Cavalleiro, Castelhano_).
Devoto Jo?o Cavalleiro,?Que pareceis Isa?as,?Dae-me de beber tres dias,?E far-vos-hei meu herdeiro.?N?o tenho filhas nem filhos,?Sen?o canadas e quartilhos;?Tenho enxoval de guarda,?Se herdardes Maria Parda,?Sereis f��ra d'empecilhos.
Jo?o Cavalleiro
Amiga, dicen por villa?Un ejemplo de Pelayo,?Que una cosa piensa el bayo?Y otra quien lo ensilla.?Pagad, si quereis beber;?Porque debeis de saber?Que quien su yegua mal pea,?Aunque nunca mas la vea,?��l se la quiso perder,
(_Vai-se a Branca Leda_).
Branca mana, que fazedes??Meu amor, Deos vos ajude;?Que estou no ataude,?Se me v��s n?o accorredes.?Fiade-me ora tres meias,?Que ando por casas alheias?Com esta s��de t?o viva,?Que ja n?o acho cativa?Gota de sangue nas veias.
Branca Leda
Olhade, mulher de bem,?Dizem qu'em tempo de figos?N?o ha hi nenhuns amigos,?Nem os busque ent?o ninguem.?E diz o exemplo dioso,?Que bem passa de guloso?O que come o que n?o tem.?Muita agua ha em Boratem?E no po?o do tinhoso.
(_Vai-se a Jo?o do Lumiar_)
Senhor Jo?o do Lumiar,?Lume da minha cegueira,?Esta era a verde pereira?Em que vos eu via estar.?Fiae-me um gentar de vinho,?E pagar-vos-hei em linho,?Que ja minha l? n?o presta:?Tenho mandada hua besta?Por elle a antre Douro e Minho.
Jo?o do Lumiar
Exemplo de mulher honrada,?Que nos ninhos d'ora a hum anno?N?o ha passaros oganno.?I-vos, que sois aviada.?Emquanto isto assi dura,?Matae com agua a seccura,?Ou ide a outrem enganar,?Que eu n?o m'hei de fiar?De mula com matadura.
(_Indo pera casa de Martin Alho, vai dizendo_):
Amara aqui hei d'estalar?Nesta manta emburilhada:?Oh! Maria Parda coitada,?Que n?o tens j�� que mijar!?Eu n?o sei que mal foi este,?Peor cem vezes que a peste,?Que quando era o tr?o e o tramo,?Andava eu de ramo em ramo?N?o quero deste, mas deste.
(_Diz a Martim Alho_):
Martim Alho, amigo meu?Martim Alho meu amigo,?T?o secco trago o embigo?Como nariz de Judeu.?De s��de n?o sei que fa?a:?Ou fiado ou de gra?a,?Mano, soccorrede-me ora,?Que trago ja os olhos f��ra?Como rala da nega?a.
Martim Alho
Diz hum verso acostumado:?Quem quer fogo busque a lenha;?E mais seu dono d'acenha?Appella de dar fiado.?V��s quereis, dona, folgar,?E mandais-me a mim fiar??Pois diz outro exemplo antigo,?Quem quizer comer comigo?Traga em que se assentar.
(_Vai-se �� Falula_).
Amor meu, mana Falula,?Minha gloria e meu deleite,?Emprestae-me do azeite,?Que se me s��cca a matula.?At�� que haja dinheiro,?Fiae, que pouco requeiro,?Duas canadas bem puras,?Por n?o ficar ��s escuras,?Que se m'arde o candieiro.
Falula
Diz Nabucodonosor?No sideraque e miseraque,?Aquelle que d�� gran traque?Atravesse-o no salvanor.?E diz mais, quem muito pede,?Mana minha, muito fede.?Sete mil custou a pipa;?Se quereis fartar a tripa,?Pagae, que a vinte se mede.
