Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir | Page 3

Not Available
estás a suar em bica...
--Jesus! que scena! olha se algum visinho vê... que quadro vivo este!
--Estou vendo que o n?o fazem todos! (Amelia geme e suspira, o que faz suspender Carneiro.) Mas emfim, se estás incommodada...
--Incommodada n?o é... mas... estas coisas tocam-me sempre os nervos...
--é a peior coisa que ha, é uma mulher nervosa...
--Sinto n?o sei o que, cá por dentro...
--Isso é agora... o que faria se...
--Sinto um peso...
--Mas em que sitio? (áparte.) Se fosse na barriga...
--Por todo o corpo.
--Elle em alguma parte ha de ser... no peito, na cabe?a, no ventre?
--é ao pé do ventre... n?o me sinto bem, parece-me que vou desmaiar...
--Louvado seja Deus! és muito delicada... sempre perdes as for?as nestas occasi?es!
--Estou como que penetrada por um raio...
--Ent?o vamos para casa.
--N?o, eu vou, fica tu.
--Vamos ambos para a cama.
--Vou-me deitar.
--Deixa-me ir comsigo?
--Eu n?o tenho medo, fique tomando o fresco...
--Mas eu queria-te ir aquecer.
--Eu aque?o bem sem o seu auxilio...
--Isso é birra... eu como marido tenho tambem os meus direitos...
--Mas eu estou doente... sinto agora um calor...
--é febre talvez...
--Por isso mesmo n?o se chegue para mim...
--Vou chamar o medico.
--N?o é preciso. O que elle me receitava, é o que eu vou fazer... dormir um somno longe de meu marido... ámanha tem-me s? como um pero...
--Queira Deus!
--Isto passa em me deixando descan?ar.
--Ent?o n?o queres que vá ao menos ajudar-te a despir?
--Nada, socego é o que eu preciso.
--Mas...
--é verdade n?o me disse hontem que, queria hoje observar o cometa?
--Fazia até ten??o de t'o mostrar...
--Vel-o-hei em sonhos.
--ámanh? será em realidade... n?o é assim meu amor?
--Eu fa?o ideia; é uma coisa muito comprida.
--Qual historia! verás que n?o é t?o grande como julgas... e ent?o visto pelo meu excellente telescopio! Has de ver-lhe toda a cabelleira...
--Como está tolo com o seu telescopio... tambem o primo Montenegro tem um que n?o é dos peores...
--Aposto que n?o tem a grossura do meu!
--Bom, por hoje basta...
--Paciencia, n?o ha remedio: vae-te deitar com Deus, já que n?o póde ser comigo... Se tiveres precis?o de alguma coisa de noite, chama-me... bem sabes como sempre sou prompto em te prestar os meus servi?os, seja a que hora da noite f?r...
--Prompto até de mais! ao menor movimento que fa?o, elle ahi está em cima de mim, a atenazar-me... Mas bem sabe o mal que me faz quando me acorda de noite; é ataque de nervos certo no dia seguinte, e fico mole, amarella, com olheiras...
--Bem, bem, vá descan?ada que lhe n?o interromperei o seu somno.
--Promette-m'o?
--Juro-o.
--Bonito! ent?o boas noites.
--Nem um beijinho me dá!
--Dou, mas com a condi??o de cumprir o seu juramento.
--Qual.
--O de n?o entrar no meu quarto esta noite.
--Está dito.
--Ent?o dê lá o beijo. (Dá-lhe a face a beijar, Carneiro beija-lh'a sofregamente, apertando-lhe ao mesmo tempo a cintura com avidez.)
--Jesus! que cintura t?o elastica!
--Esteja quieto, n?o se adiante! o que me pediu foi um beijo...
Valha-te Deus, menina! Vae-te lan?ar nos bra?os de Morpheu, e pede-lhe uma boa dose de sumo de dormideiras.
--Adeus meu Carneirinho.
--Adeus minha Carneirinha... Olha, deita-te para o lado direito... n?o te ponhas de costas, bem sabes que te faz mal...
--Bem me lembro de hontem á noite...
--é verdade, quando gemeste t?o significativamente, que eu julguei estarias com algum pesadelo...
--Ora! se eu parecia que estava esborrachada... nem respirar podia... estava a sonhar que o tinha em cima de mim...
--E gritava de tal maneira, que eu no quarto contiguo, ouvi e fui acudir... mas felizmente o nosso primo e hospede, Montenegro, já tinha chegado antes de mim...
--Que bom primo que é aquelle rapaz!
--Se o ceu nos désse um filho, estou certo que o estimava...
--Havia de amal-o como se fosse delle proprio...
--Ha-de ser o padrinho do nosso primeiro _néné_...
--Isso tem tempo... ainda eu...
--Louvado seja Deus! muito me tem custado a fazer o tal herdeiro...
--Agora tenho esperan?as que brevemente...
--Sim? oh grande Deus! será possivel?
--Bom, deixe-me ir deitar...
--Vae filha, e dorme bem, eu vou ver se bispo o cometa.
E nisto, depois de acompanhar sua mulher á porta do quarto, voltou logo para o terrado, afim de melhor observar a passagem do astro cabelludo.
Madama Carneira entrou no quarto e ahi encontrou o primo Montenegro, que a esperava para lhe mostrar tambem o cometa com o seu telescopio...
Alguns mezes depois madama Carneira brindava seu marido com o esperado e desejado herdeiro, que tantas fadigas lhe custára...
*A FRANCISCANADA*
CONTO
Que grande franciscanda?Vai fazer com frei Bento?Frei Jo?o e frei Monteiro?P'ra longe do convento?
Bom alforge levam cheio,?Recheiado de finorio?Presunto, e grosso paio,?Furtados no refeitorio.
Frei Bento vai ajoujado?Com tremebunda borracha;?Chega o rancho a uma tasca?Para a horta lá se encaixa.
Frei Jo?o despindo o habito?E de manga arrega?ada?Tempra e meche afor?urado?Um alguidar de salada.
Frei Monteiro pisca o olho?á mo?a, que é rapariga,?E frei Bento sem c'rimonia?Um chouri?o já mastiga.
Voam paios e presuntos?Tal é a gula e a gana,?Torna-se logo a borracha?Em famosa carraspana.
Depois alegres cantando?Lá se v?o abarrotados?Ao convento recolhendo?Pelos muros encostados.
Chama a campa ao refeitorio,?Pois s?o horas de ceiar,?A fradalhada
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 10
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.