s?o? Que vale o Mundo? Quem de seu terno peito o imperio obteve, Mais imperio n?o quer: nem se deslumbr?o As almas grandes c'o esplendor do Throno. Quando a amor succumbi, do Solio estava Mais longe que o meu ber?o a minha idéa; Por isso n?o medi como devêra A declive distancia que os separa; Mas hoje a vejo assaz, e mais deploro A condi??o do Principe, que a minha; Quizera que tivesse antes nascido Vassallo o meu amante, que eu Princeza: Longe de o cobi?ar, detesto o Throno: Nelle diviso só barreira odiosa, Que entre peitos sensiveis sorte adversa Al?ou para que nunca unir-se poss?o... Sei que sou infeliz... e o serei sempre.
Af. Podes inda evitar maior desgra?a; Quem logo que o conhece o crime atalha, A innocencia recobra. Extingue, ó Castro, As criminosas chammas que sopraste; Quanto s?o detestaveis n?o ignoras, E bem vês que nutri-las mais n?o podes. Antes pois que do Principe te affastes, (A t?o graves delictos leve pena, Que hum benigno Monarcha te destina) Teu completo perd?o merecer busca. Tu mesma de seus erros o dissuade, E o convence a cingir-se aos dignos la?os Do plausivel consorcio que lhe ordeno: Concorre para o público socego, Em vez de o perturbar: n?o exacerbes Pertinaz em teu crime as minhas iras. Teme o castigo atroz de que és credora, Se ao cora??o do Principe as que urdiste Pris?es abominaveis n?o desatas.
Ign. Muito exiges de mim!.. Ah! Se eu podesse As algemas romper que nos vincul?o, Só por te obedecer (crê-me) o fizera: Mas como n'hum momento arrancar posso Do peito de teu filho sentimentos, Que amor, e sympathia originár?o? Para sempre deixar a terna amante, E subito ir lan?ar-se em bra?os de outra!.. Se elle tivesse huma alma t?o voluvel, Por ama-lo increpada eu n?o seria? Que proferi?.. Deliro... Oh Ceos... Perd?a... Perd?a-me, Senhor, talvez o tempo... Extinguir poderá... N?o sei que digo.
Af. Basta: immudece já, mulher soberba. De sobejo em tua alma tenho entrado. Ousas alardear, ante mim proprio, Do mais nefando crime! Ah! que castigos Bastar?o a punir teus attentados! Tudo quanto ha de horrivel...
SCENA VI.
D. Affonso, Ignez, Coelho, e Pacheco.
Coel. ...................... De Castella Embaixador chegou, que Audiencia pede.
Af. Entrar póde.
Scena. VII.
D. Affonso, Ignez, e Pacheco.
Af. .......... Retira-te atrevida; De meus olhos te affasta; vai, que em breve Te ser?o minhas ordens intimadas.
Ign. Humilde, e respeitosa hei de cumpri-las. Mas só te rogo que, antes de punir-me, Te dignes sem paix?o sondar meu crime; Pois se pezares bem os meus delictos, Espero que me julgues desculpavel.(19)
(19) Retira-se Ignez, e D. Affonso fica pensativo, em quanto Pacheco falla.
SCENA VIII.
D. Affonso, e Pacheco.
Pac. Que insolente altivez ostentar ousa!.. Eu te lamento, ó Rei, quando te vejo Na dura precis?o de repellires Da tua alma os impulsos compassivos, Constrangido a punir asperamente, Para evitar terriveis consequencias.
SCENA IX.
D. Affonso, Coelho, Pacheco, e o Embaixador.
Emb. A Filha do meu Rei, que te saúda, Já dos Dominios teus piza as fronteiras; Mas o boato geral de que teu filho, Por violenta paix?o allucinado, De Beatriz ao consorcio se recusa, Aos ouvidos chegou do meu Monarcha, Que me ordena te diga, e te assegure, Que se com tal repulsa, em seu desdouro, O Tractado solemne for violado, (O que elle n?o espera) dignamente Saberá sustentar a toda a for?a O decoro da filha, e do seu Throno.
Af. Dize da minha parte ao teu Monarcha, Que para dissipar seus v?os receios, Bastaria lembrar-se que os Reis Lusos, Fidelissimos sempre, seus Tractados Sabem desempenhar: n?o porque tem?o, Quaesquer que sej?o, estrangeiras for?as; Mas por dever, por gloria, e por costume. E para lhe mostrar como procedo, Hoje mesmo desterro de meus Reinos, E á sua guarda entrego Ignez de Castro, Que elle julga estorvar da Infanta as nupcias. Podes certificar-lhe, que consorte Ha de meu Filho ser da Filha sua.
Emb. Nem era de esperar que hum Rei t?o sabio Procedesse jámais d'outra maneira, Prompto vou expedir ao meu Monarcha A plausivel resposta, que lhe envias.
SCENA X.
D. Affonso, Coelho, e Pacheco.
Af. Sem demora, Pacheco, apromptar faze, Para Ignez conduzir, segura escolta: Vai, Coelho, dizer-lhe que se apreste: Partirá hoje Ignez para Castella, E meu filho comigo para a Corte.
Coel. Oxalá que assim seja! Mas duvido. Em castigar avaro em demasia, Além de ser, Senhor, simples desterro Aos delictos de Ignez pena mui leve; Receio que de horriveis attentados Seja origem fatal este projecto. F?ra talvez melhor lan?ar m?o logo Dos efficazes, ultimos remedios. Eu conhe?o o caracter de teu filho: Mal souber que roubar-lhe Ignez intentas, Dos filiaes deveres esquecido, Com bra?o armado, temo que se atreva Contra seu proprio Pai.
Af. .................. Nem tal profiras: N?o fa?as a meu filho essa injusti?a: De t?o feio attentado basta a idéa Para me horrorisar. Ide ligeiros Fazer que as minhas ordens se executem. Ah! Se alguem
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