Um meeting na parvonia | Page 3

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esparrella;?E se fossem tomar banhos no mar?Apanhava-os, e punha-os a escalar.?
XXXVIII
--?Em peitos lusitanos entrar póde?O desamor da patria! e assim quereis?Como uma carga vil, que se sacode?D'esta terra expulsar os nossos reis?!?Se a protec??o de Deus vos n?o acode?Como outr'ora em Ourique, inda vereis?Este paiz mimoso dos heroes?No mundo n?o valer dois caracoes.
XXXIX
Portugal, que entre todas as na??es?Se distingue fiel á dynastia!?Que nobre de proezas, galard?es,?No mundo inteiro houvera primasia!?Ha de hoje off'recer os seus braz?es?Aos sonhos d'esta v? democracia,?Que elege e acclama por soberano?Este, aquelle, aquell'outro, um tal cicrano?!?
XL
--?Fóra, fóra! acabem dynastias,?N?o queremos sustentar com sacrificios?Quem vive dos tributos, das sangrias?Que soffremos por tantos malificios;?Acabem agourentas monarchias!?N?o queremos aturar mais supplicios:?A forma de governo mais humana?é sem duvida a que é republicana.?
XLI
--?Ah! senhor, por um instante me escutae:?N?o posso concordar com tal aviso!?Um mau rei é verdugo, mas é pae?O que governa em paz, e com juizo:?O arbitrio de muitos sempre cae?Na desordem fatal, em prejuizo?Da na??o que mais cedo, ou que mais tarde?Soffre a guerra civil, torpe e covarde.?
XLII
E logo d'improviso uma matrona?De face bronzeada, enorme bu?o,?Gritou o--Viva a _plebia_, que desthrona?Os _reizes_, que padecem mau influxo;?é mettel-os a todos n'uma fona,?Assim o declaro sem rebu?o.?é deitarmos a terra esses colossos:?Eu sou republicana até aos ossos.
XLIII
?Eu cá sem ser _pronostica_, arrenego?Do tempo, que para os _reizes_ vae bicudo;?Mas elles teem olhar t?o peticego,?Que só vêem as cousas por canudo.?Pois eu a governar punha no prego?As colonias, na??o, vendia tudo...?E _vispiré_, Ignacia! co'a aragem?_Tingava-me_... adeusinho... boa viagem.
XLIV
A rainha, que grande presumida!?Recostada no caleche toda _aquella_,?E eu cá p'ra ganhar a triste vida?Giro em trocas, baldrocas d'uma adella,?Eu se andasse como ella, bem comida,?Era sucia, e só qu'ria dar á trella:?Onde houvesse uma tasca de bom vinho?Aos amigos pagava um _martellinho_.
XLV
A communa... oh! que grande regaleza!?Tudo egual, e ninguem soffrendo fome!?Descongela-se a neve da pobreza,?O rico diz ao pobre:--Pegue, tome!--?Repartem entre si toda a riqueza,?O trabalho a ninguem rala e consome,?Cada um faz e diz o que quizer,?E troca de marido e de mulher!
XLVI
Co'os _demos!_ venha a hora bemfazeja?Em que gose o mudar meu duro fado;?De andador posto á porta d'uma egreja?Eu visse o meu Jo?o ser deputado.?é bem triste o viver só da bandeja,?Pedir p'ra o purgatorio, e ser penado,?E clamar ao alvor d'um triste dia:?Levanta-te, Jo?o... _vae p'ra a bacia_!.?
XLVII
Já roucos de gritar com vozes graves,?A republica acclamam grandes vivas;?Nos bosques se escondiam meigas aves,?Dos prados, pela bulha, fugitivas,?E as fontes seus murmurios t?o suaves?Suspendem entretanto por esquivas;?Só ao longe, no auge do sussurro,?Coáxa a triste r?, orneja o burro.
XLVIII
--?Palavra _seu aquelle_, eu tambem fallo,?Olé se fallo, eu cá sou cidad?o...?Escusam de gritar, que me n?o callo...?N?o me empurrem, já disse... qual pif?o!?O rei no seu governo, é como um gallo,?Como um gallo... oh! que grande reina??o...?Fóra co'a brincadeira... viva o rei!?Oh! _dominus vobiscum, agnus Dei_.
XLIX
Em tempos mais antigos, qual o anno?Me n?o lembra, nem d'isso agora trato...?Tivemos um pastor republicano.?Que pandigo! o tal luso, o Viriato!?E D. Fuas Ropinho, que magano...?O rei dos valent?es, Prior do Crato!?Que fa?anhas fizeram! que prodigio?Armados de cacete e bonet frigio!?
L
--?Presidente, este typo surdo mudo?Por signaes o seu voto ora pretende?Declarar; é teimoso, é cabe?udo.??--?De mimicas aqui ninguem entende!?Subjuguem-n'o, e ferrem-lhe um cascudo?E ponham-o lá fóra, que se emende.??--Egualdade, onde estás!--protesta um gebo;?--Eu tambem, diz um gago, _a n?o_ concebo.--
LI
E n'isto no casaco a assadeira?Lhe fincara deveras as fateixas;?Acode a socorrel-o a taberneira,?Duas _taponas_ lhe ferra nas bochechas.?O peixe estremeceu na frigideira,?A cabe?a escondendo nas ventrechas,?E o sacrista berrando pela guarda?Acode o regedor n'esta bernarda.
LII
Apitam, correm cabos de policia;?O povo prorompeu n'uma assuada.?O regedor procura com pericia?Acalmar o tumulto, mas baldada?Lhe f?ra a diligencia, se a milicia?Lhe n?o desse a provar do _peixe-espada_;?Ent?o o taberneiro por esperto?Come?ou a gritar: ?a tropa é perto!?
LIII
Sentira-se uma bulha retumbante,?E uma grita de vozes, arremedo?De rufar de tambor, e mal toante?Um pifaro tocar...--é o Macedo!--?E ei-los a correr no mesmo instante?Como um bando de gamos, que de medo?Fugira ao ca?ador, e cada qual?Vae bradando:--ahi vem a _mancipal_!--
LIV
Esgueiram-se em differentes direc??es,?Deitando pelo ch?o mesas e bancos;?é batalha campal de provis?es,?De azeitonas e peixe, queijos brancos;?Quebraram-se as canecas, canjir?es,?Em quanto v?o saltando p'los barrancos;?E assim se escaparam por milagre,?Como foi na campanha do _vinagre_!
LV
F?ra o caso que á tarde o rapasio,?As lides de Mavorte simulando,?Em panellas ferira som bravio,?A berrar pela estrada pelejando.?A tal bulha sentiram calefrio?Os valentes, e foram-se safando;?E assim com este logro se destro?a?O _meeting_, e soffrendo cruel tro?a.
LVI
Entrementes debanda a philarmonica,?Allugada p'lo grande directorio,?Que devêra tocar a marcha sonica?Ao romper do comicio o gr?o vivorio;?é que o mestre afinára a diatonica?Aos _hurrahs_ e estallar do foguetorio;?Mas temendo os bêmoes entram em lucta,?Apressou o andante co'a batuta.
LVII
é noute; dorme tudo, e o mesmo gaz?Nos bicos dos candieiros em Lisboa;?E a lua sorrateira, e contumaz,?Espevita o morr?o sobre a patroa:?--?Inda bem; a cidade está em paz!?Disse
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