asilo o nome deram,
Que
os tempos em Leiria converteram.
De Vandalos, e Godos povoada
Foi depois, gente forte e valerosa,
Que com o tempo tambem cedeu á espada
Da sarracena raça bellicosa,
Na epocha em que a terra celebrada
Das Hespanhas sofreu perda
affrontosa,
E só cantabrios serros abrigaram
Os que ao jugo
africano se escaparam.
Mas alfim vencedor da maura gente,
Affonso, no penhasco edificára
Recinto marcial forte, e potente,
Que de Agostinho aos filhos
confiára,
Quando do rôto Ismar a ira fremente
No povo e no
presidio se vingára,
E unido a Hauzeri, mouro esforçado
Tinha de
Affonso os muros conquistado.
Ai! daquelle, que atrevido
Com temeraria ousadia
Do Leão adormecido
Os furores desafia!
O animal irritado,
De crua raiva espumando,
Corre o campo, arrebatado
Morte e ruina espalhando:
Com seus urros espantosos
A bronca serra estremece,
A luz do raio esplandece
Nos seus olhos furiosos.
Força não ha tão potente
Que a carreira lhe embarace,
Que a garra não despedace,
Que não rasgue iroso o dente:
Té que em fim o imigo alcança,
E no côrpo ensanguentado
Partido, e dilacerado,
Séva as iras e a vingança.
Assim de novo a trompa bellicosa
Nos valles retumbava,
Assim de Affonso a gente valerosa
Já de novo se armava,
E as bandeiras, que as Quinas adornavam
Os
Alferes de novo ao vento davam.
Nobres, e ricos-homens á porfia
Se apromptam sem demóra
A castigar dos mouros a ousadia,
E em lide vencedora
Punir os damnos, com que Ismar irado
Todo o
transito seu tinha marcado.
O escudo embraçou p'ra nobre empreza
Pedr'Affonso incansavel,
Ao Rei da crua guerra na aspereza
Consorte inseparavel,
E com elle Ruy para a vingança
Com ardor
empunhou a herdada lança.
Moveu-se a gente bellica segura
Na esperança da victoria,
Que a quem temer não sabe a lide dura
Nunca desmente a gloria,
E n'um teso, ao Castello apropinquado
O
campo expugnador foi collocado.
De annoso pinheiro,
Que em frente se alçava
Do campo guerreiro,
Nos ramos pousava
Um corvo agoureiro
Que abrindo o rostro infausto, e ás azas dando,
Parecia estar os
mouros malfadando.
Os de Agar bramaram
Quando alevantadas
Em frente enchergaram
As Quinas sagradas,
E irosos juraram
Illeso conservar o logar forte
Seus muros defendendo até á morte.
Alcaide da gente
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