se afflige, chora... ella ahi est�� a chorar... ella ahi est�� a chorar... (_vai-se abra?ar com a m?e que chora_) Minha querida m?e, ora pois ent?o!--Vai-te embora, Telmo, vai-te: n?o quero mais fallar, nem ouvir fallar de tal batalha, nem de taes hist��rias, nem de coisa nenhuma d'essas.--Minha querida m?e!
*Telmo*. E �� assim: n?o se falla mais n'isso. E eu vou-me embora. (_�� parte, indo-se depois de lhe tomar as m?os_) Que febre que ella tem hoje, meu Deus! queimam-lhe as m?os... e aquellas rosetas nas faces... Se o perceber�� a pobre da m?e!
SCENA IV
MAGDALENA, MARIA
*Maria*. Quereis v��s saber, m?e, uma tristeza muito grande que eu tenho?--A m?e ja n?o chora, n?o? ja se n?o infada commigo?
*Magdalena*. N?o me infado comtigo nunca, filha; e nunca me affliges, querida. O que tenho �� o cuidado que me d��s, �� o receio de que...
*Maria*. Pois ahi est�� a minha tristeza: �� esse cuidado em que vos vejo andar sempre por minha causa. Eu n?o tenho nada; e tenho saude, olhae que tenho muita saude.
*Magdalena*. Tens, filha... se Deus quizer, hasde ter; e hasde viver muitos annos para consola??o e amparo de teus paes que tanto te querem.
*Maria*. Pois olhae: passo noites inteiras em claro a lidar n'isto, e a lembrar-me de quantas palavras vos tenho ouvido, e a meu pae... e a recordar-me da mais pequena ac??o e gesto,--e a pensar em tudo, a ver se descubro o que isto ��--o porque tendo-me tanto amor... que, oh isso nunca houve decerto filha querida como eu!...
*Magdalena*. N?o, Maria.
*Maria*. Pois sim; tendo-me tanto amor, que nunca houve outro egual, estaes sempre n'um sobresalto commigo?...
*Magdalena*. Pois se te estremec��mos?
*Maria*. N?o �� isso, n?o �� isso: �� que vos tenho lido nos olhos... Oh, que eu leio nos olhos, leio, leio!... e nas estr��llas do ceu tambem--e sei coisas...
*Magdalena*. Que est��s a dizer, filha, que est��s a dizer? que desvarios! Uma menina do teu juizo, temente a Deus... n?o te quero ouvir fallar assim.--Ora vamos: anda ca, Maria, conta-me do teu jardim, das tuas flores. Que flores tens tu agora? O que s?o ��stas? (_pegando nas que ella traz na m?o_)
*Maria*, abrindo a m?o e deixando-as cahir no rega?o da m?e. Murchou tudo... tudo estragado da calma... ��stas s?o papoulas que fazem dormir, colhi-as para as metter debaixo do meu cabe?al ��sta noite; quero-a dormir de um somno, n?o quero sonhar, que me faz ver coisas... lindas ��s vezes, mas tam extraordinarias e confusas...
*Magdalena*. Sonhar, sonhas tu acordada, filha! Que, olha, Maria, imaginar �� sonhar: e Deus p?s-nos n'este mundo para velar e trabalhar--com o pensamento sempre n'elle sim, mas sem nos extranharmos a ��stas coisas da vida que nos cercam, a ��stas necessidades que nos imp?e o estado, a condic??o em que nasc��mos. Ves tu, Maria: tu es a nossa unica filha, todas as esperan?as de teu pae s?o em ti...
*Maria*. E n?o lh'as posso realizar, bem sei.--Mas que heide eu fazer? eu estudo, leio...
*Magdalena*. Les demais, can?as-te, n?o te distraes como as outras donzellas da tua edade, n?o es...
*Maria*. O que eu sou... s�� eu o sei, minha m?e... E n?o sei, n?o: n?o sei nada, sen?o que o que devia ser n?o sou...--Oh! porque n?o havia de eu ter um irm?o que fosse um galhardo e valente mancebo, capaz de commandar os ter?os de meu pae, de pegar n'uma lan?a d'aquellas com que os nossos av��s corriam a India, levando adeante de si Turcos e Gentios! um bello mo?o que fosse o retratto proprio d'aquelle gentil cavalleiro de Malta que alli est��. (Apontando para o retratto) Como elle era bonito meu pae! Como lhe ficava bem o preto!... e aquella cruz tam alva em cima! Paraque deixou elle o h��bito, minha m?e, porque n?o ficou n'aquella sancta religi?o, a vogar em suas nobres galeras, por esses m��res, e a affugentar os infieis deante da bandeira da Cruz?
*Magdalena*. Oh filha, filha!... (Mortificada) porque n?o foi vontade de Deus: tinha de ser d'outro modo.--Tom��ra eu agora que elle cheg��sse de Lisboa! Comeffeito �� muito tardar... valha-me Deus!
SCENA V
JORGE, MAGDALENA, MARIA
*Jorge*. Ora seja Deus n'esta casa!
(Maria beija-lhe o escapulario e depois a m?o; Magdalena somente o escapulario.)
*Magdalena*. Sejaes bem vindo, meu irm?o!
*Maria*. Boas tardes, tio Jorge!
*Jorge*. Minha senhora mana!--A ben?am de Deus te cubra, filha!--Tambem estou desassocegado como v��s, mana Magdalena: mas n?o vos afflijaes, espero que n?o hade ser nada.--�� certo que tive umas not��cias de Lisboa...
*Magdalena*, assustada. Pois que ��, que foi?
*Jorge*. Nada, n?o vos assusteis; mas �� bom que estejaes prevenida, por isso vo-lo digo. Os governadores querem sair da cidade... �� um capricho verdadeiro... Depois de aturarem mettidos alli dentro toda a f?r?a da peste, agora que ella est��, se p��de dizer, acabada, que s?o rarissimos os casos, �� que por f?r?a querem mudar de ares.
*Magdalena*. Pois coitados!...
*Maria*. Coitado do povo!--Que mais
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