(A) que ponho às avessas?Com a perna atraz levantáda,?Hàde ter a m?o armàda?Para degollar Cabe?as.
17.
Quando a terra dos Falcoens?Certa erva produzir,?Creio se hàde conceguir?O deitar fóra as Lezoens.
18.
De hum brazeiro mui acezo?Damdolhe o vento ligeiro,?Se hàde formar hum pinheiro?Sem ter medida, nem pezo.
19.
O Carro que vai chiando?Por hir muito carregàdo,?Sim mostra o jugo pezado?Mas na? tira pezo andando.
20.
A Hortela na Panella?Dizem que lhe dà bom gosto,?Essa mulher de bom rosto?Na? ou?o rusnar bem della.
21.
Hespanha muito medroza?A Europa muito enfadada,?Huma mulher de almofada?Sabe como huma rapoza.
22.
As linhas com que cozia?Jà na? como as de agora,?Temo que se deite fóra?Quem Souber a Ave Maria.
23.
Na era que eu tenho ditto?Nas Thezoiras levantadas,?Se ha?de ver muitas jornàdas?á custa do Sa? Benito.
24.
Na? pode haver couza boa?Aonde Habita o mal Francez,?Temo o polho Portuguez?Em poder de huma Leoa.
25.
Quando o Lea? Hispanhol?Vier quase a Portugal,?Háde ser o nosso mal?Querer luzir como o Sol.
26.
Quando a neve como braza?Todas as plantas queimar,?Dous quintos se ha? de ajuntar?Sem haver jogo na caza.
27.
Em hum lugar mais ameno?Cercados de mares gro?os,?Vive por peccados nossos?Quem se sustenta com feno.
28.
Sempre vem de monte, a monte?As agoas das enxorradas,?E vejo testas coroadas?Sentadas sobre huma ponte.
29.
Quando tiverem por certo?Perdida toda a esperan?a,?Portugal terá bonan?a?Na vinda do Encuberto.
30.
Vejo vir pello mar largo?Como quem vem para dentro,?Hum hommem buscar seo centro?Depois de hum grande lethargo.
31.
Quando me matar S. Jorge?E Marcos me re?uscitar,?Sa? Joa? me exaltar?Fa?a todo o mundo alforge.
32.
Os pez da minha trepé?a?Conta trez vezes areio,?Ajuntalhe dous, e meio?Dizelhe que apare?a.
33.
Na? podeis fazer queixume?De deixar o vosso lár,?Que se do norte ventar?Do Sul vos virà o lume.
34.
Vejo a grifa parideira?Juntada com huma Serpente,?E vejo que muita gente?Tem disto grande canceira.
35.
Vejo o Le?o, e a Serpente?Atraz da gente goleima,?Grita o gallo que ateima?Com o Lobo que tem diante.
36.
Já vejo grande mofina?No porqueiro de Sequem,?Que o gado todo está bem?Com o Ovilheiro de Dina.
37.
Vejo a Lua ensanguentada?Pella virtude do Encuberto,?Se està longe, ou se perto?Assim o diz a toada.
38.
Là vem por sima do már?Hum Cavallo de madeira,?Que farà n'huma poeira?O porco que hàde grunhar.
39.
Vijo pedras ajuntar?Là muito perto da Lua?Vejo subir de huma, e huma?E nellas o Sol entrar.
40.
Vejo pello meo Telhado?No Ceo grande resplendor,?Se hé alegria, ou temer?Esdras o tem declarádo.
41.
Vejo o Almocreve tomar?As Alamanhas antigas,?Vejo nascer das ortigas?A remente là do mar
42.
Là donde o Sol vem nascendo?Hum Draga? vejo vir vindo,?A seo Cabo vem correndo?Mais bichos que o vem seguindo.
43.
O primeiro depois do quinto?Filho d'Aguia levantada,?Hade estender sua Espàda?Sobre a Galia faminto.
44.
