e do Regno de Portugal, e com esto diceraõ
mais que pera Sua Santidade, e ho Sagrado Collegio dos Cardeaes mui
claramente verem que ElRei D. Diniz nom contrariava taal concessão
por alguma cobiça que tivesse daver hos beens, Lugares, e teerras dos
dictos Templarios, mas que antes hos queria pera serviço de Deos, e
defençaõ, e exalçamento de sua sancta Fee, que soubessem que ho dicto
Rei tinha no seu Regno do Algarve hum Castello mui forte, que diziaõ
Crasto Marim, que era na frontaria dos Mouros Despanha, e Dafriqua,
na quaal Fortaleza se podia fazer novo Convento, e nova Religiaõ, em
que entrassem novos Cavalleiros de Jesu Christo lidadores por
defençaõ da sua sancta Fee, e por seu acrecentamento.
Ho quaal Castello lhe aprazia tirar da Coroa de seu Regno, e dalo de
todo por seu isento aa dicta nova Ordem que se fizesse em que averia
muitos Cavalleiros de continoa, e forçosa resistencia contra hos imigos
da Fee, e que estes beens dos Templarios dividamente se poderiaõ
conceder, e apropriar, e porém pediam ha Sua Santidade em nome
delRei D. Diniz, que assi ho quizesse outorgar, pelo quaal ho Papa, e
Cardeaes vendo ha sancta tenção, e boom dezejo delRei aacerca do
serviço de Deos, e de sua Fee, satisfez em todo ha suas onestas
petiçoens, e ouve por beem de se fazer ha nova Ordem de Cavallaria de
Christo, que agora hee, aa quaal hos dictos beens, e couzas dos dictos
Templarios fossem pera sempre atrebuidas, e que hos Freires della
fizessem sua profissaõ pela Regra, e Estatutos da Ordem de Calatrava,
e que ho Abbade Dalcobaça, que pelo tempo fosse vizitasse esta Ordem;
com outras mais crausulas, e folenidades que nas Bulas da nova
instituiçaõ saõ conteudas, has quaaes hos dictos Procuradores
trouxeram ha ElRei D. Diniz, que era na Villa de Santarem, com que
foi mui alegre.
E ali foi feita, estabelecida, e decrarada ha dicta nova Ordem de Christo,
e foi logo della ho primeiro Mestre D. Frei Gil Martins, que então era
Mestre Daviz, e foi esto feito, e celebrado na dicta Villa de Santarem
no mez de Maio da era de mil trezentos e vinte annos, (1320) avendo
jaa doze annos, que ha dicta Ordem do Templo era jaa destroida por
cobiça do dicto Rei Felippe de França, ha cujas culpas Deos que hee
em todo justo, nom tardou muito com justiça e pena, porque este Rei
Felippe correndo monte ho cavallo em que corria arrastrando como
touro ho matou, e delle ficaraõ tres filhos, e huma filha Dona Isabel, ha
saber ho maior Felippe, e o segundo Luis, e ho menor Carlos, e ha filha
Dona Isabel que cazou com ElRei D. Anrique Dingraterra, hos quaaes
todos morreram sem delles ficar erdeiro de França, e ficou desta vez
estinta ha geraçaõ dos Rex de França, que vieraõ de Ugo Capet.
Nos quaaes annos que ha Ordem de Christo nom foi feita, El-Rei D.
Diniz recolheo pera si has rendas da dicta Ordem do Templo como dice,
e dellas ouve solene quitaçaõ dada, e outorgada pelo dicto novo Mestre
de Christo fundada em razoens que pareciaõ asaas justas, e onestas, e
por compensassaõ desso se deu aa dicta Ordem ho Castello de Crasto
Marim, onde primeiramente foi ordenado ho Convento della, e depois
se mudou aa Villa de Thomar, onde era ho Convento dos do Templo.
Ha quaal Ordem de Christo por proprios Mestes, e com nomes de
Mestres se governou, e regeo atee ho tempo do Ifante D. Anrique, filho
legitimo delRei D. Johaõ deste nome ho primeiro de Portugal, que da
dicta Ordem foi ho primeiro, e perpetuo administrador, ho quaal por
sua singular devaçaõ, e grandeza de animo por nom seer cazado, nem
teer filhos, acrecentou muito na dicta Ordem ha que procurou, que
fossem dadas muitas rendas com jurdiçam do Espiritaal das Ilhas de
Guinee, que elle primeiramente descobrio, e depois ha dicta Ordem em
rendas, e comendas, e jurdiçoens, e em privilegios, e liberdades foi
muito mais ennobrecida, e acrecentada em tempo delRei D. Manuel N.
Senhor, que della tambem por autoridade Apostolica foi perpetuo
Governador ha que creceram reçoens, edeficios, e excellentes
Ornamentos, e novas comendas, e ha vintena das grandes riquezas das
Indias, Arabia, Persia, que elle como Princepe virtuozo, e de grande
animo, novamente mandou descobrir, e achou, como em sua Coronica
mais propria, e largamente hee decrarado.
CAPITULO XVIII
_Da discordia, que ouve antre ElRei D. Dinis, e ho Ifante D. Affonso
seu filho erdeiro, e has causas porque._
Atraaz fica escrito has deficuldades, e trabalhos com que ElRei D.
Diniz cazou o Ifante D. Affonso seu filho, com ha Ifante Dona Breatiz,
filha delRei D. Sancho de Castella, e por lhe teer grande amor, e
afeiçaõ como ha rezaõ requeria, lhe deu
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