de Heloysa a Abaylard, by
Alexander Pope
Project Gutenberg's Epistola de Heloysa a Abaylard, by Alexander
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Title: Epistola de Heloysa a Abaylard composta no idioma Inglez por
Pope
Author: Alexander Pope
Translator: José Nicolau de Massuelos Pinto
Release Date: October 3, 2007 [EBook #22870]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK EPISTOLA
DE HELOYSA A ABAYLARD ***
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EPISTOLA
DE
HELOYZA A ABAYLARD,
COMPOSTA
NO IDIOMA INGLEZ
POR
POPE,
E TRASLADADA
EM VERSOS PORTUGUEZES
POR * * M^os.
* * * * *
LONDRES:
NA OFFICINA DE GUILHERME LANE,
RUA DE LEADENHALL.
1801.
ASSUMPTO.
Abaylard, e Heloyza viveraõ no duodecimo Seculo; merecendo neste a
mais destincta Contemplaçaõ, assim pelos seus talentos, e
Conhecimentos literarios, como pelas qualidades externas, de que a
Natureza liberalmente os tinha dotado, nenhuma couza porem
concorreo tanto para os fazer celebres, como a sua Paixaõ desgraçada:
Depois de huma longa serie de infortunios, se retirou cada hum delles a
Mosteiros, aonde consagraraõ o resto de seus dias a exercicios de
Religiaõ, e Penitencia.
Succedeu, que alguns annos depois da sua separaçaõ, huma Carta, em
que Abaylard narrava a hum de seus Amigos todas as suas desgraças,
chegou por cazualidade ás maõs de Heloyza, despertou esta narraçaõ
toda a sua ternura; e deu occaziaõ a esta famoza Carta, que pinta taõ
vivamente os Combates da Natureza, e da Graça.
EPISTOLA
DE
HELOYZA A ABAYLARD.
Neste retiro quieto, Onde em morna solidaõ Levanta os olhos aos Ceos
Cançada contemplaçaõ; No Lugar onde o Silencio Repouza
profundamente Que movimentos perturbaõ Minh'alma com dõr
vehemente! Porque razaõ se extraviaõ Fòra do sancto retiro Meus
sentimentos profanos Porque motivo eu suspiro! E porque meu coraçaõ,
De Amor o fogo esquecido, Inda será devorado Ja a cinzas reduzido?
Que! Amarei ind'agora! Eis a Carta qu'elle envia, He o nome de
Abaylard, Que inda bejo entre agonia; Nome fatal e querido! Nunca
mais proferirei C'os meus labios, a que os votos. Impoem do Silencio a
lei: He para sempre encerrada Terna idea de Abaylar No coraçaõ, que
naõ posso C'o a do meu Deos separar. Que minha Maõ se suspenda, Tal
nome naõ và traçar.... Mas, oh Ceos, que tenho escripto! Va-o meu
pranto apagar. Debalde Heloiza aflicta Recorres ao pranto, á prece,
Determina o coraçaõ, E sempre a maõ lhe obedece! Muros, que
encerrais sombrios Mais de mil votos ardentes; E que os ecchos repetis.
De Suspiros penitentes; Rochedos, grutas de espinhos, Por toda aparte
errissados, Penhas que o uzo amacia Dos joelhos lacerados: Altàres,
aonde Virgens, Com hum fervor incessante, Vellaõ de noite, e de dia
Com palidez no semblante: Imagens d'aquelles Sanctos, Que aos Ceos
por vencer se aprazem Tua vista, e meu silencio Insensivel me naõ
fazem: Sempre o Ceo em vaõ me chama, Quando em fervente Oraçaõ,
Subjeita me a Natureza Metade do Coraçaõ; E as preces, jejuns, e o
pranto Naõ póde extinguir thé gora, Nem ao menos moderar O fogo
que me devora. Apenas tremula abri Tua Carta, ah meu Querido! Logo
teu nome s'of'rece A meus olhos, meu sentido; Eis que subito rebenta O
sentimento magoado De minhas desgraças todas, Nome fatal, e adorado!
Que jamais eu pronuncio, Sem que meu pranto amargozo, Envolto em
crueis suspiros, Me lembre o trance horroroso Tremo sempre, se o meu
nome Co'a vista infeliz acerto, Pois sei que algum infortunio O seguirá
de bem perto, Meus olhos nadando em pranto, Correndo de linha em
linha, Achaõ somente desgraças Da minha sorte mesquinha Mil vezes
de ardente amor M'inflama a voracidade, Outras da dor opprimida
Geme a tenra mocidade; Em fim no retiro escuro D'hum Mosteiro
clauzurada Manda a Religiaõ se extinga A paixaõ mais inflamada;
Aonde deve acabar Com impossivel victoria As duas paixoens mais
nobres O terno Amor, e a Gloria. Mas assim mesmo, Abaylard, Escreve
me, sim, consente Que eu saiba os ternos transportes, Que inda tua
alma hoje sente: Nossas dores se confundaõ, Se temos o mesmo Fado,
Naõ escape hum só suspiro, Que naõ seja compensado; Se he est'unico
remedio, Illezo do Fado inhumano, Serás dos meus inimigos Abaylard
o mais tirano! Minhas lagrimas--saõ minhas, Naõ as poupo á Amor saõ
dadas, Ainda as que ser deviaõ Na oraçaõ derramadas: Meus tristes
olhos naõ tem, Nem podem ter outra acçaõ, Será o ler, e o chorar Sua
eterna occupaçaõ. Huma parte em tuas penas Tenha por triste prazer,
Ou inda mais venhaõ todas O meu Coraçaõ
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