e t?o feliz como hoje.
--Do mesmo modo, repetiram os outros.
--Obrigados, meus amigos. Agradecido, filha.
E Jorge levou a seu turno o calix á b?cca, continuando depois:
--Agora, Magdalena, á saude dos nossos hospedes...
--E, ajuntou Luiz, á felicidade da filha de V. Ex.a, fazendo, todos nós, sinceros e ardentes votos, para que um bom anjo a proteja sempre, a ella, que nos recebe aqui como irm? nossa, e irm? muito affectuosa.
Magdalena tornou a ruborisar-se, olhando para Luiz com olhos de reconhecimento, e respondendo-lhe:
--Obrigada, meus amigos. Fa?o o que devo e menos do que merecem.
--á felicidade de V. Ex.a, brindaram todos.
--Obrigado, agradeceu Jorge pela filha.
E o jantar seguiu, e os brindes continuaram.
Luiz olhava cada vez mais para Magdalena, e é certo que encontrava sempre os olhos d'ella pregados nos seus.
Americo analysava aquillo, e o cabinda analysava o mulato.
No entanto, a alegria ia ganhando de intensidade, porque os convivas d'aquelle festim intimo e familiar de Jorge e sua filha, iam perdendo, sem sahirem dos limites do respeito, um resto de acanhamento que a franqueza do capitalista e a bondade da filha do cabinda n?o poderam de todo dissipar.
Os negros e serventes, tinham por sua vez festa no aposento destinado á sua refei??o.
O cabinda, porém, lá chegava, de quando em quando, para, com a sua prudencia, e digamos mesmo, bom senso, impedir excessos e p?r obstaculos a abusos.
Estava a terminar o jantar. Já se fallava muito e nada se comia.
Jorge levantou-se ent?o, e, tomando uma garrafa de finissimo vinho do Porto, dirigiu-se aos seus convidados:
--Vamos ao ultimo brinde.
E encheram-se os copos.
--Bebo, n?o só á saude e á prosperidade d'aquelles que chamei hoje a minha casa, como pessoas a quem estimo e considero, mas bebo tambem á saude das suas familias ausentes.
--Agradecidos, senhor, accudiram todos.
--A sua m?e, senhor Luiz, brindou Magdalena.
--Mil vezes grato, minha senhora, respondeu elle, vivamente impressionado.
--Agora, para de todo terminarmos esta festa, proseguiu Jorge, e d'ella ficar uma lembran?a aos amigos, que aqui tenho em volta de mim, lembran?a t?o grata, qu?o grande foi a alegria que me porporcionaram, declaro ao senhor Luiz de Mello e ao senhor Americo d'Abreu que deixam, desde este dia, de ser, um, meu guarda-livros, e meu caixeiro o outro, para se considerarem meus socios nas transac??es da minha casa. N?o esque?o os outros, que trabalham para a minha prosperidade, e fica desde já o meu socio e amigo Luiz de Mello, encarregado de lhes augmentar os ordenados. Minha filha festejou-me os annos, collocando-os em volta d'esta meza, eu commemoro-os d'este modo, esperando que recolher?o assim mais contentes.
--Como é bom, papae! murmurou Magdalena.
Houve ent?o uma verdadeira chuva de agradecimentos, que é desnecessario pintar, e da alegria passou-se ao enthusiasmo, quasi ao delirio.
Luiz levantou-se pallido e tremulo de commo??o, mas extremamente sympáthico, e dirigiu-se a Jorge:
--Se V. Ex.a me confunde com a grandissima distinc??o, com que acaba de honrar-me, chamando-me seu socio, por muitos titulos me honra mais, e mais me confunde ainda, dando-me o nome de amigo, para a conserva??o e engrandecimento do qual, n?o deixarei nunca de empregar todos os meus esfor?os.
--Obrigado, respondeu Jorge, apertando-lhe a m?o.
E dispunha-se a deixar a meza.
N'este momento, porém, entrava o cabinda, trazendo pela m?o uma negrinha de 10 annos, que o negro foi apresentar-lhe.
--Que é isso, cabinda?
--A Belmira traz ao seu senhor as fl?res dos negros, porque o cabinda e os seus parceiros tambem festejam os annos do pae da senhora mo?a, respondeu o negro, em quanto a pretinha offerecia a Jorge um lindissimo ramo de mimosas fl?res.
--Obrigado, Belmira, obrigado, cabinda, disse o capitalista, affagando a crean?a. E tu, Magdalena, ficas encarregada de ir agradecer a todos, em quanto vamos para o jardim esperar o café.
--Como és nosso amigo, cabinda! disse Magdalena.
E foi assim que terminou o jantar.
Jorge e os convivas desceram para o jardim.
Magdalena foi agradecer em nome de seu pae a lembran?a dos escravos.
O cabinda seguia-a com os olhos, a faiscarem alegria, gritando como doido:
--O branco veiu, senhora mo?a; o branco é bom e gosta da minha filha!
Americo, descendo para o jardim, approveitava um momento, em que só Luiz podia ouvil-o, para lhe dizer, com certo ar de cynismo;
--Temos ambos igual quinh?o no negocio: agora veremos quem leva a filha!
V
Pouco depois era servido o café.
Jorge e Americo, tomavam-o, conversando sentados em duas pittorescas cadeiras de bambús, á entrada de um formoso caramanchel de trepadeiras floridas.
Os caixeiros mais novos passeiavam pelo jardim e pela chacara, gosando a liberdade, que lhes era concedida, desforrando-se da pris?o quotidiana, e do servi?o quasi aturado do armazem.
Magdalena, a formosa filha do cabinda, andava de canteiro em canteiro, mostrando a Luiz de Mello as suas fl?res; apontando, deslumbrante de candidez, as particularidades de cada uma, a idade e a procedencia, com a convic??o de quem conhecia alguma coisa de botanica, e um tanto orgulhosa dos cuidados, que empregava com as predilectas suas irm?s.
Luiz segui-a e ouvia-a
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