meigo e loiras tran?as,?Vinham threnos sublimes, ideaes.
O mundo todo pleno d'harmonia.
Eu, s��, fitava a solid?o do mar?Dominado d'ideal melancolia.
E que buscava ent?o na immensidade?
�� que me vinha fundo cruciar?O acerado espinho da saudade!
Alg��s, 1890
+ESPERAN?A+
Fitei o teu retrato tristemente
Cansado do trabalho, sem alento,?O espirito meu n'esse momento?Soffria acerbamente, amargamente.
Comtemplei-o e dei-lhe um beijo ardente
Para desafogar o sofrimento,?Pareceu-me que sorrias, pensamento?Que me passou no cerebro latente.
E fui abandonado pl'a tristeza,
Recobrei para a lucta mais vigor?Trabalharei tenaz e com firmeza.
Vou-me tornar estoico contra a dor.
Eu vi n'esse sorrir de tal belleza?A firme espr'an?a d'um eterno amor!
Lisboa, 1891
+�� MEMORIA
DE
ALFREDO LOPES+
Viver! O que �� viver! Arrastar a existencia
No vasto labyrintho onde s�� reina a dor;?N'um pouco de materia �� guia a consciencia?Quasi a perder-se a for?a, a faltar o valor.
Morrer! Passar al��m! Da lucta repousar,
Deixar por uma vez do mundo as agonias;?Descer �� terra m?e, os lyrios fecundar,?Servir de refei??o aos vermes nas orgias.
Mas coisa alguma nasce e coisa alguma morre.
Transforma-se a materia em mil combina??es:?Seiva, no vegetal as hastes lhe percorre;?Sangue, faz palpitar os nossos cora??es.
Tu ent?o n?o morreste; apenas d'esta lida
Immensa, em que mostraste o fulgido talento,?Descan?as. No teu corpo ha ainda essa vida?Que palpita da terra ao proprio firmamento.
A vida da materia. Ent?o bellas, formozas,
Por cima d'essa campa onde agora repouzas,?H?o-de brotar de ti as lindas flores vi?osas?Na vaga poesia harmonica das cousas.
Rosas a recordar teu risonho futuro,
A tua juventude os cravos em bot?o,?O martyrio o finar na d?r t?o prematuro,?O cypreste a lembrar teu grande cora??o!
Angra do Heroismo,?9-9-88
+A REVOLU??O+
Campeia a tyrania, esmaga, oprime,
E da vontade o despota faz lei,?Do povo a justa voz cala, reprime,?Ou dictador, ou presidente, ou rei.
Calca aos p��s os direitos mais sagrados
E trucida os que querem reagir,?Apoiam-n'o as bayonetas dos soldados?N?o teme pois da plebe o rebramir.
Mas de repente os odios comprimidos
Estalam sanguinosos, em rugidos,?Irrompem como a lava do vulc?o,
Fazem voar o throno em estilha?os,
A liberdade imp?e com rudes bra?os,?�� a tua grande obra--Revolu??o--
Lisboa 1891
+ASPIRA??ES+
Oh! Quem me dera beijar-te
A tua face rosada,?Esses labios de carmim.?Oh! Quem podesse abra?ar-te?E gozar, �� gentil fada,?Caricias ternas, sem fim.
Quem podesse contra o seio
Estreitar-te e essa boquinha?Sorvel-a n'um beijo quente,?E sentir-te em devaneio?Palpitar, gosar, louquinha,?Caricias de amor ardente.
Desprezando os preconceitos
Sellemos com esse amor?Potente da nossa edade,?Estreitando os nossos peitos,?Em plena vida d'amor,?Mil juras de felicidade!
Que dizes, linda, pois c��ras?
Antegosas as delicias??Suspiras rubra de pejo??Ou na tua mente infloras?Esses milh?es de caricias?O amoroso d'um beijo?
Pois bem, gozemos, meu anjo,
E sejamos sempre queridos?Um do outro, minha fl?r,?E das delicias o archanjo?Venha achar nos sempre unidos?Gozando do nosso amor!
Angra do Heroismo,?1892
+OS CREPES DE CAM?ES+
Portugal j��z por terra! Esta patria querida
Dos fortes, dos heroes, dos rudes marinheiros,?Esta na??o valente, homerica, aguerrida?Que soube recha?ar outr'ora os estrangeiros,
J��z por terra abatida! A bandeira de gloria
Que fulgurou ovante ao sol de cem combates?E sempre ha-de brilhar, aqui, em toda a historia?Que foi desde o Brazil ��s regi?es do Gates.
Hoje roja-se no p��! De tudo o que tivemos
De brio, heroicidade, altivez e coragem?Nada nos resta j��! Parece que viemos?Perdendo tudo, tudo, em funebre viagem!
A propria honra se foi! Um insulto cruel
Fez agitar um dia o loda?al enorme,?Houve gritos de raiva, amarguras de fel?Mas j�� tudo passou! E o povo dorme... dorme!
O derradeiro arranco! Ao pobre muribundo
N?o resta d'esperan?a um lampejo fugaz,?Hoje existe s��mente a mostrar-nos ao mundo?Um sepulcro marmoreo, um funebre _aqui jaz_.
Synthetizou outr'ora um esperan?oso ideal
Em honra do cantor das nossas tradic??es,?Hoje existe de p�� por sobre o tremedal?Um symbolo de morte:
O lucto de Cam?es!
Lisboa, 11-1-91
+A BORDO+
Vamos no alto mar, a noite lentamente
Encobre pouco a pouco a abobada celeste;?Ha pallidos clar?es das bandas do occidente?E sopra uma rajada aguda de Nordeste.
Corre a todo o vapor, com impeto potente
O navio rasgando a superficie agreste?Do gigantesco oceano. As ondas febrilmente?Tem o tom verde-negro e triste do cypreste.
S�� vemos ceo e mar, o horizonte enorme,
Cercados pelo gigante immenso que n?o dorme?No monotono circo �� plena a solid?o.
N'essa tremenda lucta o pensamento humano
Mostra pujantemente, ao dominar o oceano,?Um cerebro o que vale! o que �� um cora??o!
A bordo do _Funchal_,?1891
+ROZA EM BOT?O+
1. E. S.
Que lindo bot?o de rosa,
Oh! como �� bella esta fl?r,?E tens inda mais valor?Por seres offerta amoroza.
Gentil, risonha e mimoza
Elvira imitas na c?r;?Ella �� pura como a fl?r?E tu como ella ��s formoza.
Mas, apesar da parecen?a,
Sempre existe uma differen?a?Em que te distingues d'ella;
�� que a roza tem espinhos,
Elvira ternos carinhos,?Que a tornam inda mais bella.
Angra do Heroismo,?1892
+TEMPESTADE E BONAN?A+
Soprava rijamente o vento Norte
E ca��a um terrivel aguaceiro;?Enorme escurid?o, lembrava a morte...?Mas n?o descria o rude marinheiro!
Rugia o mar e ao soffrer o corte
Da pr?a revoltava-se altaneiro,?Varria o tombadilho. Sempre forte?Ia o vapor correndo audaz, ligeiro.
Echoava o trov?o. Mas de repente
Ao vendaval succede-se a bonan?a,?O nevoeiro esvae-se lentamente,
A chuva p��ra, o oceano amansa;
O sol mostra seu disco reluzente,?Nos rostos pairam os sorrires d'esp'ran?a.
Lisboa 1891.
+AS ESTRELLAS+
Da minha alegre janella
Vejo uma nesga do ceo;?�� noite serena, bella,?Espaire?o o olhar meu,
A contemplar as estrellas
Que scintillam
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