poltergeist. Os fãs devoravam histórias do gênero. Mas isso foi depois. Naquele

momento, ele só sabia que queria ser o homem que comprou o fantasma.
Jude pôs-se a caminho, pensando em dar uma subida p ara ver se Geórgia já estava
vestida. Tinha pedido há meia hora que ela se vestisse, mas esperava encontrá-la ainda na cama.
Tinha a impressão de que era onde Geórgia pretendia ficar até conseguir a briga que estava
procurando. Estaria sentada só com a roupa de baixo, pintando cuidadosamente de preto as
unhas dos pés. Ou estaria com o lap-top aberto, navegando por sites de acessórios góticos,
procurando o brinco perfeito para espetar na língua, como se precisasse de mais algum maldito...
E então a idéia de navegar na internet fez Jude se deter, curioso para descobrir uma coisa.
Tornou a se virar para Danny.
— Afinal de contas, como foi que você esbarrou nisso? - ele perguntou, acenando com a
cabeça para o computador.
— Recebemos um e-mail sobre o assunto.
— De quem?
— Do site dos leilões. Eles nos mandaram uma mensag em que dizia: "Vimos que você já
comprou itens como este e achamos que ficaria interessado."
— Já compramos algo assim?
— Objetos de ocultismo, eu presumo.
— Nunca comprei nada nesse site.
— Talvez tenha comprado e simplesmente não se lembr e. Talvez eu tenha comprado
alguma coisa para você.
— Porra de ácido - disse Jude. — Antigamente eu tinha uma boa memória. Fui do clube
de xadrez nos primeiros anos do ginásio.
— Foi mesmo? É uma coisa realmente incrível.
— O quê? A idéia de que fui do clube de xadrez?
— Acho que sim. Parece tão... cabeça.
— É. Mas eu usava dedos cortados como peças.
Danny riu - com um certo exagero, sacudindo o corpo e enxugando lágrimas imaginárias
nos cantos dos olhos. Puxa-saco imbecil.

O paletó chegou no sábado de manhã cedo. Jude estava acordado e fora de casa com
os cachorros.
Angus disparou assim que o caminhão da UPS começou a estacionar, e a correia foi
arrancada da mão de Jude. Angus saltava contra a lateral do caminhão, a saliva voando, as patas
arranhando furiosas a porta do lado do motorista. O motorista continuou atrás do volante,
espreitando o cachorro com a expressão calma mas atenta de um médico avaliando uma nova
variedade do Ebola através de um microscópio. Jude agarrou a correia e deu um puxão mais forte
do que pretendia. Angus se estatelou de lado no chão, mas logo se contorceu e tornou a ficar de
pé num salto, rosnando. A essa altura, Bon já tinha entrado no jogo, forçando
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