du Bocage.
*SONETO.*
Embebido na sólida Verdade, Zombas dos Impios, que sem pejo ou mêdo, Decifr?o de Mysterios o segrêdo; Trévas a nós, e Luz á Eternidade:
Adoras a Suprema Divindade, (Teu futuro Juiz ou tarde ou cêdo) Na fé se adó?a teu remórso azedo, Esp'rando a divinal Tranquillidade.
Loucas Paix?es, que fomentaste outr'hora, (Feiticeiro Manjar dos flóreos annos, Que o Juizo maduro n?o vigóra)
Esses gostos fataes, gostos mundanos, Expiando na dor, que te devora, Ganhas hum Deos, e choras os Profanos.
Joaquim Antonio Soares de Carvalho.
* * * * *
*ELOGIO AO PUBLICO*
Em nome de huma Actriz da Rua dos Condes.
A Musa, que nas Scenas de Ulysséa, N?o sem gloria, ajustava o métro á Lyra, De Elmano o só thesoiro (a Sócia mésta Da quasi muda cinza, aérea sombra) Inda hum salvé tremente á luz envia, E dá versos á Patria, ou dá suspiros, Da nobre Gratid?o pelo org?o puro. Oh Lysia! Escuta os sons, talvez extremos; Que do seio affanoso, a custo, exhála: (O Cysne diviniza os sons da Morte) Ouve, em métro n?o baixo, ouve alto affecto, Que me honra o cora??o, na voz me ferve, E no Patrio favor a ardencia nutre. Recente Arvoresinha em ch?o bravio, De humor celeste definhando á mingoa, (E mimosa jámais de hum Sol fágueiro) Eu para a Terra, para a M?i pendia, Que os succos mesquinhava ao tenro Arbusto, Talvez de produzillo arrependida. Eis bra?o, a que apiedou meu ser já murcho, Me extráhe, propicio, do Terreno avaro, E em liberal torr?o me p?e, me arreiga. Súbito espérta, súbito enverdece A Planta moribunda, e qual sé, ó Lethes, Afferrasse a raiz nas margens tuas, Que das Furias o bafo esteriliza. Influxo animador me altêa, e fólha; Hálito ameno de vivaz Favónio Com macios vaivens me embala os ramos, Flores me adorn?o, fructos me atavi?o: Os sorrisos da Patria, os mimos della Estas boninas s?o, s?o estes fructos. Das trévas, e da Morte as Aves feias, (De atra voz, em que o Fado ás vezes s?a) Fogem d'entorno a mim, carpindo agouros, Nas agras, negras furnas v?o summir-se; E na coma lou?? gorgêa encantos Teu Cantor, Primavéra, o vosso, Amores. Quanto sou, quanto valho, á Lysia devo, E á Lysia o cora??o na voz consagro. Acólhe com ternura, acólhe, ó Patria, As Offrendas por mim do triste Vate, Que para te cantar surgio da Morte, E em ancias balbucía o tom dos Numes: Honra déste ao Cantor, dá honra ao canto.
Bocage
* * * * *
*ODE*
Ao Senhor Manoel Maria Barbosa du Bocage.
Do boto engenho a sequid?o, e a mingoa Suppri, vós Amizade, e sentimento, E a frase ingenua, a Candidez saudosa, Tebêos thesouros valh?o.
Tinta sempre de negro a Fantasia, Em v?o tactêa o vi?o dos Prazeres; As sombras medr?o, desaparece o esmalte Dos Parnásidos sonhos.
Anciado o cora??o, palpita, e pede Amenos quadros, que o vigor lhe abonem; Mas, o seu oppressor, o Pensamento, Se produz, produz lucto,
E como affugentar, banir-lhe as trévas Se de hum, se de outro lado eu sinto, eu vejo Duros arremess?es, pendentes golpes Do meu verdugo, o Fado.
Daqui me aponta a pálida Amizade, O Amigo, o Vate, o Pensador, o Tudo (Socio nas ditas, e nas mágoas socio) Desviado, e penando.
Dalli me punge o indomito Destino: Novo Tantalo eu sou! Vejo a Ventura, Cresce o desejo, esfór?os se redobr?o, Mas n?o posso abrangella.
Impertinentes, faceis Conselheiros, Sizudo Aristocrata me pertendem Systema, e Genio me prohidem; soffro Affanoso contraste.
Nos grilh?es de hum dever, que me flagélla, Nem do meu cora??o disponho livre! Quantas vezes me vês, Amor, oh quantas! Cobi?ar-te, e fugir-te
Na varia compress?o, no cerco infando De Pezar, e Pezar conhe?o o pouco, Que resiste a Raz?o, e quanto, e quanto Filosofia he futil!
A Sensass?o dispotica ensurdece Da s? Prudencia ao madurado Aviso, E contra a innata propens?o dos Entes Politica o que avulta?
Mente quem me disser, que em homens cabe N?o gemer, se Afflic??o irrita, e lacera: N?o mais póde o Atilado, o Sapiente, Que evitar-se ao naufragio.
Eu, que desde a bemvinda Primavera, Em que a Luz da Raz?o dourou meu clima, Tive sempre comigo, e meus Destinos Atinada pelêja.
Votado desde ent?o a Amor, e ás Musas, Filosofo, os espinhos acamando, Horas tenho, assim mesmo, em que a meus olhos A existencia negreja.
Ditoso tempo aquelle, Elmano, o caro, Que em amiga uni?o (volvendo a teia Do Porvir, do passado, e do presente,) Nos davamos constancia!
Ent?o (oh! tempos, que valeis saudades) Amizade interesses enla?ando, Delicias extrahia ás m?os da sorte, Que trovejava inutil.
Ent?o as Nynfas do Pierio esquivo, Com teus Olympios sons extasiadas, Folgav?o de me ver medrado Alumno, Rastear-te, e com gloria.
Ah! bem que nos separa occulta for?a, Inda te segue o socio Pensamento:[1] Se Poder, e Vontade condissessem, Moniz f?ra comtigo.
Menos agros talvez teus dias for?o, E os turvos dias meus, que enlut?o mágoas, Com doce languidez amenizára O Prazer fugidio.
Matiz equivalente a
Continue reading on your phone by scaning this QR Code
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.