Santarenaida: poema eroi-comico

Francisco de Paula de Figueiredo
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Francisco de Paula de Figueiredo
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Title: Santarenaida: poema eroi-comico
Author: Francisco de Paula de Figueiredo
Release Date: May 4, 2007 [EBook #21283]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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SANTARENAIDA: POEMA EROI-COMICO ***
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SANTARENAIDA
POEMA
EROI-COMICO
DE
FRANCISCO DE PAULA DE FIGUEIREDO.

_Dignum laude virum Musa vetut mori._
Horat. l. 4. O. 7.

COIMBRA.
Na Regia Officina Typografica.
ANNO M.DCC.LXXXXII.
_Com licença da Real Meza da Commissaõ Geral sobre o Exame e
Censura dos Livros._
ARGUMENTO.
Ouve em Coimbra um Taverneiro celebre, chamado Joze Rodrigues
Santareno. Este em uma funsão que costuma fazerse pela Pascoa do
Espirito Santo em Santo Antonio dos Olivais, estando muito suado pelo
cansaso do caminho, fartouse de agua, com quem andava divorciado,
avia largos anos, e dahi a poucos minutos caiu morto. Revestem-se
estas circumstancias Poeticamente, e cantase a sua morte.
SANTARENAIDA.
*CANTO I.*
Pois me pedes, ó Muza, instantemente,
Que emboque a Eroica tuba
altisonante,
Que a cego Marte impele os peitos fortes;
Eu que sem
forsas teu carater serio
Em versos graves sustentar naõ poso,

Revestido da lépida Talia
C'o a máscara atrevida, para ensaio
Cantarei o Varaõ famijerado,
Que de Baco na guerra com Neptuno

Arvorando do vinho os estandartes,
Depois de ser trovaõ, ser raio
acezo,
Que espalhava terror no campo inteiro,
Victima infausta foi
por fims de contas
Da vingansa cruel do Rei das aguas.

Axavase em tremendo consistorio
Com toda sua Corte o undozo Jove.

Nas intimas entranhas asoprado
Pela Raiva vorás o consumia
Um
fogo abrazador: eraõ com ele
As furias de Acheronte, e os vastos
mares
Ao som de sua vós mudos tremiaõ.
Quando depois de longos
improperios
Com que a insana paixaõ dezabafára,
De sima do alto
solio adamantino
Que sustentaõ seis Doricas colunas
De maculado
marmore brilhante
Com bazes de oiro, e capiteis de prata,
Esta fala
do peito amargurado
Soltou com grave acento aos seus Magnates.
Sempre eu, Vasalos nobres, de máo grado,
Com justa indignasaõ
olhei bramando,
Que ouvese sobre a terra um petulante
Que ouzase
de meu povo impunemente
Atacar os direitos mais antigos;
Pois
sendo desde muito autorizadas
As nosas dôces aguas para entrarem

As umanas guelas, e os arcanos
Dos buxos penetrar dos omems
grandes,
Oje a termos as vêdes reduzidas
De serem so de aprêso aos
brutos rudes,
E a despeito de minha autoridade
Condenadas (oh
dor!) das esterqueiras,
Das imundas alfujas, das cloacas
Á baixa
vergonhoza lavadura.
Conterme já naõ poso; este atrevido
Provar
do meu tridente as forsas deve.
Este atrevido he Baco: eu pois
pertendo
Punir a sua audacia, guerrealo.
Naõ ade este invazor
protervo, e altivo
Zombar ja mais de mim: torsese a verga
Em
quanto naõ he tronco: uma faisca
Pasa a incendio vorás, se naõ se
apaga.
Mas vós aconselhaime, que eu naõ quero
Que a paixaõ me
alucine: o fim he este
Porque oje vos xamei: dos boms conselhos

Quazi sempre saõ filhos os acertos.
Bem como de um enxame susurrante
O inquieto zumbido, se ouve
n'aula
O confuzo rumor dos Optimátes.
Escutaõse discursos
encontrados,
Diferentes razoins, pensar diverso.
Nisto o Padre
Oceano revestido
De Regia Magestade se levanta,
E abrazado em
furôr desta arte rompe.
Qual será de vós outros, que arrojado
Se atreva a sustentar nesta
asembleia,
Á face do seu Rei, de toda a Corte,
Que a meditada

guerra naõ he justa?
Se aqui algum está, se enfatuado
Algum medir
comigo as forsas tenta,
A campo saia; os ultimos alentos
C'os
golpes da razaõ tirarlhe quero.
Quais mudos troncos Oceano vendo
Pasmados da asembleia os
membros todos,
Com mais vivo calor prosegue irado.
Apague as negras axas acendidas
A severa Nemézis: ja naõ devem

Ser punidos os máos: ouzado tale
O iniquo uzurpador o campo alheio:

Perturbemse os direitos... Oh Justisa!
Oh Deuzes imortais!... Eu
penso, ó Padre,
Que altercasaõ não sofre o teu projeto.
Deve a
guerra fazerse, a guerra he justa.
Porem naõ será máo, reflexiono

Eu agora taõbem, que tu primeiro
Vejas se a boa pás quer antes Baco

Estas coizas compor, largando a pose
Dos direitos que audás nos
uzurpára.
Por tanto uma Embaixada mandar deves
Expondolhe as
razoins que te estimulão;
E no cazo que a pás ele naõ queira
A
guerra se lhe intime em continente.
Asim dise, e aprazendo ao consistorio
Rezolvese Neptuno, e o Tritaõ
xama.
_Tritaõ que de ser filho se gloria
Do Rei, e da Salacia
veneranda:_
Mansebo tal, e qual, nem mais nem menos
Como o
pinta Camoins no canto seisto.
Vai tu da minha parte ao Rei dos vinhos
Levar esta Embaixada, dis
Neptuno;
Que o dezaforo vil sendo notorio
Com que da antiga pose
as doces aguas
Esbulhadas tem sido por seus vinhos:
Que sendo
esta irrupsaõ sobre dominios
De mim das aguas Rei, que sempre hei
sido
Justo mantenedor de meus direitos;
A recta observasaõ do jus
das jentes
Com vergonha
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