calor fervia a obra.?Os fortes Generais debaixo d'armas?Ja tinha? toda a jente, e á Luzitania?Os vastos esquadroins marxando vinha?.?Aqui de remotisimos Paízes,?De diversas Nasoins, diversas linguas?Vinha? mandando Capitains diversos,?Aqui vinha? Varoins destes pixozos?A quem tudo lhe fede, e que somente,?Por cauza das corrutas baforadas,?C'o vinho em odio eterno andára? sempre,?Aqui de mal Francês, e de almorreimas?Um sem numero vinha de axacados:?Na? faltando dos cálidos a turba?A quem fizera sempre o vinho emp?las.?Era em tres batalhoins formada a Tropa,?Guiava um batalha? Periclimeno[1]?Arrogante, e temido: outro Achelóo,[2]?E o terceiro puxava á retaguarda?O velho Espozo da cerulea Doris.[3]?Aqui vinha Protêo dos grandes Focas[4]?Regendo a tremendisima caterva.?Talhando as curvas ondas na vanguarda?Ia? nadando cem Tritoins desformes?Fazendo rebombar os buzios grandes.?E o Padre Oceano comandante?Supremo deste exercito temivel?Girava dando as ordems amontado?N'uma negra baleia monstruoza.
Xegára? do aureo Tejo em fim ás marjems,?Mas antes que o exercito alojase,?Desta nova xegada em tom de guerra?Lhe fora? dois Trombetas a dar parte.
No centro d'uma gruta penhascoza,?Cujas ricas paredes era? d'oiro,?E branca madrepérola ondeante,?Sentado sobre a urna, respeitavel?C'o tridente na m?o, e c'uma c'roa?De verdes limos na rugoza fronte?A embaixada resebe o Padre Tejo.?Quando asim dos Trombetas um comesa.
Ja, Padre venerando, aos teus ouvidos?Xegaria talvês a novidade?Da guerra que entre nós, e o Rei dos vinhos?Pouco ha se declarou. Na? me pertense?Os motivos da asa? esmiunsarte:?Ta? somente a dizerte sou mandado,?Que para dar principio á grande empreza?Para esta Capital do imperio Luzo?Das Tropas Oceano á testa marxa.?Deves pois vir falarlhe; que eu asento?Que tem primeiro aqui seu bico d'obra.
Subia pelo rosto ao velho Tejo?Ao tempo desta fala uma alegria,?Que ja mais asomára ao seu semblante.?Levantase, o Palacio se alvorósa,?E para ir esperar ta? grande xefe?As mais galhardas Nimfas a si xama.
Duzentas niveas, engrasadas Naides?De lindos olhos, que em prazer trasborda?,?Solto o negro cabelo gotejante?Presto ali se aprezenta? caprixozas.?Ao carro sóbe o Tejo, ao carro d'oiro?Que guapos, e das muito-abertas ventas?Brotando soberboins torrentes d'agua,?Seis cavalos marinhos va? tirando.?Em malhados golfinhos brincadores?Asentadas as Naiades o cerca?.?O mar fas-se banzeiro, e longa esteira?Mansamente deixando a turba marxa.
Xegados que os dois Reis á fala fora??O Tejo rompe asim: Princepe excelso,?Se um pobre feudatario, bem que indigno,?Qual eu sou, gozar pode a onra eximia?De darte albergaria em seu palacio,?As demoras desprende, e á minha gruta?Dignase vir a descansar um pouco,?Aonde a noso comodo sentados?Da sorte dos Imperios trataremos.
Oceano aseitou condescendente?Do Padre Tejo a simples rogativa,?E acolhendose á gruta majestoza,
Indignado meu Pai, dise Oceano,?Pela iniqua extors?o de seus direitos,?Que dos vinhos o Rei dezaforado?Das jentes com escandalo lhe ha feito,?Intenta guerrealo. Ele em pesoa?Viria á expedisa?, se de seus anos?O pezo desta glória o na? priváse.?Por tanto eu me incumbi das suas vezes:?E como de sua Corte na asembleia?Para isto convocada se asentase,?Que o comêso em teu Reino ser devia,?Visto que o General dos inimigos?Em Coimbra rezide; pareseume,?Por levarmos as coizas com mais ordem,?Que nesta Capital sem perder tempo?A primeira faxina se fizese:?Depois, de meu poder com todo o pezo?Em Coimbra caísemos. Aprouve?Ao Tejo este discurso; e enta? tratára??De mais ponderasa? quantos negocios?Para aquele respeito mais tendia?,?Sa? xamados os Cabos a conselho,?E com acordo unanime se adía?A seguinte manhan para o combate.
He contra um grande Cabo que se devem?Tomar as armas: na? he Jan Fernandes,?Nem Manel das Atacas o inimigo:?He contra o fasanhozo Talaveiras[5]?Tortulho enorme de invejada fama,?Do vinho na milicia experto, e vasto.
Tanto que alvoreseu, logo no campo?As trombetas orrísonas bramára?;?Cujo som de mistura c'o alarido,?E roucos atabales largo espaso?Os muros fes tremer, e a gran Cidade?Soberba fundasa? do Grego errante.?Ja promto o Talaveiras aguardava?De Cilenio o preseito a p?r por obra.?Na frente de seus bebados soldados?Corajozo se avansa: róxa altiva?Que as vagas sem pavor mujindo escuta.?Marxando va? as filas a compaso,?E d'uma, e d'outra parte embravecido?O gradivo Mavorte asende os peitos.?As caixas da? final, travase a guerra;?De poeira uma nuve os ares turba;?Levantase um clamor mais tezamente;?Redobra?se as pancadas, corre o sangue...?Nada ha mais lamentavel que uma guerra!
Foi renhida a peleja: longas oras?Pendeu a deciza? n'ambas as partes.?Finalmente na? sei que infausto cazo?P?s dos vinhos o exercito em dezordem,?Que na? p?de aguentar sobre seus brasos?Dos aquozos dragoins o carregume.?Perdem todos a c?r, as armas larga?.?(Entradas de lea?, saídas d'asno!)?Cae aqui, cae ali, ums sobre os outros?Va? indo aos trambolhoins. O Talaveiras?Reunilos intenta, mas de balde.?He de balde bradar: diques na? sofre?Torrente por pavor precipitada.
No campo ficou so inteiro e forte.?O golpe universal caíu sobre ele.?Das setas, e das lansas acravado?Parecia um pinhal o grande escudo.?Nimguem ouzou xegarlhe, que da terra?Na? fizese vermelha a superfice.
E que mais fês d'Olimpias o esforsado?Filho, o devastador do mundo invicto,?Junto ao tronco, dos seus destituido,?Quando o muro saltou dos Oxidracas?
Mas a Morte d'Erois sempre avarenta?Metida n'uma bala fulminante?As pernas lhe atravesa, e despedasa.?Acurva a grosa máquina tremendo,?E em terra baqueando he maxucada?Do violento tropel dos inimigos.?C'o este lanse _vitoria_ o Tejo brada:?Vitoria, respondeu a xusma ovante,?Vitoria pelas aguas,
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