Epistola de Heloysa a Abaylard | Page 2

Alexander Pope
juvenil Cora?a?, De seu soccorro ajudado, Puros dezejos sem susto Explica ao seu Bem amado; A alma se manifesta Co'a singeleza devida, Aos olhos do charo objecto He longa auzencia illudida; Juntando longiquuos Lares, Corre hum suspiro inflamado Por seu magico poder Do Indo ao Polo apartado. Bem sabes com que innocencia Teu amor antecipava; Que da amizade a apparencia O nosso ardor disfar?ava; Que achei sempre em teu aspecto Huma angelica figura; Que emanava dos teus olhos Huma chama etherea, e pura; Tua Amante, sem receio Absorta a teu lado estava, Por isto, sim, sem remorso Minha paixa? fomentava: Se erguias celeste canto Ao Supremo Author do dia, Me figura que o Ceo Attentamente te ouvia; Ath�� as verdades sanctas, Reveladas com certeza, Parecia que de teus labios Cahia? com mais belleza. Que perceitos dictarias, Que hoje mesmo eu na? estime, Facilmente me ensinaste Que o Amor na? era hum crime: �� seduc?a? dos sentidos Depressa me abandonei, Na? vi outra Devindade Sena? a que em ti achei; A posse da Gloria eterna Com tanto prazer na? via, Deixei de invejar hum Ceo Que por te amar perderia. Ah! Quantas vezes eu dice, Se �� elei?a? de hum espozo Paterna lei me obrigasse Com la?o eterno, e odiozo. Julgara toda a unia? Pelo tormento maior, Se na? fosse vinculada Com os encantos de Amor; He amor qual avezinha, Se v�� prizoens conjugaes Estende ligeiras pennas, Eis voa, na? torna mais: Embora d'honras, riquezas Seja hymeneo coroado, E o nome de quem o abra?a Seja sancto, e respeitado; Mas brilhantes apparencias De vulgar satisfa?a? Torna? se em nada ao aspecto Da verdadeira paixa?; Honras, credito, riquezas Que sois �� vista de Amor? Inspira este Deos ciozo Com vingativo furor Inquietas paixoens terriveis Ao que profano dezeja Nelle buscar outro bem Que so o de Amor na? seja Se visse a meus p��s prostrado Do Mundo o amplo Senhor Inda pelo Throno do Mundo Desprez��ra o seu amor; Th�� recuzando do Cezar O consorcio o mais brilhante Preferira de quem amo Ser huma fragil amante. Se outro titulo encontrasse Mais terno, e livre seria Este o nome preciozo Que para elle tomaria. Que dita se duas almas Com indissoluvel firmeza No seu livre amor conhecem S�� as leis da Natureza! Hum so objecto ocupa O Cora?a? que amor sente, He possuido, e possue Em mutua paixa? ardente; Em dous Amantes se encontra? Pensamentos sempre iguaes; E sem que os labios se expliquem Os olhos expressa? mais. Se he esta a maior ventura, Que hum amante pode achar Esta mesma n'outro tempo Foi a minha, e de Abaylar.... Mas que subita mudan?a Me apprezenta o impio Fado! Ceos que vejo! O meu amante Prezo, n?, ensanguentado! Aonde estava Heloiza Neste momento horroroso!... Gritos, for?as se armaria? Contra o lance sanguinozo. Oh barbaros, suspendei A feroz ma? homecida, Ou arrojai toda a raiva Contra a minha infausta vida! Ao menos se ambos culpados A mesma sorte condemna Recaha em dous o castigo Soframos a mesma pena... A d?r me opprime, e perturba... Por pejo, e piedade cesse... Meus solu?os, e vergonha Na garganta a voz impece. Poder��s ser esquecido, Dia solemne, e fatal Onde quais victimas fomos, E esp'rando o golpe mortal Junto aos tremendos Altares, Entre combates violentos, Correo meu inutil pranto Em ta? funestos momentos. Dei ao Mundo hum adeos eterno �� flor dos annos mingoados, E bejo o sagrado v��o Com os meus bei?os gelados. Tremem os Altares sanctos Quando minha voz conhecem, E at�� os sagrados Lames Arquejando se amortecem: O Ceo acredita apenas A Conquista que fazia; Ouvem com espanto os Anjos Os votos que eu proferia; Mas com tudo ao Sanctuario Com palidez penetrava, E os olhos que �� Cruz proponho Em ti somente os fitava. Gra?a eficaz, puro zelo Da santa Religia? Na? compunha? o caracter Desta infeliz voca?a?; Era hum amor desgra?ado Essencia d'hum Ser constante, Tudo entregava e perdia Por ter perdido hum Amante. Com teus olhos, teus discursos Vem suspender meu tormento, Este poder te deixara?; Possa em teu seio hum momento Repouzar minha cabe?a: Seja em teus labios bebido De amor o doce veneno De teus olhos recebido; Ja na? pertendo do Fado Que outro algum bem me destine, Da-me, sim, o que dar podes, Deixa que o resto imagine.... Porem nao! Fuja? de todo Pensamentos criminozos, C�� meu dever vem mostrar-me Eternos bens mais ditozos, Tira a meus olhos a venda, Pinta-me a Celeste Gloria, Faze minh'alma te fuja Dando ao seu Deos a Victoria. E se a meus votos te negas Minhas fieis companheiras Os teus cuidados merecem Sa? do teu gremio as primeiras, Sa? plantas que cultivaste, Filhas da tua piedade. Que o Mundo va? desprez��ra? Na mais tenra Mocidade, Ao innocente Retiro Pela Virtude guiadas Dentro das Paredes
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