de seus antepassados) esse real jumento ignora completamente os deveres mais rudimentares de um principe para com a sua princeza. E �� para isto que eu tenho tido aqui �� engorda durante quinze annos tres burros de tres mestres!... Ora muito bem: vou deixar-vos a s��s por espa?o de cinco minutos com t?o repulsivo idiota. Se ao cabo de cinco minutos, contados pelo relogio, elle n?o estiver ao facto d'aquillo que todo o homem de barbas na cara deve saber para n?o vir para aqui a estas horas nanar n'uma cadeira, decapito-vos a todos trez esta noite como quem decapita pelo entrudo tres perus gordos e emborrachados!
Uma vez a s��s com o real alumno, os tres pedagogos cahiram em desfeito pranto nos bra?os uns dos outros, porque nenhum d'elles sabia nem se lembrava de haver j��mais lido nos auctores coisa alguma relativa aos deveres mais rudimentares dos principes para com suas princezas.
Quando vossa alteza se dignar de passar um exame sobre esta materia aos seus pedagogos, pedimos, senhor, e ousamos esperar da vossa clemencia, que a pena ultima lhes seja commutada.
Piedade, principe, piedade!
Quer vossa alteza mais provas da desinteressada solicitude com que _As Farpas_ teem sempre velado com diurno e nocturno olho sobre o prestigio de tudo quanto mais directamente se relaciona com a sua pessoa, com a sua familia, com a sua c?rte?...
Compulse vossa alteza essa collec??o immarcescivel e a cada momento encontrar�� n'ella os conselhos mais amigaveis e mais justos, sobre as maneiras, sobre a toilette, sobre a linguagem, sobre a etiqueta do palacio; acerca dos discursos da cor?a, dos uniformes, das libr��s, dos cavallos, das carruagens, dos bailes, dos jantares, das viagens, das ca?adas, das recitas de gala, das revistas militares, etc.
Quem foi que mais ardentemente pugnou para que n?o pegasse a vossa alteza e a seu augusto irm?o a alcunha piegas dos cabe?as louras e dos louras crean?as, que lhes puzeram os notic��aristas?
Quem mais do que n��s se esfor?ou em obstar que sua magestade a rainha cahisse, sob a antonomasia de anjo da caridade, nos logares communs da rhetorica sordida de prociss?o e do fogo preso, de bambolim de murta e de peixe frito?...
N?o faremos a vossa alteza a injuria de o supp?r assaz destituido de bom gosto para n?o comprehender quanto a notoriedade, levada at�� esse ponto de incontinencia, melindra e emurchece aquella delicada e fina flor do recato, que �� a mais bella joia das princezas que bebem silenciosamente e heroicamente a vida na obscuridade inviolavel, como a imperatriz da Allemanha, por exemplo, ou a imperatriz do Brazil.
Por todos estes titulos julgavamos n��s ter a certeza de ser os individuos chamados a acompanhar vossa alteza na sua viagem de instruc??o.
Quando ultimamente lemos nas gazetas os nomes dos snrs Antonio Augusto d'Aguiar e Martens Ferr?o, em vez dos nossos, aquelle que escreve estas linhas telegraphou a E?a de Queiroz nos seguintes termos:
_E?a de Queiroz--Lawrence's Hotel--Cintra. Diga se recebeu rei convite ir extrangeiro principes, e se vae._
E recebemos a seguinte resposta:
_Ramalho Ortig?o--Caetanos--Lisboa. So recebi Alberto Braga convite ir Collares burros, e n?o vou._
Havieis-nos pois lan?ado a ambos ao ostracismo ... Maldi??o e prudencia!
O preclaro major Quillinan, que t?o galhardamente defendeu ha pouco a honra nacional publicando no Morning-Post uma bisca contra o detestavel Brigth, annuncia agora e faz publico que, visto o governo de sua magestade fidellissima n?o haver prestado a considera??o devida ao feito alludido, elle, major Quillinan, n?o mais volver�� a soccorrer-nos nas molestias de Brigth. Brigth tem d'ora avante o rim da gente ��s ordens. Tripudie sobre elle a capricho, que o major Quillinan d�� licen?a! A camara dos commus pode desde hoje beber-nos o sangue �� vontade, que o bebe por conta do lavrador.
Regala-te para ahi, �� vibora sedenta!
N��s por��m, senhor,--como se diz na ?Vie Parisienne?--_n?o somos esse major_.
Vamos pois dar a vossa alteza n'este momento decisivo e solemne os derradeiros conselhos que a nossa dedica??o a vossa alteza nos inspira, para que a todo o tempo se n?o diga que um mesquinho despeito nos reduziu n'esta suprema contingencia a um silencio criminoso, sarocoteando-nos cynicamente no vil mutismo, como dois peixes vermelhos dentro de uma redoma cheia d'agua, emquanto vossa alteza caminha para o abysmo, levado ao extrangeiro, como quem leva uma retorta, pelo nefando chimico snr Antonio Augusto d'Aguiar.
Fomos vilmente preteridos--�� certo--por esse cavalheiro ... Um chimico, senhor! um perfumista desaproveitado! um baldroqueiro de drogas! um troquilha de liquidos de laboratorio, nojosos e pe?onhentos! Al��m d'isso, um gordo descommunal, um gordo inverosimil! um d'estes gordos que n?o passam ��s alfandegas sem que as apalpadeiras venham e lhe ponham o visto! um gordo que vae alarmar a Europa, e que vossa alteza, em justa satisfa??o da curiosidade dos povos, se ha de ver for?ado a exhibir �� avidez do publico na feira de Saint-Cloud ou na feira _au pain d'epices_, a dois
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