Maria Parda
Raivou tanto sideraque?E tanta zarzagania,?Vou-me a morrer de sequia?Em cima d'hum almadraque.?E ante de meu finamento,?Ordeno meu testamento?Desta maneira seguinte,?Na triste era de vinte?E dous desde o nacimento.
*TESTAMENTO*
A minha alma encommendo?A No�� e a outrem n?o,?E meu corpo enterrar?o?Onde est?o sempre bebendo.?Leixo por minha herdeira?E tambem testamenteira,?Lianor Mendes d'Arruda,?Que vendeo como sesuda,?Por beber, at'�� peneira.
Item mais mando levar?Por tochas cepas de vinha,?E hua borracha minha?Com que me haj?o d'encensar,?Porque teve malvasia.?Encensem-me assi vazia,?Pois tambem eu assi vou;?E a s��de que me matou,?Venha pola cleresia.
Levar-me-h?o em hum andor?De dia, ��s horas certas?Que est?o as portas abertas?Das tavernas per hu for.?E irei, pois mais n?o pude,?N'hum quarto por ataude,?Que n?o tivesse agua p��:?O _sovenite_ a No��?Cantem sempre a meude.
Diante ir?o mui sem pejo?Trinta e seis odres vazios,?Que despejei nestes frios,?Sem nunca matar desejo.?N?o dig?o missas rezadas,?Todas sej?o bem cantadas?Em Framengo e Allem?o,?Porque estes me levar?o?��s vinhas mais carregadas.
Item dir?o per d�� meu?Quatro ou cinco ou dez trintairos,?Cantados per taes vigairos,?Que n?o beb?o menos qu'eu.?Sej?o destes tres d'Almada,?E cinco daqui da S��,?Que s?o filhos de No��,?A que som encommendada.
Venha todo o sacerdote?A este meu enterramento,?Que tiver t?o bom alento?Como eu tive ca de cote.?Os de Abrantes e Punhete,?D'Arruda e d'Alcouchete,?D'Alhos-Vedros e Barreiro,?Me venh?o ca sem dinheiro?At�� cento e vinte e sete.
Item mando vestir logo?O frade allem?o vermelho?Daquelle meu manto velho?Que tem buracos de fogo.?Item mais, mais mando dar?A quem se bem embebedar?No dia em que eu morrer,?Quanto movel hi houver?E quanta raiz se achar.
Item mando agasalhar?Das orphans estas n�� mais?As que por beber dos paes?Fic?o proves por casar.?��s quaes dar?o por maridos?Barqueiros bem recozidos?Em vinhos de mui b?s cheiros;?Ou busquem taes escudeiros,?Que beb?o coma perdidos.
Item mais me cumprir?o?As seguintes romarias,?Com muitas ave-marias.?E n?o curem de Mon??o.?V?o por mim �� Sancta Orada?D'Atouguia e d'Abrigada,?E a Curageira sancta,?Que me der?o na garganta?Saude a peste passada.
Item mais me prometti?Nua �� pedra da estrema,?Quando eu tive a postema?No bei?o de baixo aqui.?E porque gran gloria senta,?Lancem-me muita agua benta?Nas vinhas de Caparica,?Onde meu desejo fica?E se vai a ferramenta.
Item me levar?o mais?Hum gran cirio pascoal?Ao glorioso Seixal?Senhor dos outros Seixaes;?Sete missas me dir?o?E os caliz encher?o,?N?o me dig?o missa s��cca;?Porque a dor da enchaqueca?Me fez esta deva??o.
Item mais mando fazer?Hum espa?oso esprital,?Que quem vier de Madrigal?Tenha onde se acolher.?E do termo d'Alcoba?a?Quem vier dem-lhe em que ja?a:?E dos termos de Leirea?Dem-lhe p?o, vinho e candea,?E cama, tudo de gra?a.
Os d'Obidos e Santarem,?Se aqui pedirem pousada,?Dem-lhes de tanta pancada?Como de maos vinhos tem.?Homem d'Entre Douro
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