saudade.
A d?r, em mim, é canto que murmura;?A d?r, em ti, é negra tempestade:?Sou a noitinha, e tu, a noite escura!
VIDA ETERNA
Nele adora somente o que n?o passa;?O que é imortal, perfeito, e no teu sêr?é fonte de ora??es, de luz e gra?a.
Adora a sua Imagem a viver,?Numa perpetua infancia florescendo,?Perpetuamente isenta de soffrer.
Dia a dia, nós vamos falecendo;?Esta vida carnal é um arremêdo?Da Vida, á luz da qual eu n?o entendo
Nem morte ou aparencia ou d?r ou mêdo...?Teu Filho agora é luz, revela??o;?E tu, ó M?e, crepusculo e segrêdo!
Adora, sim, teu proprio cora??o?Se desejas amar teu Filho. Resa?E n?o chores, que a luz duma ora??o
Mostra-te bem melhor sua belêsa,?Seus verdes olhos de alma, a fronte e o r?sto?Que as lagrimas sombrias de tristêsa.
Seja alegria eterna o teu desg?sto?Corporeo, transitorio! Seja aurora?De idilio o teu dramatico sol-p?sto!
A alma ajoelha e resa, mas n?o chora.
MEMORIA
Memoria, Elisios Campos, Paraiso,?Espirituaes Paisagens!?Vales de luz, outeiros de sorriso,?Onde vivem as misticas Imagens.
Jardim florido de Almas que o estort?r?Da Morte libertou! Jardim povoado?De luminosas Sombras que em am?r?E sonho iluminado,?Dando-se as m?os de luz e intimidade,?Vagueiam pelas verdes avenidas,?Ao luar misterioso da Saudade,?Evocando outros mundos, outras vidas...
Vejo, em grupos, os velhos conversando...?E murmuram palavras... voz de outomno?Que se vae em silencios desfolhando?Num êrmo ch?o doirado, ao abandono.
Mais adeante, em d?ce companhia,?Caminha enamorada a gente nova:?O Heroe caido, morto, á luz do dia,?A Noiva que baixou á fria cova!
E mais adeante ainda, em mais ruidosos?E alvoro?ados grupos, as Crean?as?Falam alto, têm gestos luminosos...?S?o bandos de esperan?as,?T?o cêdo á luz do mundo arrebatadas?E aos bra?os maternaes!?E brincam a sorrir, inda molhadas?Das lagrimas eternas de seus Paes...
E com um ar de riso,?As beija o Sol do Alem...?Nem se lembram das m?es, no Paraiso;?S?o Almas, sim, e as Almas n?o têm M?e!
Ao Sol espiritual que as faz corar?Durante os seus brinquedos,?Somente Deus as pode contemplar?Do seu tr?no de trevas e segrêdos.
Deus contempla as Crean?as que roubou?Ao fundo am?r materno... E bem se vê?Nos seus olhos a nuvem que os toldou...?E a si mesmo pergunta: Para quê?
E á luz do eterno dia,?Os Phantasmas divinos das Crean?as?Fazem os seus bailados de alegria,?Elas que s?o tristissimas Lembran?as!
E a nova formosura que elas têm!?O novo e estranho encanto!?Assim tocadas já do sol do Alem,?Até aos pés vestidas do meu Canto!
Memoria, Jardim de Almas todo em fl?r?Que as can??es e os perfumes enev?am,?Se para mim és d?r, és luz e am?r,?Para os sêres amados que o povoam!
E eis tudo quanto resta á Creatura:?Saber que o seu tormento?é perfeita alegria, alta ventura,?Em outro Firmamento!
Quando os meus olhos intimos, em sonho,?Esse mundo ideal conseguem vêr,?Fico t?o deslumbrado que suponho?Haver morrido já sem o saber!
E eis que sou na Paisagem da Memoria!?Lembran?a de mim mesmo, eu já penetro?Na cidade phantastica e ilusoria...?Já sou Apari??o, Vis?o, Espectro!
Que é da minha Presen?a? N?o me vejo!?Ah, n?o me encontro em mim! Sou a Ora??o?Redimida, sem Deus e sem desejo;?Am?r sem cora??o!?Sonho liberto, ascendo no Infinito.?A propria Altura é já profundidade!?Onde estás? onde estás? ó corpo aflicto!?Meu sêr perdeu-se em alma: ei-lo saudade!
Outubro de 1912
INDICE
Prefacio?Dedicatoria?M?e dolorosa?Junto dele?Nas trevas?Olhar eterno?No seu tumulo?Delirio?Remorsos?No crepusculo?Sobresalto?Encantamento?O que eu sou?Minha alegria?Tristêsa?A minha d?r?A M?e e o Filho?Ausencia?Tragica recorda??o?Idilio?De noite?Noites em claro?Duas sombras?Lagrima?Medita??o?Esperan?a e tristêsa?Sósinho?Depois da vida?O encontro com o retrato?Na minha soledade?A tua imagem?A nossa d?r?Vida eterna?Memoria
ACABOU DE IMPRIMIR-SE?AOS 21 DE JUNHO DE 1913?NA TYPOGRAPHIA COSTA?CARREGAL TRAVESSA PASSOS?MANUEL, 27--PORTO.
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