Vejo sahir as Gaivotas?De dentro do nosso Tejo,?Ta?bem parece que vejo?As duas por ellas rotas.
45.
Sonho que rebenta? fontes?Da terra da Promi?a?,?E que os Gallos de Sia??Va? fugindo até os montes.
46.
Na? canta o Gallo com penna?As aguias char?o mofina,?A serpente encrespa a clina?Porque Deos assim o ordenna.
47.
Faremos dos dias noites?Vivendo como agrestes,?Haverà castigo, e a?outes?Cada hum se fa?a prestes.
Fim da quinta parte.
Sexta parte das Trovas de Bandarra.
1.
Sonhei que via hum fumo,?Com grande for?a sahir,?E deixando de Subir,?Hum altar vi no escuro:?Formava ta? forte muro.?Que estava o Altar cuberto;?Vi a hostia na? mui perto,?Do tal Altar arredada:?Huma cára sublimáda,?Em ella vi por mais certo.
2.
Pareceme que crescia,?Quem assim o figurava:?Ta?bem sonhei me pegava,?Quem mulher me parecia:?E que com voz me dezia,?Anda ver a terra nova,?Pella ma? levou-me à cova,?Levava bello vestido,?Aí nuvems eu fui subido,?Onde vi a gente toda.
3.
Negra, e amolatáda,?Logo à terra baldeando,?A respira?a? faltando?Eu daqui já na? quis nada,?Para a terra de pancada?Me trouxe a tal mulher,?Athé alcancei dizer?Vou segunda vez à terra,?Logo vinha resta era?E tornava a aparecer.
4.
Parecia a meo ver?Nova Igreja figurada,?Por hereges desterráda,?Na quella terra a tremer,?Quem Herege quizer ser?Ficarà negro, ou molato,?E terà todo o máo trato?Por fugir da boa Ley,?No Inferno sua grey?Para tràz darà o Salto.
5.
Ta?bem sonhei que a nuvem?Cobria a gram redondeza,?Mui medonha, e espe?a?Ta?bem raios que destroem,?A quem a fal?a Ley tem,?E depois vi aclarar?Com hum clara? singular,?Em dia de huma Senhora?Em fe seguinte boa hora?Seu nascimento sempár.
6.
Em sonhos vi grande armáda?E a Lua, em rosso Tejo,?Ficandolhe o Sol por baixo?De huma Torre armáda,?Moiros tivera? entráda?Pella terra de christa?s,?Na Igreja vi estes máos?Hum exercito Francez,?Ta?bem entrou desta vez?Accompanhádo dos Máos.
7.
Pella terra veio entrando?Athé se perder de vista,?Com grande pré?a, e cobi?a?Toda a vinha? derrotando,?Ta?bem os Moiros chegando?Com grande astucia, e pré?a,?Vinha? buscando a Cabe?a?A numa Cidade Real?Pouco cuida Portugal,?Em o mal que lhe aconte?a.
8.
Parece que estou ouvindo?Nesse mar a gran tormenta?Antes que chegue os Setenta,?Caxas, Ballas, barberinhos?Enta? hé que virà vindo?O Grande pastor Geral,?Acudir a ta? gra? mal,?Dando às Ovelhas sustento?E ta?bem o Sacramento?Viva o nosso Portugal.
9.
Poucos tempos pa?ara??Segundo as Profecias,?Em os Sinaes destes dias?Outros que cedo vira??Huma Gran tribula?a?,?Mas ao depois verà?A volta que tudo dà,?Chegando logo a vencer?No mundo todo o poder?Na Igreja ficarà.
10.
Em todas reste tuida?Com maior venera?a?,?Só nella tem o Christa?,?Gloria na eterna vida?Mas ai que a vejo cahida?Que primeiro vem chegando?Os boms largando o mundo,?Outros morrendo à pre?a?Outros perdem a Cabe?a,?Muitos disso v?o folgando.
11.
Tanto Sangue
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