Reprezentação à Academia Real das Ciências sobre a refórma da ortografia | Page 4

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válem a seu ver, mais que este, os outros argumentos dos etimolojistas, que a comiss?o, como éra seu dever, ezaminou cuidadóza e concienciòzamente; entre os quais avulta o de se ficar inabilitado, adòtada a ortografia sónica, para utilizar os tezouros de saber encerrados nos livros escritos em ortografia etimolójica: com isso, esclama o mesmo àutor francês, ficaria sendo uma mentira o pensamento de Pascal--que a umanidade é como um ómem que, subsistindo sempre, aprenderia sempre ao passo que envelhecia--. Em primeiro lugar quázi todos se limít?o oje a ler as variadas publica??is da àtualidade; s?o da àtualidade quázi todos ou todos os livros por que se estuda nas nóssas escólas de todos os graus d'ensino; e os que v?o consultar os vélhos abitadores das bibliotécas enfád?o pouco os reprezentantes da nóssa literatura. Em segundo lugar um passo mais, no caminho já t?o trilhado da transforma??o da língua, n?o nos levava t?o lonje do estado prezente que se n?o pudésse fazer o que oje se fás. Nos dicionários d'agóra as palavras s?o bem diferentes do que f?r?o em outras éras, e os literatos nem por isso deix?o de entender os livros respètivos; do mesmo módo aconteria depois. A etimolojia lá estaria marcada no competente léccicòn; e num dicionário manual, bastaria p?r em parêntezis a palavra com a àtual ortografia, para ficar tudo remediado quanto aos livros modérnos: quem manuziava o dicionário, vendo sempre a palavra com ambas as ortografias, ficava conhecendo t?o bem uma como outra.
Conseguintemente, a raz?o e a lójica aconselháv?o á comiss?o a ortografia sónica, que é o progrésso; e decidiu adòtal-a em princípio.
Avendo aceitado e tendo de propor o princípio, a comiss?o julgou dever estudar e propor tambem um método para ele ser levado á prática. óra, a eicelencia da ortografia sónica deriva principalmente do seu princípio fundamental,--a unidade da reprezenta??o dos sons; isto é, cada som é segundo éla reprezentado sòmente por um sinal, e cada sinal reprezenta unicamente o seu respètivo som. éra tal princípio, por conseguinte, um ponto de partida for?ado; e para aplical-o, tornava-se tambem for?ozo determinar o número de sons elementares que avia a reprezentar, e os sinais mais próprios para éssa reprezenta??o.
Passando pois a estudar este momentozo assunto, éla teve de decidir-se sobre a pronúncia que devia tomar por nórma; e pareceu-lhe que, para este e para quàisquér outros pontos relativos a pronúncia, devia p?r de parte tanto a d'aqueles que s?o mais ou menos analfabétos, como a dos eruditos apàixonados pelas raízes etimolójicas que quérem que a pronúncia se subordine á ortografia em vês d'ésta se subordinar àquéla, e que devia aceitar como pronúncia nòrmal a dos que lem e escrévem mais ou menos regulàrmente, a qual é tambem a da màiór parte dos eruditos. E do seu estudo, assim como do ezame do nósso alfabéto, concluiu o seguinte:
1.^o Que os elementos da nóssa prozódia s?o 10 sons vogais simples, isto é--a aberto, fexado e surdo,--e abérto, fexado e surdo,--i,--o abérto e fexado,--u--; os quais se fázem ouvir, o a fexado na primeira sílaba de gamo e os outros no fim das seguintes 9 palavras: òlá cóva, café mercê vide, ali, cipó av?, tu. (O som de--o--surdo é igual a--u--brève).
Que d'esses sons recébem a entoa??o nazal cinco,--a abérto, e e o fexados, i, u--, como se vê da primeira sílaba d'éstas 5 palavras: lan?a, pênte, tinta, p?nte, mundo.
Que temos 11 ditongos ou sons vogais compóstos, isto é, ái, áu, éi éu, iu, ói, ui, ei eu, oi ou; do que d?o ezemplo as palavras: ráiva Páulo, cordéis arpéu, feriu, bóia, ruivo, peito feudo, boi Vouga.
Que n?o averá dúvida quanto á subjuntiva de todos estes ditongos, nem quanto á prepozitiva dos primeiros 7, mas que póde avêl-a quanto á dos 4 últimos; a qual a comiss?o entende n?o ser e fexado para os 2 primeiros nem o fexado para os segundos, mas um som intermédio entre o som abérto e o som fexado de cada um.
Que d'esses ditongos recébem a entoa??o nazal ái áu, ei, oi, ui; como se obsérva por ezemplo nas palavras m?i m?o, bem, p?i, m[~u]i.
E que, àlem dos elementos vogais temos 20 consoantes ou articula??is, que s?o--be, ce, de, fe, o som gutural de g, je, le, me, ne, pe, qe, te, ve, xe, ze, rre, re, lhe, nhe, e o som sibilante que o s reprezenta no fim das sílabas, o qual se aprocima muitíssimo de ze; articula??is que se áx?o respètivamente na segunda sílaba das 20 palavras seguintes: sébe, téce, póde, Fafe, dógue, oje, fóle, nóme, cóne, tópe, léque, póte, léve, peixe, onze, bérre, fére, mólhe, ganhe, bàús.
2.^o Que o módo de reprezentar os sons vogais, racionalmente e em armonia com o princípio da unidade de reprezenta??o, é aquele por que v?o acima dezignados nos ezemplos, á parte as vogais acentuadas e algum sinal por meio
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