Cantos Sagrados | Page 9

Manuel de Arriaga
da Historia:?Apenas em tres seculos de gloria,
Com mil prodigios teus,?Mudas-te totalmente a face ao mundo,?E prop?es-te a fazer o mesmo á alma,?Porque esta, resplendente, justa e calma,
Triumphe á luz dos céus!
Forjou a m?o de Deus no sol teus raios!...?D'ahi todo o esplendor, todo o prestigio?Do teu almo poder! o gr?o prodigio
Das tuas concep??es,?Que em marmore e crystal, em prata e ouro,?E em tellas formossissimas, transmittes?De m?o em m?o, sem conta, e sem limites,
ás novas gera??es!...
Na terra, erma de Luz, Homem surgiste,?Trazendo no teu rubro sangue a Ideia,?A luz que doma o fogo, o apaga, o atêa,
E o faz descer do céu?Humilde como um c?o!... Poder terrivel,?Que Jupiter temeu, quando, iracundo,?Mandou prender, por dar exemplo ao mundo,
Na rocha a Prometteu!...
D'ahi a mola occulta, a for?a ingenita,?A causa porque tu, no ardor da guerra,?Revolves sem cessar o céu, a terra,
A alma e o cora??o,?E fazes e desfazes, sem descan?o,?Systemas, religi?es, philosophias;?Dep?es a Deuses, reis e tiranias,
Em nome da Ras?o!...
Por veres quem tu és e quanto vales:?Das proprias obras faze o claro espelho,?E escreve em face dellas o evangelho
Da nova religi?o,?O authentico, o real, o verdadeiro;?Que em vez do degradado filho d'Eva,?Com ligitimo orgulho a Deus eleva
Tua alma e cora??o!
Senhor das energias infinitas?Do mundo, com que Deus teu pae refor?a?Teu multiplo poder: expulsa a for?a
Que os despotas produz;?Levanta novamente altar e templos?Ao Bello, ao Justo, ao Bem, á Sapiencia,?Afim de que na Terra a Consciencia
Impere em plena luz!
Em vez de For?a, Am?r rege hoje o mundo!...?E Am?r, se toma as normas da Justi?a,?Fará com que, empenhando-te na li?a
D'um ideal melhor:?Flores?am sobre a Terra, em prol de todos,?Honrando a Deus, servindo a Humanidade,?Os sonhos de pureza e de bondade
De Christo, o Redemptor!...
Terás no espa?o os soes por companheiros,?Comtigo permuttando noite e dia,?Na sua eterna e placida harmonia,
Os mil problemas seus!...?D'accordo Deus e a alma, o ceu e a terra:?Verás com resplendor a tua Ideia,?Chamando-a á vida, em tudo onde campe?
O espirito de Deus!
1892.
XVI
á MULHER
Senhor da For?a, nós, o heroe lendario,?Da Terra o domador, o sabio, o forte,?Dir-se-ia que jurámos ante a morte
Guerra d'irm?o a irm?o!...?Mais féros do que os tigres, destruimo-nos?A ferro, a fogo, a polvora, a metralha,?Deixando, pelos campos de batalha,
O sangue, a assola??o!...
Mudou agora o Eterno ao mundo a rota?Que ha seculos trazia,... e novos astros?Despontam no horisonte, e em nossos mastros
Mais rutilos tropheus!...?Em vez da guerra truculenta e impia,?Imp?e-nos por principio a Paz dos Povos,?Que impavidos demandam mundos novos,
Nova luz, novo Deus!...
Fechado para sempre o ferreo cyclo?Da guerra universal, obscuro ber?o?Do velho mundo barbaro, inda immerso
Nas lendas dos heroes:?Compete a Ti, Mulher, filha dilecta?De Deus, c'roar na Terra a grande obra,?Que em fulgido progresso se desdobra,
á clara luz dos soes!...
Miss?o mais nobre á vida humana é dado:?Juntar e repartir de muitos modos,?Por cada um de nós, e em prol de todos,
Do Bem a eterna luz,?Fazendo com que caiam na nossa alma,?Qual chuva em messe loira e movedi?a,?N'uma miss?o d'amor e de Justi?a,
Os sonhos de Jesus!...
Em vez da For?a, Amor rege hoje o mundo!?E amor, tomando as gallas da Belleza,?As normas de Justi?a, a m?e, a deusa
Das novas gera??es:?Ao teu celeste influxo, posto á sombra?Da m?e de todos nós, a _Humanidade_,?A paz será na Terra, e na Verdade
Os nossos cora??es!...
Belleza e Amor, unindo-se, fizeram?Do teu mimoso ser um relicario,?Onde a m?o do divino estatuario
Os sonhos seus guardou!...?D'encantos mil, conjuncto incomparavel!?A Deus já mereceste tal conceito,?Que só do amor divino do teu peito,
A vida confiou!...
Teu lindo rosto, espelho da sua alma,?Transporta-me a ideaes de tal apre?o,?Que em frente d'elle extatico estreme?o,
E ponho-me a scismar:?Se entre as ondas de gra?a e de belleza,?Que lan?am sobre mim seus olhos ternos,?Está ou n?o occulto a bemdizer-nos
De Deus o proprio olhar!...
Tem jus as niveas formas do teu corpo?Ao flácido velludo, á fina seda,?Primor da industria humana que arremeda
As petalas da fl?r!?Rainha! traja mantos d'ouro e purpura,?A doce perl'a, o fulgido brilhante,?E tudo quanto esplendido levante
Na Terra o teu amor!
Amor se symbolisa n'um menino,?Dos ceus gentil e alado mensageiro,?Trazendo atraz de si, como um cordeiro,
Pacifico le?o!?O magico poder que a fera doma,?A for?a de que se arma esse innocente?és tu mulher, e a fera obediente
O nosso cora??o!
Conscia de Ti, das leis da vida, impera!?E aos pés verás as almas subjugadas!?Tem mais poder que o fio das espadas,
Um riso e olhar dos teus!?Que o teu propicio amor, dos ceus oriundo,?Nos doure a vida, a ampare, a dulcifique,?Nos fa?a com que a alma humana fique
Mais proxima de Deus!
1892.
XVII
AOS FILHOS
Trazidos pelo Amor, que por instantes,
O veu ergue á Verdade,?Por nós á luz vieram, quaes prestantes
Pe?es da Humanidade!...
Amor é quem dos ceus nos abre a porta,
Nos deixa vêr o intuito?De Deus na Terra, e a elle nos transporta
Da amante o olhar fortuito!
Em nós n'um sonho lindo tendo origem,
Se o sonho a Deus encerra,?As sabias leis da historia humana exigem,
Que o sonho des?a á Terra!...
Dos paes vingasse o amor, que este o faria
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