de pano piloto, e espera.
Tudo est�� preparado e em via de execu??o para te acudir. Eduardo Coelho e Rio de Carvalho escrevem o hymno e est?o no segundo moteto. O nosso Luiz de Campos prepara versos. Prepararam egualmente versos o nosso Thomaz Ribeiro, o nosso Pinheiro Chagas, o nosso Fernando Caldeira, o nosso Forte Gato, e outros.
�� tal o movimento poetico e o consumo de rimas que escaceam j�� os consoantes para rainha; manda-me pelo telegrapho os que ahi tiveres disponiveis e mais proprios do alto estylo do que _tainha, morrinha, doninha, carapinha, picoinha, espinha, ventoinha, gallinha e mezinha_. Manda tambem para Pia os que poderes obter, menos os que pare?a conterem allus?es irreverentes como _enguia, folia, tosquia, letria, azia, mania e bacia_.
Cada um ajusta ao p�� o patim da caridade e guina para seu lado em arabescos cheios de phantasia e de elegancia: est��-se n'um _skating rink_ de beneficencia para te accudir, meu grande magan?o.
Al��m dos que fazem versos e dos que fazem hymnos, ha sujeitos a quem os teus revezes--t?o lastimados elles s?o!--t��em feito espigar mazurkas e rebentar polkas... de pura d?r.
Entre as modistas tem havido largas discuss?es para se decidir se a caridade se deve fazer com decote ou com vestido afogado. Para os actos de beneficencia diurna t��em-se adoptado geralmente os vestidos de meia caridade, de veludo ou casimira, abotoados. Para os rasgos de beneficencia nocturna as toilettes s?o sempre de grande-caridade, isto ��: decotes quadrados guarnecidos de renda de Bruxellas, toda a cauda, luvas de dez bot?es, e diamantes.
�� indiscriptivel a anima??o ferverosa que reina em todos os sal?es para se tratar de ti. Triplicaram as soir��es n'este inverno e dan?a-se todas as noites com o expresso fim de te favorecer. Tocam-se os lanceiros e fazem-se discursos para te obsequiar.
--Elle geme nas vascas da mais horrorosa agonia!... Chaine anglaise, minha senhora!
--Mas n��s havemos de arrancal-o das fauces da miseria... Sirva-me um gelado!
--Arrancal-o-hemos, ainda que seja a ferros!... De fructa ou de leite, minha senhora?
--Salvemol-o vivo ou morto!... De leite!
��s duas horas ceia, volante ou de bufete, servi?o quente e frio, menu de Baltresqu��.
Um telegramma que chega:--O Inundado est�� com agua pela cinta.
Um sujeito fugindo com um per�� assado:--Vou levar-lhe uma boia!
Uma menina gritando:
--N?o! N?o! n?o o devo consentir! n?o consentirei j��mais que o cora??o generoso d'aquelle que me deu o ser se sacrifique assim, principalmente por um inundado que s�� est�� em perigo--da cinta para baixo! Accudam ao pap��! Subtraiam-lhe essa boia! Subtraiam-lh'a, que lhe vae fazer mal: elle j�� comeu uma!
De rasgos d'estes poderia citar-te centenas.
Restos de velhas edi??es de livros, de polkas, de almanacks, que o consumo do publico se recusou a tragar e que jaziam desde tempos remotos nos archivos de familia dos respectivos autores, acabam de te ser coasagrados e c��em sobre as subscrip??es abertas para te proteger como ben??os dos genios incomprehendidos e olvidados.
A mesma infancia estudiosa abre nas aulas de instruc??o primaria subscrip??es para te acudir, e meninos, que ainda n?o conseguiram penetrar no quadro de honra como sufficientemente fortes em leitura, figuram nas resenhas dos jornaes como bemfeitores dos homens.
N?o sei realmente, querido Inundado, como poder��s agradecer-nos t?o reiterados e t?o grandes beneficios! Como n?o sabes fazer mais nada, espero ao menos quo rezes por n��s. Compenetra-te bem de quanto nos deves, e n?o te esque?as nunca, em primeiro logar de nos pagar as decimas, e em segumdo de nos encommendares a Deus em todas as tuas ora??es de manh? e de tarde para que o Altissimo vele constantemente pelos nossos preciosos e divertidos dias e nos dilate a vida pelos mais longos annos, como desejas e has mister.
N?o te assustes, por quem ��s, com esse passageiro incidente da agua pela cinta. Mantem-te em uma attitude serena e firme. As cheias bolindo-se com ellas ainda enchem mais. Ao passo que, abandonadas a si mesmas, as cheias aborrecem-se e esvasiam. Por tanto deixa obrar a natureza. Logo que o tempo enxugue e os terrenos sequem, socega que irei ver-te. Podes desde j�� preparar a foguetada, o vivorio, e o publico regosijo, para receberes quem �� dev��ras,
Teu amo e protector
O Estado.
P. S. O bom amigo Luiz de Campos recommenda-se-te muito e manda perguntar-te como gostas mais da caridade, se escripta �� latina com _c a, ou �� grega com c h a_.
* * * * *
Diz-se geralmente--e parece-nos util fixar este boato como um symptoma da epoca--que sua magestade a rainha f?ra aconselhada e guiada em todos os tramites da sua interven??o a favor do Inundado por um personagem j�� hoje eminentemente poderoso, mas ao qual os recentes conselhos a sua magestade v?o dar um novo grau de importancia culminante e unica na governa??o publica. Ser�� perfeitamente legitima essa importancia. Se effectivamente houve um homem sufficientemente sagaz para se conservar na sombra e para suggerir a sua magestade a rainha
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