Santarenaida: poema eroi-comico | Page 6

Francisco de Paula de Figueiredo
ser xamado o campo Marcio.
De forsa neste dia altos prodijios?A gente Bacanal fes mais que nunca.?Qual, semelhante ao gato entre podengos?Que o lombo em arco tendo enxorisado?Fas provar velosmente em pulos destro?Aos audazes fucinhos circumstantes?Das curvas fisgas os lembrados golpes,?Para um, e outro lado dezenvolto?Murros, e pontapés fervendo atira:?Qual d'um talho c'o a espada aos dentes xega:?Qual d'uma vês c'o a xusa quatro enfia.
Mas ja um Foca enorme e gueludo,?De dente anavalhado, unha rompente,?Cujo coiro entezado e verde-negro?Se ria das mais fortes cutiladas,?Um vinheo Capita? tragando estava,?Quando o intrepido Andrade irozo acode.[9]?Aqui ainda viu do mizeravel?Engolir os restantes calcanhares.?Da vingansa o furor lhe sobe aos olhos,?Avansa ao monstro, e sobre o craneo rijo?Da inimiga cabesa vensedora?Com um buxo roliso (arma cazeira)?Mil golpes fulminando, o quebra, e esmaga.?Tremeu convulso o monstro; e o bruto sprito?Aos ares se soltou envolto em sangue.?Acodem muitos Focas, o Eroi cerca?.?Os aquozos Soldados trepidantes?De fila cem membrudos cains lhe asula?;?E, quais sobre a bigorna os malhos batem,?As dentadas sobre ele a miudo fervem.?Andrade volta a um tempo a todas partes?O braso vingador: destróe, derruba,?Atropela, maxuca, abola, mata.?Mas sendo ja sem conto os inimigos,?Depois de longo espaso de conflito,?Falto de forsas vai beijar a santa.?Aqui (quem crerá tal?) a todo o trance?Com mais de quatro mil inda combate.?Grandemente bufando aflito espuma,?Revolvese, braseja, e o xa? mordendo?Pasmozos coices enraivado atira.?Forma mil carantonhas formidaveis,?Qual trova? rujidor medonho berra.?Das dentadas a orrivel tempestade?Ja quazi o sosobrava; eis dando um pinxo?Em pé se torna a p?r, e a brava xusma.?Em fanicos desfás c'o a masa dura.
Na? te déra? da fonte as alimarias,?Valente Palmeirim, tanto trabalho;?Bem que viste o broquel feito em pedasos?C'o as leoninas unhas; bem que o tigre,?Que a mal cortada perna inda arrojava,?Te fes afucinhar c'o a garra ardente.
N'outra banda com obra azafamado?O ferós Damia? como um corisco[10]?Cae sobre o inimigo: aqui o ataca?,?Aqui destro acomete, rompe, asola.?Cada pedra que solta he uma granada?Onde vai desfarsada a orrenda morte.?Destrosa seis Delfims mesmo a pé quedo:?Fas rosto a dés varoins dos tais pixozos,?E do primeiro encontro os desbarata.?Xovem nele os pelouros abrazados?Dos áqueos Soldados impelidos,?Como sobre os telhados em Janeiro?A saltante saraiva que Euro impele.
Ante os muros de Pérgamo mais bravo?O filho na? pugnou da branca Thétis.
Nem eu te calarei, Caetano ilustre,[11]?Asombro de valor, peito de Marte.?Tu ali sobre a terra o pé batendo,?Pancraciasta acérrimo, insofrivel?Mais de mil desqueixaste a murro sêco.?Mesmo o Duque Nemé famozo em murros?De deitar-te agua ás ma?s capás na? era.
Mas na? soprava a pérfida Fortuna?Com ventos de servir á gente aquatil;?E sendo ja sensivel a derrota?Tocar a recolher manda Oceano.
[6] Vitorino, ou Rino: Aguadeiro de mal semeadas barbas, de gambias escanxadisimas, de gaguês inexplicavel, e de uma pax?rra inata na condusa? de seus carretos.
[7] Ao grande largo. Tudo vai das ipotezes.
[8] O sitio extenso. Repito o cavaco que dei respetivamente ao largo da Feira.
[9] Andrade. Uma afetada doudice, ou uma continua bebedeira, um teza? arrogante, uma catadura t?rva, e uma eterna bandalhise, sa? os caratéres que fazem sempre formidavel este fasanhozo Sapateiro.
[10] Damia?. Ha tres especes de embriaguês; de lea?, de galo, e de porco. A?1.a pare os disturbios: a 2.a as galhofas: a 3.a o deleixamento. A deste Pedreiro he da 1.a espese; e conseguintemente funestos os seus efeitos.
[11] Caetano. He um _quidam_ sexagenario, bebado da 2.a espese, cujas dezencaixadas xocarrises nos fazem ver, que he um daqueles genios que sempre esta? de caninha n'agua.
*CANTO V.*
Tanto que a M?i das trevas taciturna?Desdobrou sobre a terra o manto negro,?C'o a palma da vitoria ufano e alegre?Dar a seus Cabos um convite lauto?Determina o Eroi pantafasudo.
Quem contar as galhofas desta noite?Ouzado poderá com versos dignos??Foi enta? quando o lépido Caetano[12]?Cambaleando em meio do congréso?Fes com rizo estalar os circumstantes,?Abrindo francamente de seus doutos?Jocozos anexims o aureo tezoiro.?Foi quando o Doutor Rito, sobre os ombros[13]?Tendo ums calsoins de riso por capelo,?_Ex cáthedra_ asentado, sobre pontos?De guerra longas oras disertando,?Escarrou discrisoins, mijou conselhos.?Sobre os bicos dos pés alevantado?Aqui foi que o taca?, gárrulo Xaves[14]?Lodozo ganso que a Castalia turba,?Batendo as sujas palmas na asembleia?As Muzas invocou, e esta perlenga,?No modo que lhe he proprio, d'improvizo?Recitou com torrente entuziasmado:
Nobilisimos Xefes respeitaveis,?A quem, na? sem raza?, Lieu potente?Fes de sua justisa defensores;?Vós outros tendes oje ao mundo dado?Um raro exemplo de virtude eroica.?Nimguem de p?r na cara uma navalha?He mais digno que vós. Oh se os meus labios?Podesem proferir, se a minha lingua?Podefe articular quanto alma sente!?Vós tendes os xibantes destrosado?Com o mesmo valor com que eu destróso?Carangos nos calfoins, e na camiza.?Sim, vós os filhos sois abensoados?Do invicto Basareu que onrais a Patria.?Na? dezistais da empreza comesada:?Depois do que pasou, ja'gora o resto?Val tanto como escarro de tabaco.?E tu, gra? Jeneral, que o orbe asombras;?Tu, em cuja cabesa mioluda?Minerva, e o loiro Apolo influxos larga?,?Es digno de rejer um grande Imperio.?O noso amado Rei entre o seu povo?Na? póde
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