Pranto de Maria Parda

Gil Vicente
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The Project Gutenberg EBook of Pranto de Maria Parda, by Gil Vicente
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Title: Pranto de Maria Parda
Author: Gil Vicente
Release Date: May 4, 2007 [EBook #21287]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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GIL VICENTE
*PRANTO DE MARIA PARDA*
_Porque vio as ruas de Lisboa com t?o poucos ramos nas tavernas, e o vinho t?o caro e ella n?o podia passar sem elle_
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EDI??O POPULAR
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_DECIMA SEGUNDA EDI??O_
(oitava em separado das obras varias)
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Pre?o 20 rs.
AS TRES BIBLIOTHECAS
_Empreza de Urbano de Castro e Alvaro Pinheiro Chagas_
Rua da Barroca, 72--Lisboa
1902
Offic. a vapor da Pap. Estev?o Nunes & F.^os--Aurea, 58--Lisboa
*Pranto de Maria Parda*
Por que vio as ruas de Lisboa com t?o poucos ramos nas tavernas e o vinho t?o caro, e ella n?o podia viver sem elle
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DECIMA SEGUNDA EDI??O
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OITAVA EM SEPARADO DAS OBRAS VARIAS
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*ADVERTENCIA IMPORTANTE*
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ADOLESCENTES DE UM E OUTRO SEXO!
Sob um titulo que vos poder�� attrahir este livro contem mysterios de iniquidade.
Se o abrisseis depois d'este preg?o, s�� de v��s mesmos, vos pod��reis queixar. N?o �� para v��s que foi escripto. Quem o apresentasse, ou o permittisse, s�� esse seria o seu Invenenador
_Estas palavras escreveu-as Antonio Feliciano de Castilho na primeira pagina da traduc??o dos Amores de Ovidio_
_O_ *Pranto de Maria Parda* _n?o encerra mysterios de iniquidade, mas tambem n?o deve ser lido pela innocencia._
Offic. a vapor da Pap. Estev?o Nunes & F.^os--Aurea, 58--Lisboa
*PRANTO DE MARIA PARDA*
_Por que vio as ruas de Lisboa com t?o poucos ramos nas tavernas e o vinho t?o caro, e ella n?o podia viver sem elle_
Eu so quero prantear?Este mal que a muitos toca;?Que estou ja como minhoca?Que puzer?o a seccar.?Triste desaventurada,?Que t?o alta est�� a canada?Pera mi como as estrellas;?Oh! coitadas das guelas!?Oh! guelas da coitada!
Triste desdentada escura,?Quem me trouxe a taes mazelas!?Oh! gengivas e arnellas,?Deitae babas de seccura;?Carpi-vos, bei?os coitados,?Que ja l�� v?o meus toucados,?E a cinta e a fraldilha;?Hontem bebi a mantilha,?Que me custou dous cruzados.
Oh! Rua de San Gi?o,?Assi 'st��s da sorte mesma?Como altares de quaresma?E as malvas no ver?o.?Quem levou teus trinta ramos?E o meu mana bebamos,?Isto a cada bocadinho??�� vinho mano, meu vinho,?Que ma ora te gastamos.
�� travessa zanguizarra?De Mata-porcos escura,?Como est��s de ma ventura,?Sem ramos de barra a barra.?Porque tens ha tantos dias?As tuas pipas vazias,?Os toneis postos em p��??Ou te tornaste Guin��?Ou o barco das enguias.
Tr��ste quem n?o cega em ver?Nas carnicerias velhas?Muitas sardinhas nas grelhas;?Mas o demo ha de beber.?E agora que est?o erguidas?As coitadas doloridas?Das pipas limpas da borra,?Achegou-lhe a paz com porra?De crecerem as medidas.
�� Rua da Ferraria,?Onde as portas er?o mayas,?Como est��s cheia de guaias,?Com tanta lou?a vazia!?Ja m'a mim aconteceo?Na manhan que Deos naceo,?�� hora do nacimento,?Beber alli hum de cento,?Que nunca mais pareceo.
Rua de Cata-que-far��s,?Que farei e que far��s!?Quando vos vi taes, chorei,?E tornei-me por detras.?Que foi do vosso bom vinho,?E tanto ramo de pinho,?Laranja, papel e cana,?Onde bebemos Joanna?E eu cento e hum cinquinho.
�� tavernas da Ribeira,?N?o vos ver�� a v��s ninguem?Mosquitos, o ver?o que vem,?Porque sereis areeira.?Triste, que ser�� de mi!?Que ma ora vos eu vi!?Que ma ora me v��s vistes!?Que ma ora me paristes,?M?e da filha do ruim!
Quem vio nunca toda Alfama?Com quatro ramos cagados,?Os tornos todos quebrados!?�� bicos da minha mama!?Bem alli �� Sancto Esprito?Ia eu sempre dar no fito?N'hum vinho claro rosete.?Oh! meu bem doce palhete,?Quem pudera dar hum grito!
�� triste Rua dos Fornos,?Que foi da vossa verdura!?Agora rua d'amargura?Vos fez a paix?o dos tornos.?Quando eu, rua, per v��s vou,?Todolos traques que dou?S?o suspiros de saudade;?Pera v��s ventosidade?Naci toda como estou.
Fui-me �� Po?o do ch?o,?Fui-me �� pra?a dos canos;?Carpi-vos, manas e manos,?Que a dezaseis o d?o.?�� velhas amarguradas,?Que antre tres sete canadas?Sohiamos de beber,?Agora, tristes! remoer?Sete raivas apertadas.
�� rua da Mouraria,?Quem vos fez matar a s��de?Pela lei de Mafamede?Com a triste d'agua fria??�� bebedores irm?os,?Que nos presta ser christ?os,?Pois nos Deos tirou o vinho??�� anno triste cainho,?Porque nos fazes pag?os?
Os bra?os trago cansados?De carpir estas queixadas,?As orelhas engelhadas?De me ouvir tantos brados.?Quero-m'ir ��s taverneiras,?Taverneiros, medideiras,?Que me dem hua canada,?S?bre meu rosto fiada,?A pagar la polas eiras.
(_Pede fiado �� Bisca?nha._)
�� Senhora Bisca?nha,?Fiae-me canada e meia,?Ou me dae hua candeia,?Que se vai esta alma minha.?Acudi-me dolorida,?Que trago a madre cahida,?E ?arra-se-me o gorgomilo:?Emquanto posso engoli-lo,?Soccorei-me minha vida.
Biscainha
N?o dou eu vinho fiado,?Ide v��s embora, amiga.?Quereis ora que vos diga??N?o tendes isso aviado.?Dizem l�� que n?o he tempo?De pousar o cu ao vento.?Sangrade-vos, Maria Parda;?Agora tem vez a Guarda?E a raia no avento.
(_A Jo?o
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