Verdades amargas | Page 6

Claúdio José Nunes
opini?o publica de algumas situa??es.
�� frente d'elles caminha a auctoridade, que se j�� respigou na primeira corpora??o, ceifa aqui, a fouce plena, por entre bra?ados de votos, mil affagos do eleito ou de quem o mandou nomear.
Tudo var��a. Ha revolu??es no ceu e revolu??es na terra. Giram os astros na immensidade e succedem-se no mundo as esta??es. Tudo var��a. S�� o rebanho dos que votam com quem est�� de cima estende o lombo �� thesoura eleitoral com imperturbavel constancia, submissamente pastoreado por esses vigarios do Poder na terra, que se chamam administradores de concelho, regedores de parochia, escriv?es, cabos de policia, vereadores e malsins.
Suspende-se o catalogo para n?o enfadar quem l��r, e l�� se foram os ministros d'estado e os governadores civis!
E n?o se diga que nem todos os ministros; nem todos os governadores civis; nem todos os administradores de concelho; nem todos os regedores de parochia; nem todos os escriv?es; nem todos os cabos de policia; nem todos os vereadores e nem todos os malsins, trabalham n'essa tosquia.
Tosquia a especie. Dos individuos n?o se trata aqui e �� possivel que at�� n?o sejam raros os que o n?o fazem, ou que, �� menor repugnancia da ovelha, a deixam sair intacta e livre das m?os do tonsurador.
Outros s?o de peor genio. Travam de p��s e m?os a paciente; tomam-lhe o pesco?o entre os joelhos e, sem que o velo n?o caia ao fio do instrumento, n?o a deixam saltar do redil para o campo.
E quantas vezes leva na pelle as costuras!
O que mais custa a confessar �� que anda t?o atrazada a educa??o politica do paiz, que, se a auctoridade n?o collabora um pouco na forma??o das maiorias, apparecem camaras anarchicas, aonde os chefes s?o tantos como os soldados, e os partidos, por um sentimento de pudor constitucional, se d?o a si mesmos o nome de grupos.
Cumpre que isto n?o seja assim.
�� da maior urgencia que a auctoridade administre e n?o eleja.
Se, �� primeira vista, a interven??o d'ella, mais ou menos directa, pode, em dadas circumstancias, aparentar uma sombra de proveito em favor de uma necessidade parlamentar e constitucional, qual a da existencia de uma maioria solidamente organisada, essa apparencia desapparece ao mais ligeiro exame.
Primeiramente, n?o ha maioria solida quando, em vez da liga??o de principios, tem s�� para unil-a a identidade de uma origem viciosa, que lhe rouba as condi??es de prestigio, sem que n?o pode desassombradamente funccionar.
Em segundo logar, ha menor perigo na elei??o de uma camara, que pela sua turbulencia sirva de escarmento e li??o ao povo, do que em habituar este a uma subserviencia; que apague n'elle o sentimento de seus direitos e de sua responsabilidade, e, portanto, qualquer impulso de vontade propria.
* * * * *
Se a verdade da representa??o soffre com a interven??o da auctoridade nas elei??es, n?o padece com ella menos a regularidade da administra??o.
Que for?a moral pode conservar sobre os seus administrados o funccionario que, no espa?o de alguns mezes, de algumas semanas, de alguns dias at��, como succedeu ultimamente, apoia o mesmo nome que pouco tempo antes guerreara, ou guerreia aquelle que dias antes defendera? Voltando, ��s vezes, dias depois a combater o que combatera e a recommendar o que recommendara?
Que prestigio lhe assiste quando se v�� for?ado, por interesses eleitoraes, a lan?ar m?o da escoria de sua localidade, pelo unico motivo de que entre ella pode recrutar algumas dezenas de votos?
Que auctoridade lhe d�� o comprometter em v?o a sua palavra com promessas que n?o possa cumprir, ou o abater a dignidade de seu cargo tornando-se o homem ligio de qualquer suzerania de campanario?
Para se salvar das consequencias do primeiro erro ou do primeiro delicto, ter�� de requintar cada vez mais a violencia ou a sujei??o, e, ainda mesmo que a consciencia de seu dever ou de sua dignidade lhe n?o tenha consentido que se exceda ou se avilte, a mescla de politica e de administra??o redundar�� sempre em prejuizo do servi?o e em descredito das institui??es.
* * * * *
Mas os corruptos? Aonde ficam os corruptos?
Bom seria n?o polluir a penna com esta hedionda palavra, mas a cousa existe e o seu nome �� este; e, como se est�� seguindo um fil?o de verdades, for?a �� que se atravesse esse immundo deposito de abjec??es, pois de tudo ha na mina,--ora tapetada de esplendidos crystaes, ora vertendo lamas infectas infectas--a que vulgarmente se chama elei??o.
E mina ��, ou parece, para quem faz commercio de votos; commercio que, devendo ter tido por ber?o provavelmente um armario sem p?o, vai hoje tambem querendo matar a fome de vaidades ou de interesses, nos sal?es da abastan?a.
N?o �� o peor corrupto quem se vende por alguns reaes.
��-o muitas vezes quem compra.
Porque, salvas honrosas excep??es, a diploma comprado deve corresponder deputado vendido.
Ora a corrup??o eleitoral cresce de anno para anno.
O sublime do genero �� comprar
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