esses principios que lhe serviram de base no transumpto historico que se lê no tomo I desta collec??o, ácerca dos nossos acontecimentos politicos, desde a revolu??o de setembro até a de 1842. Assim as increpa??es de incoherencia politica lan?adas naquella épocha contra o nosso escriptor, e mais tarde reproduzidas sem exame, reduzem-se a estranhar que elle n?o tivesse tido duas consciencias, uma para condemnar os actos desordenados do setembrismo e outra para se conformar com os analogos dos seus correligionarios.
Assente este ponto fundamental dos esclarecimentos em que vamos proseguindo, podemos agora cingir-nos aos que mais de perto se ligam ao conteúdo do tomo. Como ao constituir-se aquella camara n?o estivesse patenteada nenhuma das divis?es possiveis do cartismo parlamentar, foram eleitos membros da commiss?o d'instruc??o pública A. Herculano e mais dous deputados do seu grupo. Occorreu ent?o ao incansavel e patriotico publicista o pensamento de estudar e redigir com o auxilio de um destes deputados, o lente da Universidade e seu particular amigo V.F. Netto de Paiva, um projecto de organisa??o de instruc??o popular. N?o lhe viera de salto esse pensamento. Já na folha--O Repositorio Litterario--publicada de 1834 a 1835 na cidade do Porto, elle come?ara a manifestar o seu interesse pela instruc??o do povo, descrevendo ahi as escholas d'instruc??o elementar da Prussia e encarecendo-as como modêlos no genero. Evidentemente pretendera ent?o impressionar o público pondo em confronto o estado intellectual deste país com o do nosso, isto é, fazendo destacar os dous extremos. Em 1838 voltava ao momentoso assumpto, por incidente em luminosa passagem do artigo sobre monumentos patrios publicado no Panorama, e no Diario do Governo em uma série de artigos que n?o incluimos neste tomo por dispormos de mais completos trabalhos do Auctor sobre a materia. Aquelle projecto n?o seria, pois, mais que nova phase de uma propaganda que o Auctor f?ra desinvolvendo par a par com a relativa ao regimen politico recentemente implantado entre nós, e que elle reputava t?o fundamente correlacionada com esta quanto pelas suas eloquentes palavras os leitores poder?o em breve apreciar.
Fundada esperan?a de bom exito tinha A. Herculano nesta tentativa porque contava com a boa vontade de todos ou quasi todos os seus collegas da commiss?o e com a acquiescencia do ministro do reino, a quem o prendiam rela??es de amizade. Foi de certo a partir dessa épocha que essas rela??es come?aram a esfriar, degenerando mais tarde em animosidades que concorreram para perturbar gravemente a carreira litteraria do escriptor; mas até ahi e desde o cèrco do Porto haviam sido cordealissirnas e firmadas em repetidas provas de mútua confian?a. Desta vez, n?o tractava, pois, o insigne patriota apenas de ajunctar mais um brado em prol da grande causa a que se dedicava, mas de um acto decisivo e que, por bem concebido e delineado teria resultados seguros. Porém, a poucos passos as divergencias politicas que já descrevemos deram por terra com estas illus?es. Mesmo no decorrer da sess?o de 1840 apresentava o ministro do reino á camara um projecto seu que n?o teve seguimento mas que sem dúvida impedia a premeditada combina??o; e aberta a sess?o de 1841, logo A. Herculano e os seus amigos foram acintosamente excluidos da commiss?o de instruc??o pública, sem que a maioria desta se resentisse do facto. Depois, quando no progresso da sess?o o ministro mudava de pasta e desta mudan?a e do subsequente caminhar dos negocios, se podia deduzir que o assumpto n?o viria a ser ventilado na camara, resolveu o escriptor levá-lo para a imprensa, expondo em successivos artigos publicados de setembro a novembro na folha--O Constitucional, as theses que sobre elle havia apurado e examinando á luz dellas o projecto ministerial. S?o esses artigos que constituem um dos estudos sobre instruc??o insertos neste tomo e no qual, por emenda deixada pelo Auctor, substituimos a epigraphe primitiva de--Instruc??o Nacional pela de--Instruc??o Pùblica.
Ainda na sess?o de 1840 um deputado da maioria apresentara á camara um projecto de restabelecimento de anachronicos institutos de ensino público mortos pela ditadura setembrista e de extinc??o de outros que ella creara para os substituir. O principal objectivo do proponente era a quéda da eschola polytechnica e a restaura??o do collegio dos nobres, e contra essa idéa t?o retrógrada deu parecer a commiss?o de instruc??o pública, sendo relator A. Herculano; mas como a quest?o ficasse reservada, succedeu que alguem interessado nella mandou distribuir aos deputados na sess?o de 1841, antes do adiamento da camara decretado em mar?o, uma analyse impressa refutando aquelle parecer. Reaberta a camara respondeu A. Herculano com o seu opusculo--Da Eschola Polytechnica e do Collegio dos Nobres,--que é o outro dos dous referidos estudos, o que contém mais vivas allus?es ás occorrencias parlamentares e o primeiro na inser??o em obediencia á ordem chronologica. Posto que nesta noticia deixemos para o leitor a detida aprecia??o dos trabalhos que vamos apontando e
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