cançadas.
As pessoas estavam tristes ou alegres conforme a luz para cada
um--mais luz, alegres--menos luz, tristes.
O homem sósinho ficou a pensar n'esta diferença. Para não esquecer fez
uns signaes n'uma pedra.
Este homem sósinho era da minha raça--era um Egypcio!
Os signaes que elle gravou na pedra para medir a luz por dentro das
pessôas, chamaram-se hieroglifos.
Mais tarde veiu outro homem sósinho que tornou estes signaes ainda
mais faceis. Fez vinte e dois signaes que bastavam para todas as
combinações que ha ao Sol.
Este homem sósinho era da minha raça--era um Phenicio!
Cada um dos vinte e dois signaes era uma lettra. Cada combinação de
lettras uma palavra.
+CENTENARIO DAS PALAVRAS+
Todos os dias faz annos que foram inventadas as palavras.
É preciso festejar todos os dias o centenario das palavras.
+VALOR DAS PALAVRAS+
Ha palavras que fazem bater mais depressa o coração--todas as
palavras--umas mais do que outras, qualquer mais do que todas.
Conforme os logares e as posições das palavras. Segundo o lado d'onde
se ouvem--do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol.
Cada palavra é um pedaço do universo. Um pedaço que faz falta ao
universo. Todas as palavras juntas formam o Universo.
As palavras querem estar nos seus logares!
+NÓS E AS PALAVRAS+
Nós não somos do seculo d'inventar as palavras. As palavras já foram
inventadas. Nós somos do seculo d'inventar outra vez as palavras que já
foram inventadas.
+AS PALAVRAS E EU+
Gásto os dias a experimentar logares e posições para as palavras. É uma
paciencia de que eu gósto. É o meu gôsto.
Tudo se passa aqui pelas palavras--todos os gôstos.
Collei algumas d'estas paciencias com palavras. São estas as palavras
que trago aqui. Ainda não estão promptas--são pedaços de coisas, aqui
e alli, como um rapaz novo, como uma rapariga nova. Como os
cavallos quando ainda são petizes--vê-se já que se trata de um cavallo,
mas tambem se vê que ainda não está concluido. As pernas cresceram
mais depressa do que a espinha. A cabeça muito grande é que já está do
tamanho em que ha-de ficar. Tudo se aguenta de pé
provisoriamente--ainda não está prompto, vê-se perfeitamente que
ainda não é tudo.
Agarrei uma mancheia de palavras e espalhei-as em cima da meza.
Ficaram n'esta posição:
+PARABOLA+
A humanidade abriu alas--as duas grandes alas da humanidade. Uma á
direita, a outra á esquerda. Em baixo a Terra, em cima o Sol.
Vae acontecer qualquer coisa--os que passam vão mais depressa, os
outros já estão á espreita.
As duas grandes alas da humanidade lá estão as duas em frente uma da
outra. Não levantem os braços! não virem as cabeças!
Em baixo a Terra, em cima o Sol!
Ainda não chegou o homem-que-sabe-viver!
As duas grandes alas da humanidade querem ver com olhos da cara o
homem-que-sabe-viver!
As duas grandes alas da humanidade não querem senão ver com os
olhos da cara o homem-que-sabe-viver!
Em baixo a Terra, em cima o Sol!
Jesus-Christo desce sósinho por entre as duas grandes alas da
humanidade. As duas grandes alas da humanidade estendem os braços
para Jesus-Christo.
Uma das duas alas accusa a outra ala, e esta accusa aquella.
Jesus-Christo desce sósinho por entre as duas grandes alas da
humanidade, sem se approximar de uma nem da outra.
As duas grandes alas da humanidade.
Jesus-Christo acabou de passar por entre as duas grandes alas da
humanidade, sem se ter approximado de uma nem da outra.
As duas grandes alas da humanidade.
Em baixo a Terra, em cima o Sol.
+UMA CRUZ NA ENCRUZILHADA+
Quando acabou a parabola, as duas grandes alas da humanidade
desconjunctaram-se.
Havia uma cruz na encruzilhada.
A cada um que passava dizia o Christo de pedra:
«Em vez de ter morrido n'uma cruz, por ti, antes tivesse pegado na
lança que me abriu o peito, para com ella te rasgar os olhos da cara.
Para deixar entrar claridade para dentro de ti pelos buracos dos teus
olhos rasgados.
«Tudo quanto eu te disse ficou escrito e é tudo ainda hoje tenho para te
dizer.
«Se me fiz crucificar para t'o dizer porque não te deixas crucificar para
sabêres como eu t'o disse?
«Não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, pregaram-m'as
bem, como se prega um crucificado; não posso, por mais que tente,
livrar uma das mãos, para te sacudir a cabeça quando viéres ajoelhar-te
aqui aos pés da minha cruz.
«Se fôsse o teu orgulho de joelhos, ainda era o teu orgulho, mas são as
tuas pernas dobradas com o pezo do ar.
«Não tenho uma das mãos livre para te empurrar d'aqui da minha cruz
até ao teu logar lá em baixo na terra.
«Levanta-te, homem! No dia em que tu nascêste, nasceu no mesmo dia
um logar para
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